25 anos do AdoroCinema: Streaming, redes sociais, ascensão das comédias românticas e outras mudanças que marcaram o mundo do cinema
Maria Santos
Maria Clara decidiu estudar audiovisual para juntar o melhor de todos os mundos. Apaixonada pelo cinema independente e também pelos famosos filmes da sessão da tarde, não dispensa indicações e nem julga um filme pela sinopse.

O que mudou e o que permaneceu nos últimos 25 anos do cinema e da comunicação? Relembre conosco!

Mais um mês de abril chega e, com ele, o AdoroCinema sopra as velinhas novamente. Desta vez, estamos comemorando um quarto de século! Ou, para ser menos dramático, 25 anos de história. Foi nos anos 2000 que o site nasceu e, desde então, tornou-se uma das maiores referências em entretenimento e um dos principais portais de notícias sobre cinema da América Latina.

Mas, ao longo dessa trajetória, muita coisa mudou. Tanto nossos leitores mais antigos, quanto a equipe da redação acompanharam transformações gigantescas – algumas drásticas, outras mais sutis – no mundo do cinema. Afinal, simplesmente vimos a história ser feita com o Brasil levando um Oscar e conquistando cada vez mais espaço no cenário internacional.

AdoroCinema faz 25 anos: O melhor filme de cada ano, segundo os nossos leitores

Agora, um teste para sua memória: o que você estava fazendo há 25 anos? Talvez torcendo por O Tigre e o Dragão no Oscar, ou aguardando ansiosamente para os lançamentos de Harry Potter ou O Senhor dos Anéis? Ou, como quem escreve, estava prestes a surgir no mundo?

Se hoje esperamos novidades sobre o elenco da nova série de Harry Potter na HBO Max, nos anos 2000, uma geração de fãs contava os dias para o lançamento do primeiro filme nos cinemas. Pois é, tempos diferentes...

Como era o mundo da comunicação nos anos 2000?

Dimension Films

Nos anos 2000, a comunicação já estava em transformação. A internet (discada!) estava em ascensão pelo globo, mas ninguém imaginava o que viria pela frente. Celulares ainda serviam mais para SMS do que para navegar na web, e as redes sociais da vez eram o Orkut e o MySpace. Para conversar online, o MSN Messenger reinava, com status criativos e winks que mais assustavam do que divertiam.

Assistir a filmes era outra história. Streaming? Nem em sonho! Quem queria ver os lançamentos precisava ir ao cinema, alugar na locadora ou esperar uma eternidade para passar na TV. E quando finalmente rolava na Sessão da Tarde, era um evento – afinal, ver Esqueceram de Mim pela vigésima vez ainda não cansou.

Falando em TV, a programação nacional estava em alta. Novelas como O Clone e A Favorita conquistavam o público, e programas de auditório, como os do Gugu e do Faustão, dominavam os domingos. Foi também nessa década que o Big Brother Brasil estreou, iniciando uma tradição de tretas e memes que perdura até hoje e incentivando o consumo de reality shows entre a população brasileira.

O cinema nos anos 2000: De clássicos nacionais à ascensão das comédias românticas

O2 Filmes

Os anos 2000 foram marcados por transformações no cinema, impulsionadas por avanços tecnológicos e mudanças no consumo de filmes. As franquias e os blockbusters cresceram, com sagas como Harry Potter, O Senhor dos Anéis e Homem-Aranha dominando as bilheterias.

A era dos super-heróis começou a ganhar força, especialmente com o primeiro filme da trilogia de Christopher Nolan, Batman Begins e o pontapé inicial do MCU em 2008, com Homem de Ferro - tempos melhores que não voltam mais.

O cinema digital se consolidou, substituindo a película pelo formato digital. James Cameron revolucionou a indústria com Avatar, popularizando o 3D e expandindo os limites dos efeitos visuais. No Brasil, o cinema também viveu uma fase de renovação, com o sucesso de filmes como Tropa de Elite, de José Padilha e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, que conquistou seu espaço na indústria cinematográfica internacional como um dos melhores filmes feitos nos últimos anos.

Christopher Nolan deve recriar uma das cidades mais famosas da história da humanidade para seu novo épico de aventura

Por outro lado, as comédias românticas também brilharam nas telonas, com títulos como O Amor Não Tira Férias, Como Perder um Homem em 10 Dias e Casamento Grego. Atrizes como Julia Roberts, Sandra Bullock e Jennifer Aniston se firmaram como grandes estrelas do gênero, estrelando sucessos como Closer, A Proposta e Separados pelo Casamento. Em solo nacional, o gênero também teve destaque com Se Eu Fosse Você, de Daniel Filho, e Lisbela e o Prisioneiro, de Guel Arraes.

