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    Pílula Vermelha, Pílula Azul: Rashid encontra no cinema a chama criativa para seu novo trabalho (Entrevista Exclusiva)
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Rapper abre nova era com faixa recheada de referências cinematográficas.

    Chegou às plataformas digitais no início desta quarta-feira (20) a nova faixa de Rashid, "Pílula Vermelha, Pílula Azul". Permeada por uma proposta densa, conforme seus últimos trabalhos, a canção recebe forte influência cinematográfica - da composição ao clipe, que acaba de estrear no Youtube.

    Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, o rapper detalhou a inspiração em Matrix, principal referência do single, bem como outros filmes e produções audiovisuais que contribuíram para a concepção do trabalho.

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    Sobre o filme lançado no final dos anos 1990 por Lilly e Lana Wachowski, o artista reforça a chama atemporal que a narrativa preserva há mais de trinta anos. “Primeiramente, Matrix é um marco. Incrível como os elementos do filme causaram um impacto filosófico na cultura e sociedade. Essa música bebe nessa fonte e também busca muito no clima do Akira (Katsuhiro Otomo)”, explica o cantor paulistano.

    Matrix, Akira, Blade Runner e Cyberpunk 2077

    “Essa chama é vital para minha criação porque muitas vezes eu penso nos sons como possíveis trilhas de algum universo cinematográfico. Esse novo single foi composto e produzido dessa forma, pensando na ambientação do Akira, do Matrix, do Blade Runner e até mesmo do jogo Cyberpunk 2077. O conceito é futurista mas é marginal, é o gueto do futuro. Não à toa escolhi um trecho da faixa 'Banditismo Por Uma Questão de Classe' de Chico Science & Nação Zumbi pra citar como abertura do meu single, sempre pensei que Chico & Nação soassem exatamente como a trilha sonora de um Brasil futurista. Isso falando de um Brasil real, o Brasil do povo.”

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    Fã da Marvel, especialmente do X-Men Wolverine, Rashid tem uma forte relação com a cultura pop. Questionado sobre o gancho que pescou as referências, o artista explica que atualmente existe uma conversa constante sobre inspirações que enriquecem as rimas da cena.

    “Cultura Pop, esportes, literatura, música e por aí vai… Houve momentos em que a grande febre era tentar desvendar as referências escondidas nos clipes e sons, como no lançamento de ‘This Is America’, do Childish Gambino. Isso é bacana, mas também gerou um esvaziamento das razões pelas quais usamos isso como uma técnica de escrita”, defende.

    Ele continua: “Caetano e Gil fazem isso há décadas também, então não é uma exclusividade do agora. Minha forma de usar essas referências, sempre esteve ligada à urgência das batalhas de rima. Ali, você precisa fazer com que a platéia entenda o que você quer dizer imediatamente, então fazer associações com coisas que já estão no imaginário popular causam esse estalo rápido”, conta. “Daí vem minha forma de trazer o que me cerca pra minha poesia, mas de certa forma, sentia que até esse momento, minhas inspirações e referências só apareciam mesmo em minha arte em forma de referências e citações. Isso me fez refletir bastante sobre como deixar isso ir além das rimas. Essa nova fase, esse Rashid de amanhã, tem como busca permitir que as influências aflorem em todas as dimensões do trampo, para além das letras que sempre foram minha preocupação principal. Agora eu quero expandir meu próprio universo.”

    A faixa ainda conta com o trecho "não me empurra que eu to no limite", que foi retirada e traduzida da faixa “The Message”, do grupo norte-americano Grandmaster Flash and the Furious Five. Anteriormente, o rapper explicou o conceito para seu novo trabalho: "Eu acho que a mensagem desse som tem alguns caminhos e camadas: de ser uma trilha pra esse Brasil do dia a dia, o Brasil trabalhador, mas de também ser um alerta, de demonstrar ali que tem algo errado, pensando na visão de mundo de quem tem privilégios".

    Pílula Vermelha, Pílula Azul

    A composição do trabalho, que elenca tais influências do cinema, não necessitou de um critério para que tais filmes entrassem no caldeirão de referências, já que as rimas surgiram espontaneamente. “A única decisão friamente calculada foi quando eu cheguei para o Grou, produtor da faixa, e disse: ‘Quero uma música que poderia ser trilha sonora do Akira!’. A partir daí, o que foi sendo agregado ao som era porque tinha relação e relevância. Eu vou deixando fluir assim. Penso que quando esse tipo de coisa é muito premeditada, a gente acaba produzindo algo forçado.”

    Por fim, Rashid reforça que, caso enfrentasse a dúvida entre a pílula vermelha e a pílula azul, escolheria a primeira, pois “simboliza a verdade pura, com suas dores e delícias”. Ele acrescenta: “É isso que Morpheus oferece ao Neo quando apresenta as pílulas. Na minha arte, o grande norte é a busca pela verdade das (e nas) coisas.”

    “Pílula Vermelha, Pílula Azul” já está disponível nas plataformas digitais. A faixa é assinada por Grou. Já na direção do registro audiovisual está Levi Riera, que trabalhou com Rashid em Diário de Bordo 6.

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