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    Dia da Consciência Negra: Filmes e séries que celebram a representatividade

    Obras incríveis que todos precisam conhecer!

    Um importante dia para a comunidade negra brasileira, hoje celebramos o Dia da Consciência Negra. Para isso, o AdoroCinema juntou uma lista com diversos filmes e séries que contam histórias de negros, por negros, dando espaço na mídia para que este grupo - que ainda é extremamente marginalizado -, tenha suas histórias contadas. Apesar da indústria do entretenimento ainda ter muito caminho pela frante quando falamos de representatividade, hoje temos mais produções comandadas por negros do que nunca. Confira a lista com alguns dos melhores filmes, séries e artistas que estão contando suas histórias.

    Fruitvale Station

    Abrimos a lista com as obras do diretor Ryan Coogler. Em sua estreia nos cinemas ele trouxe Fruitvale Station - A Última Parada, baseado no assassinato de Oscar Grant III na virada de ano de 2008 para 2009. Estrelado por Michael B. Jordan - que participa de todos os filmes dirigidos pelo cineasta até agora -, o longa também foi a grande estreia do ator nos cinemas. Uma história que provoca não só sentimentos de tristeza mas também de raiva e impotência, a injustiça corriqueira que a comunidade negra sofre é apresentada em uma só história, que também é a história de tantas outras pessoas.

    Coogler, que foca seus projetos na representação dos negros em diferentes cenários, também é o nome por trás de Creed: Nascido para Lutar, o spin-off da franquia Rocky, e de um dos maiores sucessos do Universo Cinematográfico Marvel, Pantera Negra. O primeiro filme de super-herói a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme conta com um elenco majoritariamente negro - excluindo as participações de Martin FreemanAndy Serkis -, apresenta novos heróis que continuarão a história da franquia mais popular do mundo, além de conseguir o feito de trazer um vilão que o público consegue se identificar.

    Corra!

    Os filmes de terror que pararam a internet após seus devidos lançamentos, Corra!Nós vêm da brilhante mente de Jordan Peele, que até então era conhecido como um comediante. Em seu primeiro longa como diretor, ele traz o terror psicológico Corra! - estrelado por Daniel KaluuyaAllison Williams -, em uma história que quebra estereótipos normalmente apresentados em filmes com personagens protagonistas negros, como “o salvador branco”. Começando de forma sutil, o filme discute racismo desde sua forma mais ordinária a mais extrema, com o personagem de Kaluuya como o foco principal. Após o imenso sucesso do filme - que até rendeu uma estatueta do Oscar para Peele por seu roteiro -, o cineasta partiu para seu próximo projeto, quebrando mais uma barreira do gênero de terror.

    Em Nós, ele apresenta ao público uma família negra de férias, que é aterrorizada por seus clones malignos. Desta vez com um elenco majoritariamente negro (contando com Lupita Nyong’o e Winston Duke), o longa não chega tão perto de discussões política-sociais, mas a mistura de convenções de terror que têm por trás um quê filosófico muito maior. A constante questão do real e imaginário, verdadeiro ou falso e como esta dicotomia separa e ao mesmo tempo une os personagens principais e suas sombras. Um filme considerado “de arte” que chegou às massas graças ao sucesso de Corra!, ele é um passo à frente do que Peele já havia feito - e um gostinho do que ele pode vir a trazer no futuro.

    Olhos que Condenam

    A história dos cinco adolescentes que foram condenados injustamente por um crime que não cometeram, Olhos que Condenam é uma daquelas obras que evoca tantas emoções ruins dentro de você que tudo que sobra é um vazio. Com apenas quatro episódios, a minissérie escrita e dirigida por Ava DuVernay conta detalhadamente a jornada dos cinco jovens que estavam no lugar errado, na hora errada, e por conta de sua cor foram condenados a anos na cadeia. Kevin Richardson, Antron McCray, Yusef Salaam e Raymond Santana Jr passaram anos na detenção juvenil, uma vez que foram condenados durante a adolescência. Suas jornadas são contadas durante os três primeiros episódios, desde seu aprisionamento até sua volta a sociedade, e como a injustiça cometida com eles foi tão acabou com suas chances de alcançar a vida e sonhos que tinham quando jovens.

    O quinto menino, Korey Wise (interpretado perfeitamente por Jharrel Jerome, que levou o Emmy para casa por sua interpretação), era o único com mais de 16 anos, logo o único a ir direto para uma penitenciária. Seu sofrimento e os longos anos de violência e abuso físico e mental que sofreu são os momentos mais difíceis - e importantes -, de assistir. Olhos que Condenam mostrou como o preconceito e o sistema judiciário falham diariamente com os membros da comunidade negra, uma vez que estes meninos - apenas meninos - ficaram presos e isolados da sociedade de 7 a 13 anos, dependendo do caso. Duvernay conta esta história de forma exemplar, abrindo para o mundo todo a forma como os negros norte-americanos são tratados pelo governo dos Estados Unidos. Antes de Olhos que Condenam, ela lançou o documentário A 13ª Emenda, que conta como o racismo no país é institucionalizado, e que a lei e a mídia mudam e ajeitam suas histórias para que os negros sejam sempre vistos como menos, como criminosos perigosos.

