José Padilha aceitou uma tarefa cruel, árdua e, geralmente, mal agradecida: refilmar um clássico de Hollywood. Neste caso, um filme de ação, ficção, fantasia, herói e policial ao mesmo tempo, Robocop. Logo assim vê-se o quão difícil era a sua missão.
E não é que o brasileiríssimo diretor acertou em cheio? Os fãs mais aficionados vão levantar da cadeira durante o filme pra reclamar daquela cena maravilhosa em o policial Alex Murphy "morria" pra ser transformado em robô, ou da leve diminuição de violência excessiva, brutalidade a flor da pele e ausência de sentimento na maior parte do filme.
Mas, acredito que tenha disso aí que o filme tem seu mérito. Padilha mostra um robô mais humano, uma situação mais crível, uma família mais presente. Dá ao povo de Detroit a chance de acompanhar o nascimento do herói, saber quem ele é, de onde veio. O filme permite que o homem por trás da máquina seja desmistificado, vencendo as limitações que a ciência impõe na trajetória.
O elenco é solto e brilhante: o quase estreante Joel Kinnaman passa segurança e carisma, Michael Keaton mostra mais uma vez que nasceu pra personagens enigmáticos e Gary Oldman sobra, como sempre, em talento e competência.
O ponto fraco fica, talvez, pela execução da nova armadura do robô, que aparenta mais ser de borracha do que de metal, mas que deu um toque moderno, aproximando o policial dos herói dos quadrinhos Marvel.