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    24 anos do AdoroCinema: Locadoras, streaming, super-heróis e outras grandes mudanças que marcaram o mundo do cinema
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Mais de duas décadas depois, o universo do entretenimento já explora novos cenários.

    É 1º de abril e apesar de muitas pessoas associarem a data apenas ao Dia da Mentira, para nós do AdoroCinema trata-se de uma data comemorativa. Hoje, um dos maiores portais de cinema, TV e cultura pop da América Latina completa 24 anos. Para celebrar essa passagem, a redação fez uma espécie de viagem do tempo ao passado.

    É louvável dizer que esse retrospecto não é tão elaborado quanto o do De Volta Para o Futuro ou tão curioso quanto o que vimos com Wagner Moura em O Homem do Futuro, mas é um olhar efetivo sobre esse quase quarto de século.

    AdoroCinema faz 24 anos hoje e estes são os filmes favoritos da redação; já assistiu a todos?

    O tempo de existência do AdoroCinema é tomado por um período interessante em termos de avanços tecnológicos. Boa parte das experiências voltadas ao audiovisual foram completamente transformadas - e há quem viu o VHS dar lugar aos DVD, que logo tiveram o update do Blu-Ray. Tudo isso até a derrocada das mídias físicas (elas ainda existem, nós sabemos!).

    Foram 24 anos que também moldaram muito do que se conhece hoje como cinema. Muitas franquias tiveram forte presença nos cinemas de todo o mundo, assim como IPs dos anos 1980 e 1990 voltaram com força total a cada nova renovação do calendário de lançamentos. Há também a “manutenção de poder” de aclamados diretores que seguem em atividade até hoje, como também surgiram nomes brilhantes no caminho.

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    São muitas mudanças e, obviamente, não será possível abarcar todas elas, mas fiquem com algumas interessantes transformações do cenário da cultura pop durante os últimos 24 anos. Curioso como essa relação dinâmica entre jornalista e leitor persiste apesar de ter mudado também. Lá em 2000 quem queria ler algo do AdoroCinema precisava estar na frente de um computador e hoje, provavelmente, este texto está na palma de sua mão, por um celular ou tablet. Já pensou em quais novos formatos existirão nas próximas décadas?

    Das locadoras aos serviços de streaming: O Modo como vemos filmes em casa mudou

    CeltStudio/Shutterstock

    Se você é uma pessoa que acompanha o AdoroCinema há pelo menos 15 anos, provavelmente pegou pelo menos um pouco da era das locadoras. Um sucesso comercial em todo o mundo, os estabelecimentos tomados por pôsteres e fitas ou DVDs dos mais variados tipos de filmes eram espaços comuns para cinéfilos de qualquer idade. Esses lugares sobreviveram por muito tempo e provavelmente são pontos de nostalgia para muita gente que adora cinema - e a chegada dos primeiros serviços de streaming mudou essa conversa.

    Em 2000 falar sobre assistir a filmes online, a partir de assinatura ou aluguel, era apenas uma suposição bem otimista do futuro. Primeiramente, a internet não era tão ágil e acessível na época. Indo um pouco mais além, é preciso também pensar na fundação da maior plataforma de streaming do mundo, aquela que moldou a estrutura para as demais. Sim, estamos falando da Netflix.

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    Fundada em 1997, a empresa tornou-se extremamente popular por enviar filmes e discos por correio, tornando a experiência de alugar algo mais prática. O serviço por streaming foi iniciado em 2010 e um ano depois chegou ao Brasil. Em menos de 5 anos em solo nacional, o nome da empresa já era sinônimo do serviço. Nesses últimos 13 anos, as pessoas contam com uma variedade de plataformas, como Max, Disney+, Universal+, Prime Video, Paramount+, Star+, AppleTV+, MUBI, Globoplay, entre outros.

    A maneira como muitos passaram a consumir conteúdo audiovisual foi completamente transformada. Isso afetou a forma de se produzir filmes para TV, séries e, sobretudo, dinamizar a agenda de disponibilização de qualquer grade projeto - do momento que chega às salas de cinema até a data em que estará disponível em algum serviço de streaming.

