Terceira Temporada Afunda Ainda Mais a Série que Já Estava Desmoronando
Quando Round 6 estreou, ela entregou uma crítica social poderosa e envolvente, com personagens marcantes e um roteiro afiado. Mas desde a segunda temporada, a série começou a perder sua identidade, e a terceira temporada conseguiu o impensável: descer ainda mais o nível, entregando um desfecho incoerente, preguiçoso e, acima de tudo, frustrante.
A terceira temporada é um verdadeiro colapso narrativo. A decisão de transformar um bebê em vencedor dos jogos pode até ter uma intenção simbólica – “o futuro da humanidade”, como apontou o criador Hwang Dong-hyuk –, mas a execução é absurda e forçada. O público, que se envolveu com a trajetória de Gi-hun ao longo de três temporadas, é obrigado a engolir um sacrifício melodramático e sem impacto real. Pior: um final sem catarse, sem justiça e sem lógica.
As mortes são gratuitas, sem peso emocional e sem consequência real. O embate final entre Gi-hun e Myung-gi parece promissor, mas termina em mais uma reviravolta bizarra – ele não havia apertado o botão? Isso só evidencia a quantidade de conveniências mal explicadas no roteiro, que se apoia em "surpresas" em vez de desenvolver com profundidade os personagens ou a própria lógica dos jogos.
Além disso, diversas tramas secundárias são completamente abandonadas. Jun-ho, o irmão do Front Man, simplesmente aparece no final sem propósito real. O mistério em torno dos VIPs continua raso, e até o gancho final com o ddakji em Los Angeles soa como um artifício repetitivo e cansado. A série insiste em deixar pontas soltas como se isso fosse um charme, mas já virou um problema crônico de má escrita.
A mensagem moralista, que antes era um dos pontos fortes da série, agora soa panfletária e vazia. O discurso final de Gi-hun tenta emocionar, mas falha porque o roteiro já esvaziou sua trajetória. O dinheiro deixado para a filha também não traz alívio ou fechamento: é só mais uma tentativa barata de emocionar sem sustância.
No fim, a terceira temporada de Round 6 é a prova de que até as boas ideias, quando esticadas além do necessário, se tornam carcaças vazias. A série, que começou como uma crítica inteligente e original ao capitalismo selvagem, termina como um drama confuso, inchado e sem alma. Uma conclusão decepcionante para uma obra que, ironicamente, caiu vítima da própria ganância por sucesso.
Nota: 0,5/5. Um desastre completo. Nada compensa o roteiro desastroso, as mortes sem propósito e o final ridiculamente simbólico que abandona toda a lógica construída até aqui.