O terror viveu uma nova fase com o inicio da franquia de Jogos Mortais e o boom do found footage com Atividade Paranormal e a franquia [REC]. Já o cinema independente ganhou força com Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e Pequena Miss Sunshine. No Brasil, diretores como Cláudio Assis e Karim Aïnouz começaram a ganhar notoriedade com suas obras Amarelo Manga e O Céu de Suely.

Os romances adolescentes também marcaram a década, com filmes como Crepúsculo, que deu início a uma febre mundial, Querido John e A Última Música, baseado nos livros de Nicholas Sparks.

Por fim, é certo dizer que Hollywood apostou pesado em efeitos especiais e franquias, moldando a indústria como a conhecemos hoje, mas também foi um momento transitório para produções de baixo orçamento e experimentais encontrarem seu espaço no mercado.

O que mudou de lá para cá?

reprodução / Arquivo União / Netflix

Se antes ir até a locadora era um dos programas mais esperados no fim de semana, hoje basta abrir o streaming e maratonar tudo de uma vez. Aliás, o conceito de "maratonar" nem existia, já que os episódios das séries eram lançados semanalmente na TV – alguns serviços de streaming ainda mantêm essa tradição, mas nem todo fã aprova.

E falando em séries, quem imaginaria que hoje estaríamos discutindo os lançamentos e curiosidades das produções enquanto rolamos o feed do TikTok? As redes sociais revolucionaram o consumo de entretenimento - muitas pessoas simplesmente assistem seus filmes e séries favoritos através de cortes na popular plataforma chinesa.

O Orkut abriu espaço ao Instagram e ao Twitter (ou X?), e as discussões sobre filmes e séries nunca foram tão rápidas. Se antes as críticas saíam no jornal do dia seguinte, agora as primeiras impressões surgem no Twitter minutos após a estreia – assim como os spoilers, infelizmente.

Os filmes também mudaram. O streaming reformulou a produção e distribuição, os efeitos especiais evoluíram absurdamente, e o gosto do público se transformou. As franquias dominam Hollywood, enquanto as comédias românticas perderam espaço nas telonas e migraram para o digital.

Inteligência artificial e os impactos na indústria

Chris Pizzello/AP Photo

Nos últimos anos, a inteligência artificial tem sido um dos temas mais discutidos no cinema. No Oscar de 2024, o assunto esteve em alta, especialmente com debates sobre o uso de IA em efeitos visuais, dublagem e até roteiro.

A greve dos sindicatos de atores e roteiristas em Hollywood durante o ano de 2023 reforçou a preocupação com o impacto da tecnologia na criatividade e nos direitos trabalhistas. Enquanto alguns diretores enxergam a IA como uma ferramenta promissora, outros temem a substituição do talento humano por algoritmos. Apesar da grande repercussão sabemos que essa discussão está longe de acabar.

Diretores que marcaram os últimos 25 anos

Warner Bros.

Apesar de todas as mudanças, alguns diretores deixaram uma marca inesquecível no cinema. Christopher Nolan é um dos grandes nomes para se falar do gênero de ação e ficção científica com A Origem e Interestelar, além de redefinir os filmes de super-heróis com sua trilogia O Cavaleiro das Trevas, baseado nas histórias da DC.

Quentin Tarantino seguiu encantando com seu estilo único, entregando Bastardos Inglórios e Era Uma Vez em... Hollywood. Greta Gerwig se destacou no cinema contemporâneo com Lady Bird, Adoráveis Mulheres e o fenômeno Barbie. Já Denis Villeneuve trouxe uma nova grandiosidade à ficção científica com A Chegada, Blade Runner 2049 e Duna.

Se você pausar Interestelar neste exato momento, vai ver um detalhe emocionante que melhora ainda mais a ficção científica de Christopher Nolan

O cinema asiático também encontrou sua ascensão em Holywood e fora do eixo norte-ameriano. Diretores como Bong Joon-ho, responsável pelo premiado Parasita, e Park Chan-wook, com sua trilogia da vingança que inclui Old boy, redefiniram o cinema sul-coreano. Hirokazu Kore-eda, diretor de Assunto de Família, e Ryusuke Hamaguchi, de Drive My Car, também conquistaram reconhecimento global com suas narrativas sensíveis e profundas.

Apesar das mudanças, o amor pelo cinema continua

Muita coisa mudou nesses 25 anos, mas uma coisa segue intacta: a paixão do público pelo cinema e pelo entretenimento. Se antes fazíamos fila para alugar DVDs, hoje lotamos os streamings e claro, ocupamos as salas de cinema. Se trocamos os fóruns do Orkut pelas discussões no TikTok, o amor por boas histórias continua o mesmo.

E o AdoroCinema segue firme, acompanhando todas essas mudanças e celebrando cada nova fase do mundo do entretenimento. Então, bora soprar as velinhas e relembrar com carinho os anos 2000 – porque, convenhamos, não importa a década, sempre há um bom filme para assistir!

Você pode conferir mais filmes dos anos 2000 nesta lista.

facebook Tweet
Links relacionados