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    O Homem nas Trevas 2
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Homem nas Trevas 2

    Menos inventividade, mais sangue

    por Kalel Adolfo

    O primeiro capítulo de O Homem nas Trevas reúne todos os elementos de um bom suspense: história objetiva, execução inventiva e um elenco competente que consegue nos manter conectados emocionalmente durante toda a experiência. Portanto, a notícia de que a obra sufocante de Fede Alvarez (A Morte do Demônio) ganharia uma continuação preocupou alguns fãs do projeto. Como atingir a engenhosidade do longa sem soar repetitivo?

    Mas de forma surpreendente, o cineasta Rodo Sayagues — parceiro de longa data de Fede — consegue entregar uma sequência sólida, repleta de ambientações claustrofóbicas e definitivamente mais sanguinária que o volume anterior. Tudo bem, não há muitos motivos para O Homem nas Trevas 2 ter sido desenvolvido. Porém, a produção oferece doses elevadas de adrenalina — e flertes com o subgênero slasher — que são sempre bem-vindos.

    Roteiro se afasta das raízes e propósitos do primeiro filme

    Alguns anos após a invasão retratada no primeiro longa, Norman Nordstrom vive isolado com a sua filha em uma residência distante da movimentação urbana. Porém, em certo dia, um grupo de criminosos sequestra a menina, obrigando o personagem de Stephen Lang (Avatar) a resgatar a sua conhecida personalidade brutal.

    O maior erro desta sequência é tentar humanizar Norman. Até porque, um dos pontos mais provocativos de seu antecessor é apresentar personagens duvidosos enfrentando situações extremas. Os bandidos não estavam certos ao tentar roubar a fortuna de um idoso cego. Porém, isso não descarta a repugnância dos atos de Nordstrom, que pune os invasores de maneira desproporcional e sádica.

    Diante de um embate como esses, fica difícil escolher lados. Porém, a obra dirigida por Fede consegue nos conectar a esses indivíduos tão problemáticos, trazendo à tona reflexões que ultrapassam a esfera do suspense. Esse não é o caso de O Homem nas Trevas 2.

    No lugar de uma proposta multifacetada, há um roteiro que separa claramente os mocinhos dos vilões. Todo o ar desafiador da saga é perdido. Desta vez, o que temos é uma história enérgica, estranhamente divertida, porém desprovida de propósito e inovação.

    Execução aproxima o filme do subgênero slasher

    Mas claro, se o roteiro peca em entregar originalidade, ele satisfaz — e muito — o apetite dos fãs de slashers. Existem dois atos muito bem distribuídos na produção: o primeiro gira em torno da perseguição sofrida por Norman e Phoenix, que precisam escapar dos criminosos implacáveis que são tão habilidosos quanto o nosso anti-herói cego.

    Nesta porção do roteiro, Rodo Sayagues replica algumas características da franquia, como as ambientações claustrofóbicas, mortes brutais — que são surpreendentemente mais gráficas — e um jogo de gato e rato que está sempre em constante alternância. Esconderijos, fugas urgentes e combates ditam o tom.

    Já no segundo ato — que acontece após o sequestro de Phoenix — acompanhamos Norman em uma espécie de missão de resgate. Aqui, o diretor abre mão do suspense e mergulha na ação desenfreada. Apesar de não incomodar tanto, a escolha acaba diminuindo o senso de urgência e perigo da narrativa.

    Exageros e dramas superficiais diminuem a credibilidade da história

    Nem todos os excessos são bem-vindos: apesar do gore potencializar o impacto de inúmeras sequências, alguns acontecimentos improváveis diminuem a credibilidade da história. Além disso, certos pontos dramáticos — como o desejo de Phoenix em ser uma criança normal — são tão mal desenvolvidos que beiram a cafonice.

    O treinamento da jovem na abertura do longa parece ter saído de qualquer produção convencional de heróis, e os conflitos familiares entre Phoenix e Norman apenas comprovam o quanto o projeto é superficial quando desvia a atenção para assuntos mais sérios.

    Mesmo assim, quando assistimos a obra com um olhar menos analítico, é possível aproveitar os inúmeros momentos angustiantes da produção. Caso focasse exclusivamente no gênero que fez a saga encontrar sucesso, o seu desempenho seria ainda melhor.

     

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    Comentários

    • Igor Santos Attêndere Seguros
      Apesar dos diversos clichês do filme, para mim essa sequência consegue ser melhor do que o original. As câmeras são bem posicionadas, principalmente na parte em que o filme se passa dentro da casa dos protagonistas, o que nos dá a impressão de estarmos dentro do ambiente nos escondendo também. As locações também dão um clima sombrio, principalmente na parte final. A trama tem mais de uma reviravolta, que surpreende muito bem na sua metade, fazendo com que pareça um roteiro até a primeira metade e outro da segunda metade em diante. Bom produzido e bem dirigido, com boa fotografia e bons efeitos visuais, tem um final previsível, mas isso não faz o filme ser menos interessante.
    • Gabriel
      Recomendo muito , nem sempre é certo analizar um filme de maneira crítica , técnica especializada. Basta mergulhar de cabeça na adrenalina que ele proporciona , tensão e sustos . É certo que o filme tem um enredo um pouco forçado e com situações que beiram o impossível , mais o que separa um filme da realidade é a imaginação ! Tenso , eletrizante com um toque de reviravolta que não esperávamos encontrar quando já se está no meio pro fim do filme . Vale cada centavo seu pro cinema .
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