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    Kati Critica: O dia em que conheci Tom Hiddleston

    E o Demolidor!

    Katiúscia Vianna é uma redatora do AdoroCinema que acumulou mais de duas décadas de cultura inútil e decidiu transformar isso num emprego. Nessa jornada, ela tem a missão de representar os fandoms barulhentos e/ou esnobados do Twitter, falar das séries que a crítica ignora e celebrar as '"farofas" que trazem alegria para o povo. Ou seja, os guilty pleasures! Com um ponto de vista 'singular' (ou doido, depende de quem opina), surge a coluna Kati Critica — misturando açúcar, tempero e um pouco de haterismo zoeiro.

    Não sei quanto a vocês, mas eu nunca fui uma nerd raiz. Nunca li quadrinhos de super-heróis durante a infância. Tipo, eu via os desenhos da Liga da Justiça e queria ser a Vampira em X-Men Evolution (aquela faixa de cabelo antes da moda do Chimbinha e o estilo emo gótico eram vida!). Mas ler HQ mesmo, só Turma da Mônica. Apenas fui conhecer (e aprender a diferenciar) Marvel e DC quando comecei a trabalhar aqui no AdoroCinema. Para vocês terem noção, o primeiro filme que vi do MCU foi Vingadores. Afinal, era seis pelo preço de um ingresso. É o mesmo conceito que uso para não ver show solo dos ex-RBDs, pois já paguei pelo combo na adolescência. Tendo dito isso, eu faço o que você quiser, Alfonso Herrera. Venha para cá e e só marcar data e hora, que estarei lá.

    Retomando o raciocínio, eu demorei um tempo para entrar no bonde "Loki (Tom Hiddleston) é o melhor vilão da Marvel" — pelo menos até Killmonger (Michael B. Jordan) e Thanos (Josh Brolin). Mas logo me apaixonei. Afinal, pessoa sarcástica, que usa roupa escura, causa uma identificação na dona de uma vida antissocial como eu.

    E uma vez que embarquei, perdoei até essa camisa, de tanto amor que tenho pelo moço.

    Logo, eu não podia perder a chance de conferir a peça do Tom Hiddleston quando fui à Nova York. A primeira vez que pisei na Times Square foi durante uma viagem a trabalho (obrigada chefe e pessoal que me convidou o AC para cobrir um set de filmagens!). Mas, dessa vez, estava indo por conta própria. Fingir por duas semanas que era rica, ver o máximo de musicais da Broadway possível e andar pela quinta avenida como se fosse a Carrie (Sarah Jessica Parker) de Sex and the City.

    Uma vez que aceitei como realizar tal sonho ia me deixar falida até 2025, decidi comprar o ingresso para Betrayal. Afinal, não é somente estrelada por Hiddleston; mas também por Charlie Cox, conhecido como o Demolidor, cujo cancelamento não aceitei até hoje. E, tudo bem se não sou uma fã desde os tempos de Stardust, porém o moço chamou minha atenção desde que tentou pegar a mulher do Stephen Hawking em A Teoria de Tudo, isso deve contar para algo.

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    Então, ingressos comprados; passagem e hospedagem parceladas em muitas vezes em vários cartões; calmante tomado para aguentar 12 horas de voo, sendo que tenho pavor de altura; e lá vamos nós para New York. Eu poderia ficar horas falando como essa é minha cidade favorita em todo o mundo, como Hamilton é uma experiência necessária para todo ser humano; e como chorei por 40 minutos com Hadestown; mas já empurro pautas de musicais todo dia no meu emprego, então vamos focar nos moços da Marvel, shall we?

    Betrayal é uma peça britânica de Harold Pinter focada em sete anos das vidas de Robert, Emma e Jerry. É aquela história: o cara trai o melhor amigo com a esposa dele; a diferença é que o chifrudo sabia do caso durante uns quatro anos, antes de se divorciar. E a gente vai acompanhando a história de trás para frente. Nomes como Daniel Craig, Rachel Weisz, Bill NighyRaul Julia e Kristin Scott Thomas já participaram de diversas versões da história, ao longo dos anos. Teve até um filme em 1983; com Jeremy IronsBen Kingsley e Patricia Hodge. Agora, o recente revival é com Hiddleston, Cox e Zawe Ashton; entre agosto e dezembro deste ano.