    Ascensão dos filmes de super-herói

    Marvel Studios

    É impossível lembrar dos últimos 24 anos sem citar a ascensão dos filmes de super-herói. O que muitos chamavam de “gênero” (e não é, né?) sempre fez parte da indústria cinematográfica. Apesar de ter pouco mais de 100 anos, o cinema sempre se beneficiou de outras mídias, principalmente da literatura. Adaptações de grandes obras, quadrinhos e graphic novels são parte essencial de Hollywood e existe um marco muito importante nessa trajetória chamado Universo Cinematográfico da Marvel.

    Obviamente, a DC Comics sempre teve projetos excelentes nas telas, sobretudo com histórias do Batman e do Superman, mas foi a Casa das Ideias que conseguiu replicar a experiência das HQs nas telonas ao apresentar uma única grande história através de pequenos arcos. Hoje sabemos que essa ideia parece fadada ao fracasso, mas de 2008 a 2019, principalmente, os filmes de super-heróis foram um dos maiores tesouros dos grandes estúdios. Retornos bilionários, início de grandes franquias, revelação de atores e diretores primorosos são apenas alguns dos pontos que fizeram parte dessa trajetória.

    Apesar de serem muito bons para a economia cinematográfica, as grandes sagas de super-heróis também são responsáveis por certos vícios narrativos, monopolização do mercado e pela ocupação de projetos vindos de grandes empresas acima de produções independentes. Certo ou errado, longas como X-Men, Homem-Aranha, Batman: O Cavaleiro das Trevas, Os Vingadores, Guerra Infinita, Pantera Negra, Homem-Aranha no Aranhaverso, Capitão América: Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia foram projetos que marcaram estes 24 anos.

    Franquias iniciadas nos últimos 24 anos

    Arte: Pausa Dramática

    Quando falamos em super-heróis, logo nos direcionamos para outro ponto constante nas salas de cinema: adaptações e franquias. Em 24 anos, muitas IPs surgiram, fizeram um sucesso tremendo e foram esquecidas após um último filme ruim ou apenas um encerramento decente.

    Aqui, vamos citar algumas das principais sagas que conquistaram fãs no planeta inteiro e, apesar disso, já fazem parte de um “longínquo passado”, principalmente quando pensamos em como o tempo passa rápido e existe um excesso de produções chegando aos cinemas e aos serviços de streaming mensalmente.

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    No começo dos anos 2000 não se falava em outra coisa senão Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Shrek, Piratas do Caribe, Todo Mundo em Pânico, Jogos Mortais e Velozes e Furiosos. Nos anos seguintes deste começo de século, franquias como Atividade Paranormal, Transformers, Crepúsculo, Batman (Christopher Nolan) e todos os universo cinematográficos da Marvel e da DC conquistaram as maiores audiências do período.

    Nos últimos anos também tivemos o retorno de grandes propriedades intelectuais do passado. Não poderíamos deixar de citar as novas aventuras de Star Wars, Star Trek, Jurassic Park, Os Caça-Fantasmas, Blade Runner, 007, Mad Max e Top Gun. Existe um espaço especial para filmes de terror que fizeram o seu comeback (alguns muito bons e outros nem tanto), como Pânico, Sexta-Feira 13, A Morte do Demônio, Halloween e Chucky.

    Diretores importantes que lançaram filmes nesse período

    IMDb

    Os últimos 24 anos também foram palco de muitos realizadores fantásticos. Foi um período de grandes trabalhos para os principais nomes da indústria cinematográfica. Apenas para citar alguns, temos trabalhos excelentes de Martin Scorsese, como Assassinos da Lua das Flores, Os Infiltrados e Ilha do Medo. Outro diretor que teve boas experiências com o público foi Guillermo del Toro, que lançou obras fascinantes como Pinóquio, A Forma da Água e O Labirinto do Fauno, sem contar as suas elogiadas adaptações de Blade e Hellboy.

