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    Ghostbusters – Mais Além
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Ghostbusters – Mais Além

    Caçar fantasmas é negócio de família

    por Katiúscia Vianna

    Hollywood não sabe abrir mão de um sucesso. Ou realmente ama uma nostalgia. Estamos vendo clássicos ganhando continuações tardias, desde dramas como Matrix 4 até comédias como Um Príncipe em Nova York 2. Quem também entrou para tal moda foi Os Caça-Fantasmas, mas não é a primeira vez que isso acontece. Depois de dois filmes e até desenho animado, a franquia ganhou um reboot feminino que não foi bem recebido em 2016. A partir disso, parecia que tal saga estava enterrada, até que um legado familiar trouxe esse mundo de volta para as telonas. 

    Ghostbusters - Mais Além conta com direção de Jason Reitman (Juno, Amor Sem Escalas), que é filho de Ivan Reitman, responsável por comandar os dois primeiros longas de Os Caça-Fantasmas e retorna como produtor dessa nova produção. Mas o legado também aparece na trama em frente às câmeras. Ao contrário de outras produções da moda de revivals, o filme apresenta uma nova geração de jovens e adultos que irão se aventurar nesse universo. Sim, o elenco original aparece, mas não da forma como seria esperado.

    Qual é a história de Ghostbusters - Mais Além?

    A trama de Ghostbusters - Afterlife (no original) acompanha Callie (Carrie Coon), uma mãe solteira com problemas financeiros, que precisa se mudar com os filhos para a fazenda de seu pai distante, que acaba de falecer, numa pequena cidade de Oklahoma. Os jovens são Trevor (Finn Wolfhard), um típico adolescente temperamental, e Phoebe (Mckenna Grace), uma menina muito esperta, porém meio solitária.

    E é justamente a caçula que descobre um grande segredo de seu avô (cuja identidade segue como mistério por boa parte do filme) e precisa cumprir sua última missão — que envolve fantasmas, demônios e outras figuras sobrenaturais. Para isso, Phoebe vai precisar de ajuda, então a história acrescenta um novo amigo, que gosta de ser chamado de Podcast (Logan Kim), sendo fã teorias da conspiração... e podcasts, é claro.

    A narrativa ainda tem espaço para seu professor, Mr. Grooberson (Paul Rudd), que os apresenta para a mitologia dos Caça-Fantasmas e estuda atividades estranhas em sua cidade. Por outro lado, Trevor se encanta por uma adolescente um pouco mais velha, Lucky (Celeste O'Connor), que também se envolve nessa confusão. 

    Mais Além é uma carta de amor para Os Caça-Fantasmas

    Somente com a sinopse, Mais Além parece ser um reboot, mas trata-se de uma continuação ambientada no universo Ghostbusters. E seu grande trunfo é conseguir equilibrar os dois lados da moeda. Ao mesmo tempo que apresenta uma aventura nova com personagens cativantes, traz uma boa dose de nostalgia num filme que é, claramente, uma carta de amor ao longa original de 1984. Mas isso é feito de uma forma que não prejudica quem nunca assistiu Os Caça-Fantasmas, pois dá para curtir o filme de boas.

    (Curiosidade 1: Por exemplo, a autora dessa crítica só viu Os Caça-Fantasmas umas duas vezes em seus 28 anos de vida, então conseguiu pegar somente as maiores referências, mas teve uma experiência bem agradável vendo o longa. Paralelamente, quanto mais pesquisava, mais percebia camadas na produção.)

    Claro, é uma experiência diferente se você é fã da franquia, pois vai perceber a riqueza de easter-eggs na construção da história. Surge um outro tipo de reação quando Phoebe usa a Mochila de Prótons pela primeira vez (mesmo que ele tenha metade do tamanho da menina) ou quando Trevor encontra o carro Ecto-1. Sem falar na volta do monstro de marshmallow em sua versão mini - numa quantidade absurda de bichinhos que remete a popularidade dos Minions. Só que a nostalgia é principalmente sentida quando revelada a conexão dos irmãos com os Caça-Fantasmas originais. 

    Muito foi debatido sobre como fazer Os Caça-Fantasmas 3, principalmente após a morte de Harold Ramis, o intérprete de Egon Spengler, vítima de uma doença rara em 2014, aos 69 anos. Afinal, como continuar sem um dos nomes principais da história? A boa sacada de Mais Além é que o filme se torna uma homenagem para o saudoso ator e cineasta, surgindo com uma forma inteligente de inseri-lo na história. Assim, quando o trio principal retorna, só ressalta sua importância ali, enquanto também alimenta o saudosismo do público.

    (Curiosidade 2: Quando o AdoroCinema conferiu o longa numa sessão especial para jornalistas, algumas pessoas aplaudiam a resolução do terceiro ato. Também foi possível ver gente chorando dentro daquela sala de cinema, enquanto tiravam fotos com o cartaz do longa.)

    McKenna Grace é uma estrela de Hollywood em ascensão

    Outro acerto de Afterlife é contar com um bom elenco, dando destaque para os carismas de seus talentos jovens. Já os adultos, não tinha como errar né? Todo mundo sabe como Paul Rudd pode ser o cara mais divertido da festa, enquanto Carrie Coon arrasa desde The Leftovers, trazendo muita vulnerabilidade e simpatia para Callie. Mas devemos parar e apreciar como Mckenna Grace é uma estrela em ascensão. 

    Estamos acostumados a vê-la como as versões jovens de outras personagens - vide Capitã MarvelA Maldição da Residência Hill e até mesmo O Mundo Sombrio de Sabrina. Mas aqui ela abraça um papel completamente diferente e assegura o posto de protagonista, lidando com comédia, drama e ficção científica ao mesmo tempo. É impossível não torcer para sua Phoebe (apesar do roteiro não deixar claro se ela está no espectro do autismo, o que seria um grande passo pra representatividade) e dá para ter certeza que Mckenna Grace terá um caminho longo pela frente em Hollywood.

    Ghosbusters - Afterlife surge como mais uma prova inegável que vivemos numa era de nostalgia - basta ver a ambientação do outro grande trabalho de sucesso de Finn Wolfhard, Stranger Things. O uso de efeitos similares àqueles utilizados na década de 80 é uma escolha definitiva de Jason Reitman, tentando sempre retomar o clima de Os Caça-Fantasmas. Só que Mais Além se destaca por trazer algo nunca visto antes na franquia: emoção. Antes, o investimento ficava no humor, mas aqui vira uma aventura sobre família (abre o olho Vin Diesel em Velozes & Furiosos, tem concorrência vindo aí). Só que, por um acaso, tem mini monstrinhos de marshmallow ali no meio.

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