Achei o filme sem o brilho e carisma do original. Houve sim muita publicidade e um sentimento de nostalgia que cativou todos que, assim como eu, assistiram ao primeiro nos cinemas, irem assisti-lo. O filme inteiro é previsível e pouco original, bebe quase que na totalidade da formula utilizada no primeiro. Comecemos a análise pelo início: ele parte do mesmo momento em que terminou o original, porém quase desconsiderando os fatos ocorridos naquele. Para relembrarmos, no primeiro filme, a trama pode ser resumida a existência de super-heróis que acabam sofrendo pela burocracia e legislações da modernidade e acabam sendo impedidos de utilizarem seus poderes e passam a viver escondidos e inseridos na sociedade, mas tudo muda com a oportunidade que surge para Beto (Sr. Incrível), o que acaba por gerar uma sequência de fatos que culminará no surgimento de uma ameaça quase indestrutível para a cidade (Síndrome) e que a fará necessitar novamente da ajuda dos super-heróis, trazendo-lhes de volta o prestígio. O segundo filme embora sequencialmente comece onde o outro terminou, inicia exatamente como iniciou o primeiro: a família continua sem dinheiro, passando por dificuldade em inserir-se na sociedade e enfrentando os problemas de viver de maneira anônima, até que *surge uma oportunidade*... O início da história é o mesmo, com a mesma reviravolta e até quase a mesma revelação da identidade do vilão, porém, dessa vez com um roteiro previsível e pouquíssimo original. Fora que, antes, o que eram personagens cativantes e com personalidades próprias se tornaram genéricos, Flecha deixa de ser um garoto agitado e travesso, Violeta deixa de ser uma adolescente buscando independência e com todas aquelas características da adolescência, o Sr. Incrível não ganha destaque, Gelado e Edna não apresentam nada de tão cativante e característico de suas personalidades, nenhum personagem novo de destaque é apresentando, além da própria vilã e seu irmão que são meros instrumento para o desenvolvimento do arco de revelação final, que infelizmente é bem previsível e passa longe da originalidade das revelações e reviravoltas do filme passado. Enfim, a única cena do filme, de fato, memorável foi a luta do Zezé contra o gambá, porém, nem mesmo essa me atingiu tanto, pois já tinha sido usada na publicidade do filme, fora que não apresenta a cômica descoberta dos poderes do Zezé no final do primeiro filme. Enfim, achei um filme genérico se comparado ao primeiro, que pra mim, foi e é um dos melhores filmes da Pixar, merecia um filme muito mais original e cativante.
No mais, ainda destaco a perda da essência do filme: As interações de uma família de super-heróis, pois os super poderes ainda estão lá, mas o que antes me lembrava bastante uma interação de família, cheia de imperfeições, desentendimentos, mas cômica e unida, agora perdeu totalmente seu contexto e essas relações sequer ganham relevo no filme, talvez o novo filme seja um reflexo do que acontece na modernidade, mas presumir isso seria entrar em um debate para além da análise do filme, o que noto é de fato desleixo na idealização e da caracterização e criatividade do roteirista. Inclusive, os contextos do filme de "busca dos tempos dourados" pelo Beto, da dificuldade de inserção de super-heróis na sociedade contemporânea, de amadurecimento e crescimento dos personagens deram lugar a nada, pois o novo filme sequer traz debates relevantes e não apresenta mais camadas que o superficial.
Me dói muito, por ser provavelmente o meu filme favorito de animação, mas se fosse atribuir uma nota a essa continuação seria 4/10, é um filme sem alma e criatividade, quisera eu que tivessem feito algo com tanto esmero e paixão quanto fizeram em todas as sequências de Toy Storie, se fosse para fazer isso, seria melhor nem terem feito.