    Numa forma mais racional de 'Kati Critica', posso dizer que Betrayal é uma peça poderosa e elegante, principalmente por conta das performances e a escolha artística na composição do cenário. Numa forma mais normal do 'Kati Critica', digo que só não amei pois demorei para entender, ou melhor, embarcar na peça, graças ao sotaque britânico de geral. Mas isso é culpa minha e da minha obsessão em estudar francês nos tempos de colégio, achando que o inglês que aprendi com Friends e Backstreet Boys seria o suficiente para o resto da vida.

    Sem falar que é legal ver peças dramáticas,íntimas e densas enchendo teatros em Nova York. Obviamente, grande parte de tal feito surge graças ao grande nome de seu elenco, mas eu não gosto de ver quando obras boas precisam cortar seus períodos de exibição ou serem canceladas, por causa de preconceito ou elitização besta da arte teatral, que deveria chegar a todos os públicos, assim como TV e cinema. Sim, 'Kati Critica' também espaço para falar de questões sérias.

    Agora, voltando ao momento fangirl e fútil deste texto. Quer uma dica básica para 'stage door', ou seja, ver o elenco de uma peça após a performance? Corre. Acabou o show, pega sua bolsa e vai pra porta, amigos, pois a competição é pesada. Tinha umas 40 pessoas querendo gritar pelos boys magia no dia que fui ver Betrayal, mas eu tive sorte que abriram um segundo espaço para fãs na hora em que cheguei, então pude ficar na grade. Outro sinal que era meu dia: a cachorra do segurança era muito parecida com o meu cachorro, Simon Lafayette. Só que Yankees (sim, o nome dela era esse) era mais velha e não mordia o tempo todo, como meu ativo e curioso bebê de sete meses.

    Eu sabia que estava num 'stage door' pouco comum quando a primeira pessoa a sair era a mais famosa. Isso mesmo, Tom Hiddleston estava a uns cinco metros de distância, sendo simpático e autografando programas de pessoas perto de mim. Eu tento fingir que tenho compostura; mas, naquele momento, a Kati de doze anos, que ficava tremendo ao conhecer membro do NX Zero (sim, meu passado me condena), bateu forte dentro de mim.

    Felizmente, sei fazer carão e consegui fingir que sou uma pessoa normal ao falar, brevemente, com o intérprete de Loki. Elogiei seu trabalho e contei como vim do Brasil, o que fez ele agradecer o apoio com a peça e o carinho em ter vindo de tão longe. Tudo isso com seu belo sotaque britânico, o qual posso não sempre compreender, porém acho mais charmoso do que ver homem com smoking. Infelizmente, minha compostura não chegou até minhas mãos, que tremiam mais que copos quando chegavam os dinossauros em Jurassic Park.

    Mas é aí que vemos como a cultura britânica é outro nível. Hiddleston se organizava de tal forma que fazia duas rondas entre os fãs. A primeira para autógrafos, enquanto o pessoal da segurança já nos mandava deixar os celulares em modo selfie, a fim dele poder posar para foto com todo mundo, de forma rápida. Parte do meu armário está bagunçada desde os tempos de faculdade, mas o ator conseguiu atender todo mundo em menos de dez minutos. Competência de britânico. No meu caso, Tom até voltou para tirar foto de novo, pois a imbecil que vos fala realmente estava tremendo. E também pois não sei tirar selfie, já que essas redes sociais avançam demais para uma mente de velha com a minha. Mas tudo bem, depois é só colocar um filtro no Instagram e fingir que é estilo.

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    Logo em seguida, Charlie Cox também veio conhecer os fãs, todo educado, agradecendo elogios e ainda bonito como em meus sonhos. Também durando cerca de dez minutos, mas sem deixar ninguém de fora. Eu demoro mais tempo que isso para ajeitar meu cabelo, todo dia de manhã. Enfim, passei dias supirando, só que agora já voltei para o Rio de Janeiro, afinal tenho que trabalhar para pagar as dívidas que fiz (e por amor ao trabalho, não me demita, chefe!), então posso voltar à grosseria natural de ser do carioca.

    Moral da história: Nem tudo na vida é mais valorizado se for gringo. Apesar de ter postado meu encontro com dois personagens da Marvel, a foto com mais curtidas no meu perfil do Instagram ainda é uma imagem da minha entrevista com o Cauã Reymond

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