    Atlanta

    Donald Glover. Um dos maiores talentos deste século, o ator, cantor, roteirista e diretor não poderia faltar na lista. Conhecido inicialmente por seu papel em Community, ele explodiu em 2015 quando lançou Atlanta. A série criada e estrelada por ele é uma visão única das dificuldades da vida de um homem tentando se inserir na indústria da música - enquanto tem que lidar com pobreza, preconceito, racismo, paternidade e as normas e regras sociais e econômicas. Ao lado de Brian Tyree Henry e Lakeith Stanfield, Glover conseguiu trazer às telas aquela mistura perfeita de drama e comédia que consegue te fazer rir, mas também te deixa triste e desconfortável. Com uma sala de roteiristas composta inteiramente por profissionais negros, Glover consegue trazer diversas personalidades diferentes com uma coisa que une todos: a experiência de ser negro em uma sociedade comandada por brancos. Diversos destes profissionais colaboram com o cineasta em outros projetos, como seu primeiro filme, Guava Island (que tem a participação de Rihanna), e seu clipe - assinado por seu nome artístico Childish Gambino -, This Is America.

    Moonlight: Sob a Luz do Luar

    Vencedor do Oscar, Moonlight: Sob a Luz do Luar é um dos filmes mais bonitos dos últimos anos. O estudo de personagem de Barry Jenkins, é dividido em três partes para contar a história de um homem negro que mora na periferia de Miami, abordando sexualidade, criminalidade e as dificuldades em um indivíduo de crescer nas condições que o mundo lhe apresenta. Little, Chiron e Black são a mesma pessoa, em diferentes momentos da sua vida - interpretados por Alex R. HibbertAshton Sanders e Trevante Rhodes. Criança, adolescente e adulto, o filme mostra como alguns momentos da vida conseguem mudar uma pessoa, como pessoas importantes podem influenciar sua forma de ver o mundo e experiências ajudam a montar aquilo que você vai ser quando adulto. Abusado, inseguro, sensível e gay, Chiron é a representação de milhares de jovens negros de pobres ao redor do mundo, que não sentem que se encaixam.

    Brilhante, impactante e de uma beleza única, Moonlight foi o primeiro longa que Jenkins comandou, e estas características retornam em seu segundo filme, Se a Rua Beale Falasse. Baseado no livro de James Baldwin, o romance acompanha a jornada dos jovens apaixonados Tish e Fonny, interpretados por KiKi LayneStephan James respectivamente. Suas vidas são interrompidas quando Fonny é acusado e preso pelo estupro de uma mulher branca, mesmo nunca tendo visto a mulher, ou estado perto da cena do crime. Taxado como criminoso pela cor de sua pele, ele permanece na cadeira enquanto sua namorada e família tentam de tudo para inocentá-lo. Grávida, Tish conta com o apoio de sua mãe - vivida por Regina King, premiada por sua interpretação -, para conseguir a liberdade de Fonny, mas o sistema não está do seu lado. Íntimo, Se a Rua Beale Falasse pode se passar na década de 1970, mas é uma trágica história de amor que ainda é muito mais constante do que se imagina.

    Pose

    Em Nova York durante a década de 1980 é onde Pose se passa. Relatando sobre a experiência afro-americana e latina LGBT da cultura de baile, a série quebrou barreiras da televisão, celebrando artistas gays, transsexuais, não-binários, negros e latinos como os protagonistas, tanto os personagens, quanto os atores. Criada por Ryan Murphy, a história acompanha a Casa Evangelista - comandada por Blanca Evangelista, interpretada por MJ Rodriguez -, e seus moradores. Ela inicia a casa após seu diagnosticada como soropositivo, e começa a abrigar e criar sua própria família para outras pessoas marginalizadas pela sociedade.

    Abrindo as portas para a pertinente discussão, Pose nos trouxe algumas das personalidades mais icônicas do ano, como Billy Porter, e mostrar claramente o problema que Hollywood e a indústria do entretenimento tem com representatividade. Considerada uma das melhores produções do ano, a série não só lida com segmentos da comunidade LGBT, negra e latina que é muito pouco vista na televisão ou no cinema, mas também faz certo, escalando pessoas que fazem parte destas comunidades, e tentando de forma honesta dar espaço e voz para um grupo que por tanto tempo - e até hoje -, é extremamente marginalizado.

    Homecoming

    O documentário que parou a internet este ano, Homecoming mostra os bastidores da apresentação da lendária cantora Beyoncé no festival de música Coachella. A primeira mulher negra a ser a atração principal do festival, a cantora passou meses em preparação, contratando dançarinos e músicos negros, para que “todo mundo possa se sentir representado naquele palco”. Além dos ensaios, ela abre um pouco as portas para sua própria dificuldade, já que tinha acabado de ter filhos gêmeos. A apresentação, que é de cair o queixo, ainda conta com a participação especial de seu marido Jay-Z, irmã Solange e antigas parceiras de grupo Kelly Rowland e Michelle Williams.

    O palco de um dos maiores festivais do mundo, estrelado pela maior cantora do mundo, e todo mundo se apresentando são negros. Durante o filme, há pedaços de discursos e falas de importantes personalidades da história negra nos Estados Unidos, entre elas, Nina Simone. Conhecida como a rainha do soul, a cantora, compositora, pianista e ativista dos direitos civis também tem um premiado documentário, What Happened, Miss Simone?. Nele, imagens de arquivos nunca vistos e entrevistas com sua filha e amigos montam a trajetória de sua vida, desde seu tempo como ativista nos Estados Unidos e seu período morando na Libéria. Impactante e comovente, o documentário mostra quem realmente era a cantora, e o que suas ações e escolhas contra o governo e a favor de sua cultura mudaram na sua vida, enquanto era celebrada como uma das maiores cantoras da sua época.

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