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    Guia do Festival de Berlim 2019

    Descubra as críticas, notícias e os principais filmes exibidos na 69ª edição do festival alemão.

    Mostra competitiva

    A disputa pelo Urso de Ouro traz 17 concorrentes, além de 6 filmes apresentados fora de competição:

    The Kindness of Strangers, de Lone Scherfig (Dinamarca / Canadá / Suécia / Alemanha / França) - filme de abertura

    Numa noite de inverno, três desconhecidos acabam se cruzando dentro do "Palácio de Inverno", um restaurante russo nos Estados Unidos. Entre eles está Marc (Tahar Rahim), um ex-presidiário, Clara (Zoe Kazan), uma jovem fugindo do marido violento, Alice (Andrea Riseborough), uma enfermeira caridosa. A diretora Lone Scherfig é mais conhecida pelos dramas Educação e Um Dia.

    By the Grace of God, de François Ozon (França)

    Um dos filmes mais controversos de Berlim deve ser este drama baseado em fatos. Alexandre (Melvil Poupaud) é um homem traumatizado pelo abuso que sofreu de um padre na infância. Décadas mais tarde, ele descobre que o abusador continua livre, trabalhando junto a novas crianças. Ele cria coragem para procurar outros homens que agredidos e denunciar o caso. Inspirado na história real do padre que abusou de mais de 70 crianças na França.

    The Golden Glove, de Fatih Akin (Alemanha / França)

    Um dos principais candidatos da Alemanha também se inspira em uma chocante história real: nos anos 1970, um serial killer matou dezenas de mulheres no distrito de St. Pauli - a terra natal do cineasta. Para a surpresa de todos, Akin optou por uma comédia grotesca com mortes fortes e nudez explícita, o que deve provocar reações fortes no festival.

    The Ground Beneath My Feet, de Marie Kreutzer (Áustria)

    Neste drama, Valerie Pachner interpreta Lola, uma executiva atarefada e bem-sucedida que jamais fala sobre a sua vida pessoal. Na verdade, ela esconde o fato de ter uma irmã com sérios distúrbios mentais. Quanto esta tenta suicídio, Lola se esforça para ajudá-la, mas suas próprias alucinações indicam que ela também possa estar perdendo a sanidade.

    So Long, My Son, de Wang Xiaoshuai (China)

    Um dos projetos mais ambiciosos em competição é este filme de três horas de duração, sobre três décadas na vida de uma família chinesa. Liyun e Yaoyun têm a vida transformada quando o filho pequeno morre afogado, e se mudam para uma cidade distante no intuito de superar o trauma. No novo local, adotam uma criança que jamais os reconhece como pais, e então desaparece. Liyun e Yaoyun decidem então retornar ao local do trauma.

    Elisa & Marcela, de Isabel Coixet (Espanha)

    Uma das queridinhas da Berlinale, a cineasta espanhola apresenta desta vez a história pouco conhecida do primeiro casamento homossexual na história europeia. Em 1910, duas professoras apaixonadas (Natalia de Molina e Greta Fernández) tinham que esconder o relacionamento da sociedade católica, e encontraram um meio inusitado de ficarem juntas quando Elisa roubou os documentos de um falecido e se passou por um homem no intuito de sacramentar a união. 

    God Exists, Her Name is Petrunya, de Teona Strugar Mitevska (Macedônia / Bélgica / Eslovênia / Croácia / França)

    Esta crônica da sociedade macedônia gira em torno de uma mulher de 31 anos, Petrunya (Zorica Nusheva), cuja formação em História não lhe garante um emprego. Um dia, decide pular no rio para dar um mergulho, e por acaso se encontra no meio de uma cerimônia religiosa reservada aos homens. Ela agarra uma cruz lançada às águas - algo proibido às mulheres -, e causa sérias transformações na ordem local.

