Não é segredo que Titanic alçou Leonardo DiCaprio ao estrelato. Lançado em 1997, o romance épico de James Cameron levou 11 das 14 indicações que recebeu ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Fotografia e, claro, Melhores Efeitos Visuais. Desde então, Titanic liderou o ranking de maiores bilheterias da história, até que Cameron superou seu próprio feito com Avatar – hoje o primeiro na lista mundial, já tendo perdido o posto para Vingadores: Ultimato e reconquistado pouco depois.
Inspirado na história real do gigantesco transatlântico que afundou em 14 de abril de 1912 – bem como das personalidades reais que estiveram a bordo –, o premiado longa acompanha o romance de Jack Dawson e Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), um aventureiro e uma socialite fadados às tragédia. O casal não só protagonizou um dos melhores beijos cinematográficos de se que tem notícia, como seus intérpretes costumam, ainda hoje, reproduzir os inesquecíveis diálogos quando se encontram.
Titanic deu ao público muitos momentos de dor e sofrimento – afinal, se Rose tivesse se espremido um pouco, Jack caberia naquela porta de madeira. Ao mesmo tempo, o filme garante uma dose eterna de nostalgia. Você provavelmente se lembra de Rose "voando" na proa do navio, ou de Jack gritando, logo após embarcar, "I'm the king of the world" ("Eu sou o rei do mundo"). Mas você sabia que esta última cena foi improvisada? E que DiCaprio não queria fazê-la?
Assista ao teste de Kate Winslet para TitanicCameron explicou toda a situação durante um episódio de Movies That Made Me, programa de rádio da BBC – não confundir com a série documental The Movies That Made Us, da Netflix. Segundo o diretor, a icônica frase não fazia parte do roteiro, e sim foi uma ideia que lhe ocorreu na hora. Em cena estavam DiCaprio e Danny Nucci, que interpreta Fabrizio, o melhor amigo de Jack. Já Cameron se encontrava no alto de uma grua e precisava terminar a filmagem antes que o sol se pusesse por completo.
Acontece que ninguém conseguia pensar em uma citação adequada para encerrar a cena, uma que resumisse perfeitamente seu espírito. Depois de tentar várias versões alternativas, o diretor sugeriu "I'm the king of the world" e pediu para DiCaprio "abrir bem os braços e apenas estar no momento e amá-lo". O problema é que o ator não estava amando nem um pouco isso. De acordo com Cameron, ele perguntou repetidamente e sem entusiasmo: "O quê?" Mas DiCaprio não teve escolha e acabou entregando o que se tornaria uma das frases mais memoráveis da sétima arte.
A hesitação do astro em relação à fala improvisada pode revelar mais do que você imagina. Vale lembrar que DiCaprio estava incerto sobre o papel e chegou a entrar em conflitos com Cameron, sobretudo depois da leitura de sua primeira cena romântica com Winslet. O diretor descartou suas sugestões de transformar Jack em um personagem mais inquietante, pois o havia imaginado no estilo de James Stewart, ator que estrelou inúmeros filmes de Hitchcock e que virou exemplo de galã que consegue se conectar com o espectador.
Leonardo DiCaprio se recusa a comentar sobre a grande controvérsia de TitanicAo fazer a escalação de Titanic, Cameron cogitou vários jovens atores para o papel de Jack, entre eles Matthew McConaughey – confira seu teste aqui – e Jared Leto. Sua atenção foi então voltada para DiCaprio, um nome em ascensão que, com apenas 20 anos, recebera uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador.
Felizmente, DiCaprio foi convencido por Cameron a protagonizar Titanic, recusando o papel de Dirk Diggler em Boogie Nights – que ficou com Mark Wahlberg. Ainda que a Academia não tenha reconhecido isso na época, Jack Dawson continua sendo uma de suas maiores performances no cinema.