    Steven Spielberg passou tanto pela obra semi biográfica, Os Fabelmans, como ofereceu o melhor do sci-fi com A.I.: Inteligência Artificial. Isso sem esquecer de uma das "trincas" mais bem-sucedidas do cinema contemporâneo: Prenda-Me Se For Capaz, O Terminal e Guerra dos Mundos, lançados praticamente em sequência entre 2002 e 2005.

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    Sofia Coppola foi responsável por emocionar muita gente nesses 24 anos. No período, dirigiu longas como Encontros e Desencontros, Maria Antonieta e o mais recente Priscilla. A cineasta também se dedicou a videoclipes e chegou a trabalhar com bandas como Phoenix e The White Stripes.

    Outro nome que não poderia faltar é Quentin Tarantino, que se superou filme após filme ao apresentar narrativas singulares e viscerais como ninguém. É preciso mencionar o lançamento de Era Uma Vez em... Hollywood, Os Oito Odiados, Django Livre, Bastardos Inglórios e Kill Bill: Volume 1 e Volume 2 em sua ótima filmografia.

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    Aqui no Brasil, Kleber Mendonça Filho apresentou obras intensas que se comunicaram com o público em diferentes camadas. Para além do hit Bacurau, o realizador tem O Som ao Redor, Aquarius e Retratos Fantasmas como filmes que se conectam principalmente com questões sociais e políticas do país, sem nunca perder a graça em fazer cinema. Anna Muylaert também é uma das cineastas brasileiras com projetos potentes nesses 24 anos, dos quais podemos citar Mãe Só Há Uma, Que Horas Ela Volta? e Durval Discos.

    Existem outros grandes nomes que precisam, ao menos, de uma menção sobre a produção nesse período, como Spike Lee, Pedro Almodóvar, Jane Campion, Laís Bodanzky, Clint Eastwood, Peter Jackson, James Cameron, Agnès Varda, Fernando Meirelles, Walter Salles, Hector Babenco, José Padilha, entre outros.

    Por fim, não podemos deixar de falar sobre aqueles que começaram seus trabalhos nestas últimas décadas e são, hoje, essenciais não apenas na produção de ótimos filmes, mas também são responsáveis por diversificar narrativas dentro da sétima arte. Podemos mencionar Jordan Peele, Greta Gerwig, Ava DuVernay, Céline Sciamma, Nia DaCosta, Celine Song, Justine Triet, Gabriel Martins, Ryan Coogler, Barry Jenkins, Viviane Ferreira e muitos outros.

    Diversidade

    Robyn Beck/AFP

    Não é novidade para ninguém que a produção cinematográfica requer um alto nível aquisitivo para que projetos saiam do papel e ganhem telonas e telinhas mundo afora. Da mesma forma, a sétima arte sempre foi tomada pelo mesmo perfil de pessoas durante boa parte de sua história. Principalmente através de iniciativas independentes lideradas por talentosos artistas e reivindicações sociais, as pessoas que constroem o cinema estão cada vez mais diversas.

    De pontos importantes que podemos citar dentro destes 24 anos, os movimentos Me Too e Oscars So White. O levante #OscarsSoWhite impulsionado pela comunicadora April Reign, em 2015, questionava a falta de pessoas negras ou não brancas indicadas ao Oscar. Dois anos depois, o Me Too fez com que Hollywood se voltasse à presença das mulheres nas telas e fora delas, a partir de conturbados bastidores, recheados de denúncias de assédio e ações guiadas pelo machismo.

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    E por qual motivo essas reivindicações surgiram ao longo dos últimos anos? Por que? Pois seguindo importantes mudanças da sociedade, principalmente de cunho identitário, a competição pela estatueta de ouro também precisou se atualizar - trata-se de um pedido tanto do público cinéfilo que acompanha anualmente as movimentações do cinema, quanto de profissionais envolvidos nas diversas estruturas da indústria cinematográfica.

    Esses são apenas dois dos movimentos que foram impulsionados pela falta de representatividade no Oscar, mas que refletiram diretamente no restante da indústria. Ainda existem muitos passos a serem dados, mas pode-se dizer que houve um avanço considerável em termos de diversidade nos cinemas ao longo das últimas duas décadas.

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