Atriz de Matilda desabafa sobre imagem sexualizada quando era criança

Matilda está prestes a ganhar um remake musical na Netflix e o serviço de streaming já começou a divulgar os atores e atrizes que estarão no elenco. Considerado um verdadeiro clássico na história do cinema, o filme de 1996 foi protagonizado por Mara Wilson, que desabafou através de um artigo publicado pelo The New York Times, sobre a sexualização de sua imagem como estrela infantil na época do lançamento do longa.

Na história, acompanhamos as aventuras de uma pequena leitora voraz e dona de poderes especiais. O problema é que ela é maltratada pelos pais e pela diretora de seu colégio, mas encontra carinho e apoio na doce professora Honey. Atualmente com 33 anos, Wilson trabalha também como escritora e expôs alguns traumas gerados pelos assédios que recebeu quando era criança. “Eu vi muitas atrizes e cantoras adolescentes incorporando sua sexualidade como um rito de passagem, aparecendo em capas de revistas masculinas ou em clipes sensuais. Eu decidi que isso jamais aconteceria comigo. Mesmo assim, eu acabei sendo sexualizada e odiava isso”.

A atriz, que ficou conhecida por trabalhos como Uma Babá Quase Perfeita (1993) e Milagre na Rua 34 (1994), lamentou também a sua exposição excessiva quando ainda era uma criança. “Eu trabalhei principalmente em filmes de família. Eu nunca apareci em nada mais revelador do que um vestido abaixo do joelho. Foi tudo deliberado: os meus pais acreditavam que eu ficaria mais segura assim. Mas não funcionou. Era fofo quando crianças de 10 anos me enviavam cartas dizendo que me amavam. Não era quando homens de 50 anos faziam o mesmo”, escreveu no artigo. Ela ressaltou que seus pais, o tempo todo, tentavam garantir que ela não acabasse do mesmo jeito que outros atores e atrizes mirins, por isso sempre dividia o quarto com sua irmã e frequentava a escola pública para garantir um maior senso de humildade. 

Aos 6 anos, ela conta que era perguntada se tinha namorado ou sobre quem ela achava que era o ator mais sexy de Hollywood. “Antes mesmo que eu completasse 12 anos já havia fotos minhas em sites de pessoas com fetiche em pés e montagens em sites de pornografia infantil. E todas as vezes eu me senti envergonhada. Hollywood resolveu incorporar o assédio à indústria, mas eu nunca fui assediada sexualmente no set de um filme. Os assédios que sofri sempre vieram da mídia e do público”, revelou Wilson. 

Wilson também comparou as situações pelas quais teve que passar com os assédios sofridos por Britney Spears, “Muitos momentos da vida da Srta. Spears são familiares para mim. Nós duas acabamos virando bonecas, tivemos amigos e namorados compartilhando os nossos segredos e vimos homens crescidos comentando os nossos corpos”. No texto, ela deixa bem claro que viveu uma vida completamente diferente da cantora, com origens bastante distintas, mas que no final das contas, acabaram seguindo uma mesma trajetória. Ao chamar essa situação de “A Narrativa”, a atriz assume que "qualquer pessoa que cresceu sob os olhos do público terá um fim trágico".

Ela ainda refletiu sobre o porquê da sua vida ter terminado tão diferente da cantora, e acredita que tudo se resume ao apoio que recebeu de sua família e amigos. “A minha vida foi mais fácil não porque eu nunca tive uma fama digna dos tablóides, mas porque, ao contrário da Srta. Spears, eu sempre tive apoio da minha família. Eu sabia que tinha dinheiro guardado para mim e que pertencia a mim. Se eu precisasse fugir do mundo, eu desaparecia - segura em casa ou na escola”, afirmou. 

Wilson terminou o seu texto dizendo: “A minha narrativa não é mais uma história que alguém está escrevendo. Eu posso escrevê-la por conta própria”.