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    Kati Critica: Viva o retorno das comédias românticas!

    É fácil ser fã de Quentin Tarantino. Quero ver apreciar Casamento Grego!

    Katiúscia Vianna é uma redatora do AdoroCinema que acumulou mais de duas décadas de cultura inútil e decidiu transformar isso num emprego. Nessa jornada, ela tem a missão de representar os fandoms barulhentos e/ou esnobados do Twitter, falar das séries que a crítica ignora e celebrar as '"farofas" que trazem alegria para o povo. Ou seja, os guilty pleasures! Com um ponto de vista 'singular' (ou doido, depende de quem opina), surge a coluna Kati Critica — misturando açúcar, tempero e um pouco de haterismo zoeiro.

    Sejamos sinceros: o mundo não é um lugar muito bacana. Ok, existem algumas pessoas boas, vídeos de cachorrinhos e gatinhos sendo fofos, esperança desde que o Leonardo DiCaprio ganhou um Oscar... Porém, ler as notícias não é algo agradável. Felizmente, uma arte quase esquecida está voltando para nossas vidas. Uma arte que não deseja revolucionar barreiras filosóficas que rendem aqueles vídeos explicando o final do filme no Youtube. É uma arte que não dá para explicar, apenas sentir. Fica aqui o agradecimento para todos os responsáveis pelo retorno das comédias românticas!

    Injustamente, o gênero é sempre alvo de piadinhas. É considerado "aquele filme mentiroso que minha namorada me obrigou a ver", enquanto é completamente permitido adorar o filme de Velozes & Furiosos que tem o The Rock segurando um míssil com as próprias mãos!

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    Mas, para muitos (inclusive a pessoa que escreve este texto), as comédias românticas são formadoras de caráter. Eu cresci vendo filmes com Sandra Bullock e Julia Roberts, me fazendo acreditar que o amor existe, como o bem pode vencer o mal, como o interior é mais importante que o exterior... E Miss Simpatia me ensinou defesa pessoal, oras! 

    Aliás, se você é um dos desinformados que chama Sandra Bullock de "a moça do Bird Box", tome vergonha na sua cara e vá ver a filmografia da rainha. Vai lá. Eu espero.

    Anos antes, o pessoal se encantava com Meg Ryan gritando com Billy Crystal num restaurante (Harry e Sally - Feitos um para o Outro). Outra geração suspirava com John Cusack segurando uma caixa de som, na janela de sua amada, em Digam o que Quiserem. Até aqueles que se consideram cultos demais para comédias românticas, elogiam o trabalho de Woody Allen em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e Manhattan. Sem falar nos clássicos, tipo GreaseA Princesa e o Plebeu e Os Homens Preferem as Loiras. Ou seja, hipocrisia mandou beijos.

    Uma das lembranças mais marcantes que tenho da infância é ouvir "Nothing Gonna Stop Us Now", após ver um cara se apaixonando por uma mulher amaldiçoada a ser um manequim, durante séculos, na Sessão da Tarde (Manequim - A Magia do Amor). Já alguns dos filmes que reuniam minha família na sala eram Casamento GregoEla É Demais e Tudo para Ficar com Ele. Sim, tenho um passado estranho.

    Ninguém pode ignorar como as 'rom-coms' trouxeram grandes momentos para o cinema — além de estabelecer padrões muito altos para namorados pelo mundo afora, o que, certamente, já causou decepções amorosas em vários trouxas como eu. Que atire a primeira pedra quem não lembra de Heath Ledger cantando nas arquibancadas do colégio (10 Coisas que Eu Odeio em Voce)?

    Ou debateu se Andrew Lincoln era stalker ou fofo ao aparecer com plaquinhas na casa de Keira Knightley (Simplesmente Amor)? Ou sofreu com o "gel de cabelo" de Cameron Diaz em Quem Vai Ficar Com Mary?? Ou dançou "Thriller" com Jennifer GarnerMark Ruffalo em De Repente 30? E, finalmente, se nunca recitou "Eu sou apenas uma garota, parada em frente a um garoto... pedindo para ser amada" junto com Julia Roberts em Um Lugar Chamado Notting Hill, você não tem alma.

