Sobre CORRA, o que eu poderia dizer, por hora, é que se trata de filme que exige grande reflexão pois, ao mesmo tempo que a nossa reação imediata é dizer que é "um filme sobre racismo", esta análise seria rasa, porque ele é muito mais do que isso! Não se esqueçam que a família que implementa a experiência "coagula" (de troca de cérebros) se declara eleitora de Barack Obama e o pai diz textualmente que se houvesse a possibilidade de um terceiro mandato, ele votaria novamente no Obama! São complexas questões sociais (pobres x ricos), políticas (democratas x republicanos), econômicas (valor da vida humana, como os ricos conseguem tudo o que querem, etc) e existenciais (ética, moral) que se cruzam e se entrelaçam.
O conceito de "justiça" está atrelado ao de "vingança" todo o tempo. Basta dizer que o avô Armitage, criador do método "coagula", através do qual cérebros de pessoas brancas são colocados em corpos de pessoas negras, seria suposto "corredor" da "Olimpíada de Hitler" (Berlim, 1936) e teria sido o segundo colocado na prova de corrida, vencida por um negro estadunidense, Jesse Owens, que ganhou 4 medalhas: venceu as provas de salto em distância, 100 m, 200 m e revezamento 4x100 m rasos. O "coagula" aparece assim não apenas como uma "vingança" dos brancos, mas uma forma de reafirmar em definitivo sua superioridade, já que eles passam a ser o cérebro pensante que comanda o corpo, meramente executor, dos negros
e, neste sentido, não há quem não adore o final do filme, com a maneira com que toda a família nazista e eugenista é eliminada!