Minha conta
    The Flash
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    The Flash

    Corre, Barry, corre!

    por Katiúscia Vianna

    É até difícil acreditar que The Flash finalmente chegou aos cinemas. Ele foi, originalmente, anunciado em 2014, com previsão de lançamento para 2018. Desde então, surgiram adiamentos, duas versões de Liga da Justiça, duas versões de Esquadrão Suicida… Isso sem contar as 9 temporadas de uma série com outro Flash. E a situação piorou com as diversas polêmicas e supostos crimes de seu protagonista, Ezra MIller. Ou seja, virou uma lenda urbana tipo o Superman do Nicolas Cage - que é, inclusive, referenciado nesse filme, (não é spoiler, o diretor já revelou). Mas The Flash é uma realidade que está difícil de escapar.

    Qual é a história de The Flash?

    Dando continuidade aos acontecimentos de Liga da Justiça, o público acompanha Barry Allen (Ezra Miller) tentando conciliar a rotina comum com a vida secreta de um super-herói. Porém, ele descobre que tem a capacidade de viajar no tempo e decide salvar a vida de sua mãe, Nora (Maribel Verdú), que foi assassinada em sua casa. Outra coisa que precisa mudar com isso? A polícia prendeu, injustamente, seu pai, Henry (Ron Livingston), como o autor do crime.

    Porém, como todo mundo já viu em qualquer filme de ficção científica, mexer com as linhas do tempo nunca é uma boa ideia. Logo, ele se encontra numa situação catastrófica que ameaça o mundo. Para tentar impedir uma tragédia, ele vai precisar do apoio de aliados inesperados como uma outra versão de si mesmo, o Batman de Michael Keaton e Supergirl (Sasha Calle).

    Ok, vamos falar o elefante da sala: Ezra Miller se envolveu em muitos problemas nos últimos anos. E acredito que as pessoas devem ser responsabilizadas por seus atos. Também acredito que o debate sobre “separar obra do artista” é algo que ainda precisa ser muito discutido, bem além desta simples crítica. Minha função aqui é falar sobre o filme The Flash; não questionar se ele deveria ou não ter sido lançado. Acho que cada um deve fazer o que se sente confortável. Sobre esse tópico, é impossível não dizer que Ezra Miller tem uma performance emocionante e engraçada na produção. Mas como um longa é feito com toda uma equipe, não somente um protagonista, vale a pena falar de todas as outras questões do filme. Então vamos seguir em frente!

    Andy Muschietti dirige The Flash de maneira cativante

    O filme é uma espécie de adaptação de “Flashpoint”, possivelmente o arco mais famoso do herói nos quadrinhos. Mas se você acompanhou essa versão das HQs, é importante chegar ao cinema com uma mentalidade aberta, pois o longa tem sua própria história. O mesmo vale para quem viu a série The Flash, onde o “Flashpoint” durou basicamente um episódio - mas essa última reclamação é para outro momento. Traumas da CW, quem nunca?

    Enfim, a parceria do diretor Andy Muschietti (franquia IT - A Coisa) e da roteirista Christina Hodson (Aves de Rapina) acaba trazendo um frescor, não somente para essa história específica; mas também para o universo cinematográfico DC como um todo. Não que a maneira de utilizar o multiverso seja muito diferente daquela já vista em outras produções do gênero. Mas o filme carrega um calor de conforto, mesclado com muito humor e emoção.

    Pois, no final das contas, quem não faria o mesmo se tivesse os poderes do Barry? O problema é que - não querendo puxar a sardinha para Marvel, mas já fazendo - com grandes poderes, surgem grandes responsabilidades. E a obsessão em fazer o que deseja pode, neste caso, literalmente explodir mundos. A maioria de nós, meros mortais, não precisa lidar com tamanho temor, mas ainda podemos refletir essa questão para nossas vidas. É importante pensar como seus atos podem afetar outras pessoas. Irônico em comparação com a realidade? Sim, eu sei, mas siga comigo.

    É justamente essa questão moral e tocante que move a história, apesar de ainda ser recheada de cenas de ação. Os efeitos especiais não funcionam 100% do tempo — principalmente na dimensão da Força da Aceleração — mas é o suficiente para agradar os fãs mais famintos por tiro, porrada e bomba. Mas não vou reclamar muito de um filme que passa a maior parte de sua duração apresentando duas versões de Barry Allen conversando e interagindo de forma natural entre si, como se fosse uma dupla de gêmeos reais.

    Como é o retorno do Batman de Michael Keaton?

    Para os fãs nostálgicos, o retorno de Michael Keaton como Batman é algo bem divertido. Tanto ele, como a versão de Bruce Wayne de Ben Affleck, apresentam grandes cenas de ação. Como personagem, Keaton não encontra a mesma profundidade dramática que pode aproveitar em Birdman, por exemplo, mas faz um belo trabalho como o mentor sem paciência para quem está começando, que nem a Susana Vieira. Tem momentos de fan service? Tem, mas o cara também tem charme, vai!

    Falando em fan service, The Flash traz muitas participações especiais e referências sobre a história audiovisual da DC - algumas fazendo o público da minha sessão gritar. Ajuda a contextualizar o mundo onde Barry Allen vive, mas não traz tantas coisas loucas, como acontece na animação Liga da Justiça: Ponto de Ignição. Outras “aparições” podem causar polêmica, mas, no geral, é uma bacana homenagem para muitos heróis que já conhecemos. E abre as portas para novas oportunidades.

    Aproveitando esse gancho, temos Sasha Calle fazendo sua grande estreia como Supergirl. Não sabemos ainda se o novo universo liderado por James Gunn vai aproveitar alguns dos atores já estabelecidos na DC, mas seria um erro não chamar a atriz novamente para o papel no futuro filme solo de Kara Zor-El. Ela rouba suas cenas, misturando raiva, poder e esperança. Ainda novata em Hollywood, fica aqui a torcida para que essa seja sua porta de entrada para uma carreira mundial. E apesar da nossa querida Bruna Marquezine não conseguir ser a Supergirl, a atriz brasileira estará em Besouro Azul, então vitória para todos!

    A única decepção fica por conta de Iris West. Mas não me entenda errado: Kiersey Clemons está ótima no papel. O problema é que a vemos muito pouco, então não temos chance de conhecê-la melhor, assim o filme não consegue entregar essa ideia de grande amor da vida de Barry Allen (ainda).

    Vale a pena ver The Flash?

    No geral, The Flash apresenta alguns defeitos e furos de roteiro, mas entrega uma história muito comovente e divertida - algo que estava faltando nos últimos lançamentos de tal universo. Andy Muschietti faz um trabalho fenomenal de maneira inteligente e criativa. Ainda vão surgir muitos debates sobre “cancelamentos da internet” e sobre o futuro da DC nas telonas. Coisas que ainda vão nos dar muitas dores de cabeça e crises existenciais. Se você deve ver o filme, é uma opinião sua; não posso te dizer o que é certo ou errado, pois eu mesma não sei a resposta. Porém, é inegável que The Flash é um filme bom. Espero que isso seja o suficiente.

     

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    Back to Top