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    Depois do auge nos anos 90/início dos anos 2000, o gênero caiu bastante. Os filmes já não atraíam tantas pessoas aos cinemas e os estúdios pararam de investir neles. Afinal, o mundo ficou mais sagaz e ninguém ia pagar ingresso caro para ver uma mina ingênua, se apaixonando pelo bad boy arrependido, dentre confusões vergonhosas. Demoraram para entender que não foi a paixão por comédias românticas que diminuiu... Só esqueceram de adaptá-las para os tempos modernos. Não entenda errado: nós sabemos que a história vai ter um final feliz (em 95% dos casos, pelo menos). A diferença é como você conta essa história. Já dizia o hino "The Climb", de Miley Cyrus: não importa o resultado, mas sim a subida!

    Sim, notícia bombástica: comédias românticas podem trazer algo novo!

    Basta lembrar que O Casamento do Melhor Amigo quase não foi produzido, pois tinham medo de apostar numa protagonista que era, praticamente, a vilã da história. E, mesmo quando o gênero parecia desaparecer das telonas, ainda surgiam exemplos criativos, como Ligeiramente Grávidos, (500) Dias com Ela, Questão de Tempo, Mesmo se Nada Der Certo... Nossa, uma sessão de Ele Não Está Tão a Fim de Você com minhas amigas já rendeu um debate de quatro horas sobre relacionamentos. 

    Resumindo, é só uma questão de saber falar com o novo espectador. Enquanto os filmes pecavam, a TV chegou para salvar o gênero e aprofundar personagens que se envolvem em confusões amorosas. Surgem New Girl, You're The Worst, Master of None, Jane the Virgin, Catastrophe, Girls, InsecurePlease Like Me e por aí vai!

    Quando tudo parecia perdido e só restava ver as 15 reprises semanais de A Proposta na TV a cabo, as comédias românticas começaram a voltar, numa reviravolta típica de M. Night Shyamalan! Primeiro, vieram as produções independentes, como Doentes de Amor e Sing Street. Em 2018, Podres de Ricos mostrou que ainda dá para ser um sucesso de bilheteria e revolucionou com um elenco todo asiático. Já Com Amor, Simon trouxe os romances LGBT para os grandes estúdios. E, se você não quer pagar ingresso, basta ter a Netflix.

    Boba, nem nada, a plataforma viu que existia esse buraco na cultura e entregou diversas 'rom-coms' pelo mundo. Se O Plano Imperfeito foi uma grata surpresa ao tratar o tema de forma madura, os teens Para Todos os Garotos que Já AmeiA Barraca do Beijo foram fenômenos de popularidade. Sério, o grande sorriso que uma pessoa adulta (como eu) dá ao ver Peter Kavinsky (Noah Centineo) girando Lara Jean (Lana Condor) devia ser pecado... 

    Ao mesmo tempo, a demanda pelo retorno do gênero é tão grande, que parte do público até aceita aquelas tramas cheias de clichês, apenas para distrair a cabeça durante duas horas. É curioso ver como os natalinos O Príncipe do Natal e A Princesa e a Plebeia ainda encontraram fãs fieis e rendem conversas nas redes sociais. 

    Ou seja, nada contra os outros gêneros, porém as comédias românticas são mais legais. É só perceber como elas trazem o melhor dos dois mundos — novamente citando Hannah Montana aqui, Miley Cyrus é uma filósofa contemporânea. Elas podem ser completamente previsíveis. Ou usar a criatividade para reinventar o amor. Elas representam nossa realidade, mas ainda trazem um toque mágico, algo que nos faz acreditar que algo especial está por vir. Basta se jogar!

    Moral da história: Nunca duvide do poder das comédias românticas. Elas transformam até Adam Sandler num (quase) galã. Ter uma 'crush' nele em Afinado no Amor e Como Se Fosse a Primeira Vez, quem nunca?

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