    I Was At Home, But, de Angela Schanelec (Alemanha / Sérvia)

    Conhecida pelos filmes herméticos e marcados por saltos temporais, Schanelec integra a mostra competitiva com a história de Astrid (Maren Eggert), cujo filho de 13 anos desaparece durante uma semana. Quando retorna, ele não diz uma palavra sequer, mas a mãe suspeita que se trata da dor pela perda do pai. Eles tentam retomar a rotina, quando o garoto é internado com envenenamento. Astrid começa a pensar então que algo diferente possa ter acontecido no período de ausência.

    A Tale of Three Sisters, de Emin Alper (Turquia / Alemanha / Holanda / Grécia)

    A Anatólia, cenário dos filmes de Nuri Bilge Ceylan, também serve de pano de fundo nesta história sobre três irmãs de 20, 16 e 13 anos de idade, todas enviadas pelo pai à cidade para trabalharem como empregadas domésticas. Quando retornam, elas foram sensivelmente modificadas pela experiência na cidade - uma está grávida, enquanto outra é perseguida por ter batido numa criança.

    Mr. Jones, de Agnieszka Holland (Polônia / Reino Unido / Ucrânia)

    Biografia do fotógrafo de guerra Garreth Jones (James Norton), um dos primeiros a denunciar ao mundo inteiro a miséria em que viviam os agricultores sobre o regime de Stalin e os crimes cometidos pela polícia soviética. Ele enfrentou fortes ameaças para abandonar o trabalho e enfrentou o fotógrafo oficial do governo, Walter Duranty (Peter Sarsgaard), que buscava manter uma imagem positiva de Stalin. 

    Öndög, de Wang Quan'an (Mongólia)

    Neste raro filme mongol em competição, um policial jovem e despreparado (Norovsambuu Batmunkh) recebe a tarefa de investigar o assassinato de uma moradora local, cujo corpo nu é encontrado num rio. Ele pede a ajuda de uma forte pastora local (Dulamjav Enkhtaivan), acostumada a lidar com sua arma. Durante a primeira noite em que vigiam o corpo, eles se conhecem melhor e o contato muda a vida de ambos.

    Piranhas, de Claudio Giovannesi (Itália)

    Baseado no romance "La Paranza dei Bambini", o filme traça o retrato de gangues adolescentes que atuam em Nápoles. No centro da história está Nicola (Francesco Di Napoli), jovem de 15 anos que reúne esforços e armamento para desafiar o chefe do tráfico local e se impor entre os maiores. Roberto Saviano, conhecido pelo roteiro de Gomorra, criou a nova história.

    Ghost Town Anthology, de Denis Côté (Canadá)

    O curioso suspense se passa numa cidadezinha de 215 habitantes no Quebec, onde um acidente de carro envolvendo o jovem Simon choca todos os moradores. A maioria das pessoas prefere evitar o assunto e seguir a vida, mas a prefeita prefere conduzir investigações minuciosas. Enquanto isso, uma névoa toma conta da região e traz estranhas figuras que começam a cometer crimes.

    Synonyms, de Nadav Lapid (França / Israel / Alemanha)

    Baseado na experiência pessoal do diretor, o filme explora a chegada do israelense Yoav (Tom Mercier) a Paris. O jovem detesta sua nacionalidade e suas origens, guardando o sonho de se naturalizar francês. O primeiro passo é se integrar na sociedade francesa e banir completamente sua língua natal. Com a ajuda de um dicionário, ele inicia os trâmites legais para se tornar francês, mas o exaustivo processo revela uma realidade inesperada sobre a nova pátria.

    System Crasher, de Nora Fingscheidt (Alemanha)

    Aos nove anos de idade, Bernadette foi retirada dos cuidados da mãe que não sabia como lidar com a criança hiperativa. Apesar da ajuda de psicólogos e assistentes sociais, ela é constantemente rejeitada por novos lares, que a consideram incontrolável. Na verdade, a garota sabota os lares acolhedores de propósito, porque sonha em retornar aos cuidados da mãe.

