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    Os 11 melhores planos-sequência do cinema

    Do drama Pieces of a Woman, passando pelo musical La La Land, até o premiado 1917, as longas tomadas fazem-se presentes em diversos filmes no cinema.

    Matéria original de 23/1/2020. Atualizada em 13/01/2021.

    O que seria do cinema sem a inventividade de seus realizadores? Falando mais especificamente da direção, a pergunta pode se afunilar ao questionamento prático sobre como a condução de uma cena influencia na mensagem desejada. Direcionando ainda mais nossa reflexão, vale ressaltar o quão subjetivo um plano-sequência pode se apresentar dentro de uma narrativa.

    Seja para transmitir tensão, tristeza, densidade, longevidade de determinada tarefa, cansaço ou, simplesmente, continuidade, um longo plano ininterrupto serve vários propósitos diferentes. Como nem tudo é literalmente aquilo que se vê, são vários os exemplos de takes que, na verdade, possuem cortes invisíveis — o que pode aumentar ou diminuir a magia da cena, dependendo do espectador.

    Então, aproveitando o gancho do incrível plano sequência de Pieces of a Woman, recente lançamento da Netflix, com brilhante atuação de Vanessa Kirby e Shia Labeouf, preparamos uma lista para relembrar outros momentos em que essa técnica foi utilizada no cinema. Seja ela em filmes que não tenham como proposta ser inteiramente filmados dessa maneira, ou até mesmo takes que durem cerca de... 2 horas? Bom, de uma forma ou outra, vamos lá.

    PIECES OF A WOMAN

    Dirigido por Kornél Mundruczó, Pieces of a Woman é um angustiante drama que conta a história de um casal em luto pela perda de seu bebê, em um parto feito em casa. A longa tomada de impressionantes 24 minutos faz com que os espectadores se sintam no mesmo ambiente dos personagens no momento do parto. Navegando entre os cômodos, e com grande riqueza de detalhes, acompanhamos todo o sofrimento de uma mãe e um pai ao verem um dos momentos mais felizes de sua vida se transformar em uma grande tragédia. Toda a dor, angústia, medo e sofrimento em cena é evidenciado pelo fantástico plano-sequência utilizado pelo diretor.

    1917

    Chegamos ao fim da lista com o filme mais recente até aqui. Dirigido por Sam Mendes, do premiado Beleza Americana, 1917 é narrado praticamente em tempo real, enquanto dois soldados precisam fazer o impossível para que consigam atravessar as linhas inimigas e entregar uma mensagem que pode salvar a vida de mais de 1.600 de seus companheiros. O filme é até agora o principal cotado para levar o Oscar de Melhor Filme e conta com diversos efeitos práticos.

    BIRDMAN

    Se estamos falando dos melhores plano-sequências do Cinema, por que não citar filmes que são inteiramente filmados nesse estilo? Com cortes muito bem escondidos e técnicas de timelapse para conseguir se utilizar das passagens temporais, Birdman é considerado por muitos como um dos melhores filmes da década, e a estética de um longo take é apenas uma cereja no bolo da mensagem da obra de Alejandro Iñarritu

    O SEGREDO DOS SEUS OLHOS

    Estrelado por Ricardo DarínO Segredo dos Seus Olhos é um dos longas mais bem avaliados da Argentina e acaba ficando um pouco de fora das considerações norte-americanas quando o assunto é um bom plano-sequência (não por demérito). O filme conta a história de uma tentativa de perseguição e condenação a um assassino e estuprador, que dura anos para que finalmente possa encontrar uma solução. A cena em questão é o clímax da trama e demorou um bom tempo para ser filmada, usando uma mistura de criatividade, efeitos práticos e digitais, e um ensaio categórico do trio mais evidenciado.

    CREED

    Durante o esperado anúncio do retorno de Rocky Balboa às telonas — mesmo que em um spin-off — muito se especulava a respeito da possibilidade de que a saga do boxeador pudesse acabar caindo em uma espécie de ostracismo. No entanto, qualquer suspeita ou pé atrás rapidamente se desfez com o lançamento de Creed, estrelado por Michael B. Jordan e dirigido por Ryan Coogler. Recheada de tensão, a luta entre Adonis Creed e Leo Sporino (Gabe Rosado) ganhou um tom completamente diferente do esperado por retratar o embate de maneira mais crua e sem muitos floreios.

    EM RITMO DE FUGA

    Na opinião de muitos diretores, as primeiras cenas de qualquer filme possuem o propósito muito claro de ditar o tom do restante da narrativa. Em Baby Driver (ou Em Ritmo de Fuga), isso não poderia fazer mais sentido. Depois de uma abertura eletrizante, com direito a uma combinação excelente entre música e vídeo, Edgar Wright precisou realizar um ensaio milimetricamente calculado para que Ansel Elgort pudesse passear andando pela cidade ao som de Harlem Shuffle. Apesar de despretensiosa, a cena com certeza já deixa o espectador ansioso ao que está por vir. 

    KINGSMAN: SERVIÇO SECRETO

    Frenético. Na falta de maiores adjetivos para definir o que esta cena de Kingsman passa ao espectador, esse consegue sintetizar muito bem a sensação. Apesar de contar com alguns cortes para reações de Samuel L. Jackson e Taron Egerton, a sequência da igreja pode ser considerada um plano-sequência. Um olhar mais atento poderá notar alguns cortes invisíveis feitos durante os combates, mas ao entregar-se para a rapidez da situação, tudo flui perfeitamente. Dá até medo do Colin Firth.

    O PROTETOR

    Ao contrário da sequência anterior, aqui a ação ocorre de uma maneira um pouco mais realista, apesar do estilismo asiático. No filme de Tom-Yum-Goong, é possível ver seu protagonista visivelmente se abatendo pouco a pouco durante o plano-sequência de luta. Com a câmera acompanhando cada subida de andar e cada "entra e sai" em compartimentos escondidos, a cena se consagra por não deixar a peteca cair em nenhum dos quase cinco minutos. Méritos!

    OLDBOY

    Talvez o maior mérito de Oldboy (o original, não o remake de 2013) tenha sido pensar em fazer uma cena de luta sequencial inteiramente na Panorâmica. Novamente indo contra clichês esperados de grandes cenas de luta, o protagonista é praticamente dado por vencido em diversos momentos, até que encontra uma maneira peculiar de se reerguer e continuar o embate contra mais de uma dúzia de inimigos. Uma boa demonstração do que um martelo pode fazer.

    LA LA LAND 

    Dirigido por Damien ChazelleLa La Land conta com algumas cenas em plano-sequência arquitetadas aos moldes noventistas, porém utilizando-se bastante do efeito "whip" (chicote) para montar os cortes invisíveis. Um dos melhores exemplos disso é a introdução, que acontece ao som de Another Day of Sun. A sequência, na verdade, foi gravada em duas partes e depois montada de acordo.

    FESTIM DIABÓLICO

    Quando dizem que Alfred Hitchcock mudou completamente a forma como o suspense é consumido, certamente Festim Diabólico se apresenta como um dos motivos para tal. Uma das primeiras obras da história a utilizar o recurso de se passar inteiramente em uma longa sequência, o filme ainda precisou contar com a inventividade muito a seu favor, visto que há mais de 60 anos as coisas eram um pouco mais... complicadas. 

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