Minha conta
    Entrevista exclusiva: Diretor Jalil Lespert fala sobre Yves Saint-Laurent

    Ator e diretor visitou o Brasil para apresentar seu novo filme no Festival Varilux de Cinema Francês. O AdoroCinema conversou com ele!

    Em passagem pelo Rio de Janeiro para promover a exibição de seu novo filme, Yves Saint-Laurent, no Festival Varilux de Cinema Francês, o diretor, ator e roteirista Jalil Lespert conversou com exclusividade com o AdoroCinema. Ele falou sobre o novo trabalho e também sobre a situação atual do cinema francês. Também abordou suas principais referências e o conhecimento do cinema brasileiro. Abaixo, você confere a entrevista na íntegra.

    Como nasceu o projeto?

    Eu procurava um tema para meu terceiro filme. Sempre me interessei por esse tipo de história de ascensão e queda, que vemos muito em Hollywood. Sobre jovens que alcançam seus sonhos e que depois acabam em decadência. Eu não sabia se queria um personagem fictício ou um histórico. Acabei decidindo fazer sobre um personagem histórico, sobre uma história de começo. Existem muitos filmes históricos sobre personagens como Joana d’Arc e Napoleão, mas são poucos aqueles sobre sujeitos da moda. Não existem filmes sobre Yves Saint-Laurent. Não conheço muito de moda e quando comecei a pesquisar sobre Saint-Laurent fiquei fascinado por este personagem, por sua história de amor e pela complexidade de sua trajetória, de seu destino. Me apaixonei por sua trajetória.

    Como foi encontrar seu Yves Saint-Laurent?

    Eu descobri Pierre Niney um ano antes das filmagens. Já ouvia pessoas falarem dele no teatro. Vi uma foto dele e notei que tinha uma elegância natural que era importante para o personagem. E, no final, vi um pequeno teste que ele fez para outro filme. Em 30 segundos, eu já sabia que era ele. Tem aquela inteligência e aquele humor que havia em Yves Saint-Laurent. Chamei-o para um ensaio fotográfico e lhe falei sobre Saint-Laurent. Tirei algumas fotos em preto e branco e os produtores e distribuidores gostaram tanto das fotos que usaram no material de divulgação, mesmo que as imagens não estejam no filme.

    Pierre Niney acaba de receber o prêmio Patrick Dewaere. Como recebeu a notícia?

    Fiquei muito orgulhoso. Tenho muito orgulho dele. E um pouco de mim. Estou muito contente e acho que este é o primeiro de uma série de prêmios para ele. O que ele fez neste filme não é pouca coisa. Fez um trabalho maravilhoso.

    Quais os grandes desafios de se fazer uma cinebiografia?

    É conseguir um bom equilíbrio, como a linha de cumeada numa montanha, que é quando você sobe e não cai nem de um lado, nem do outro, mas fica no meio. A questão é manter este equilíbrio entre fazer uma cinebiografia, sem medo de fazer uma cinebiografia, seguindo os códigos rigorosos do gênero, e ao mesmo tempo fazer um filme comum e contar uma história que toque o público.

    Você trabalha como ator e diretor. Existe alguma função que você prefere?

    Eu amo as duas funções, que me permitem trabalhar nas filmagens e aprender coisas diferentes. É o mesmo negócio, mas feito de maneira diferente. É apaixonante trabalhar com os dois.

    Quais seus próximos projetos?

    Eu vou lançar um filme agora como ator que chama De Guerre Lasse. Então, vou retornar à França para promover o filme. Vou começar a fazer outro no verão (inverno, no Brasil), também como ator. E penso que daqui a um ano ou dois começo a preparar um roteiro para um novo filme como diretor.

    Como vê a situação do cinema francês nos dias de hoje?

    Acho que é um cinema muito variado, muito rico. É uma cinematografia que exporta mais que a maioria dos países, o que é muito bom, ainda que estejamos muito longe de países como os Estados Unidos. É um cinema vivo e, mais uma vez, muito variado. Isso é muito importante, pois por muito tempo no cinema francês algo como uma pós-Nouvelle Vague, que seguia muito a Nouvelle Vague, continuava muito intimista. Agora, muitos anos depois, acho que mudou com filmes como O Artista, Intocáveis, Piaf - Um Hino ao Amor... Conseguimos fazer filmes de autores, mas também comédias, com Dany Boon, são mundos diferentes, e permanecem bons filmes, cada um no seu estilo.

    Quais as suas principais referências como diretor?

    Sempre gostei muito da Nova Hollywood, do cinema americano dos anos 70. Gosto muito de John Cassavetes e Francis Ford Coppola. Também gosto muito de diretores europeus que tiveram carreiras internacionais, como Roman Polanski. Mas devo dizer que o cinema que mais me encantou foi o neorrealismo italiano, com Luchino Visconti, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini. São os cineastas que mais admiro, foram muito estéticos, filosóficos e reflexivos.

    Quais cineastas admira hoje em dia?

    Acho que hoje é uma questão mais de filmes que admiro do que de cineastas. Por muitos anos me interessei mais pelos cineastas, mas hoje são os filmes que me interessam. E temos tido filmes extraordinários, como A Rede Social, A Hora Mais Escura e muitos outros. Não sei porque disse esses dois, mas gosto de longas bem diferentes.

    E no cinema brasileiro...

    Acho que Walter Salles é um dos diretores mais importantes de todo mundo. Cidade de Deus também foi um filme que me marcou bastante. E também gostei de Tropa de Elite, um longa muito forte, que traz uma questão social que não conhecemos muito na França, com as favelas.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top