    Out Stealing Horses, de Hans Petter Moland (Noruega / Suécia / Dinamarca)

    Baseado no best seller homônimo, o drama nórdico gira em torno de Trond (Stellan Skarsgaard), um homem traumatizado pela perda recente da esposa. Ele decide abandonar a cidade grande e se mudar para uma pequena cabana no campo. No local, encontra um velho conhecido de sua infância, e relembra o tempo quando era jovem e cavalgava com o pai. As memórias felizes se alternam com o presente melancólico.

    One Second, de Zhang Yimou (China)

    Considerado o retorno de Yimou ao cinema de arte depois de Herói e O Clã das Adagas Voadoras, este drama se passa na China durante a Revolução Cultural. Um homem escapa aos trabalhos forçados porque deseja assistir a uma cena precisa de um filme prestes a ser exibido no vilarejo vizinho. Mas uma garotinha acaba de roubar o rolo de película. Assim, os caminhos de ambos se cruzam. O diretor tem apresentado o projeto como sua carta de amor ao cinema, espécie de Cinema Paradiso asiático.

    Fora de competição

    Marighella, de Wagner Moura (Brasil)

    Estreia de Moura na direção, o filme retoma a história de Carlos Marighella (Seu Jorge), militante contra a ditadura militar, desde o golpe de 1964 até seu assassinato em 1969. O drama, que inclui Adriana EstevesBruno Gagliasso no elenco, resgata a luta contra o governo opressor que usou toda a força possível para silenciar as vozes opositoras.

    Farewell to the Night, de André Téchiné (França / Alemanha)

    Catherine Deneuve é o principal destaque deste drama sobre a ascensão do terrorismo islâmico. Ela interpreta Muriel, empresária que passou parte da vida na Argélia, e que recebe um dia a visita do neto Alex (Kacey Mottet Klein), prestes a se mudar para o Canadá devido a um novo emprego. Aos poucos, ela descobre que os planos são outros, e envolvem a participação em grupos extremistas. Muriel precisa decidir se defende o familiar ou revela o plano criminoso para evitar uma catástrofe.

    Amazing Grace, de Alan Elliott (Estados Unidos)

    Em 1972, Sydney Pollack esteve presente na igreja batista New Temple Missionary, em Los Angeles, para gravar a apresentação de Aretha Franklin em seu retorno à música gospel. Apesar de horas de registro, o filme não foi finalizado. Agora, Elliott retomou o material e concluiu o documentário, que apresenta um olhar único sobre o talento da cantora.

    The Operative, de Yuval Adler (Alemanha / Israel / França / Estados Unidos)

    Neste suspense policial, Diane Kruger interpreta uma agente secreta de alto nível, recrutada pelo serviço de inteligência israelense para espionar um empresário persa. Ela se muda para o Teerã e inicia um relacionamento com seu alvo, até um evento despertar a vontade de abandonar a profissão. Antes de sumir por completo, ela deixa uma mensagem secreta para Thomas (Martin Freeman), seu contato dentro da agência. Logo, toda a inteligência israelense estará atrás da mulher que sabe demais.

    Varda by Agnès, de Agnès Varda (França)

    Neste projeto autobiográfico, a veterana francesa mistura cinema, fotografia e teatro para avaliar toda a sua trajetória, dividida em duas partes: a "fase analógica", de 1954 a 2000, quando desempenhou principalmente a função de diretora, e a "fase digital", de 2001 a 2018, quando se aventurou por novas formas de arte, misturando a pintura, o design e as manipulações computadorizadas.

    Vice, de Adam McKay (Estados Unidos)

    Único filme selecionado em Berlim que já está em cartaz nos cinemas (brasileiros, inclusive), Vice ganha uma exibição especial para valorizar o trabalho de Christian Bale como o ambicioso vice-presidente americano Dick Cheney, que adota posturas radicais e conservadoras dentro do governo. O filme está indicado a 8 Oscar, incluindo melhor filme, ator, atriz coadjuvante e diretor.

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