Keanu Reeves é um ator extremamente limitado, mas difícil achar alguém que não simpatize com ele. Eu mesmo gosto bastante dele. O cara fez filmes excepcionais, já trabalhou com cineastas incríveis, e já contracenou com atores geniais. Mas convenhamos, dramaticamente falando, Reeves é muito fraco. E neste caso, ele até se esforça, mas seu personagem não ajuda. O filme é uma forçação de barra astronômica, desde as primeiras cenas. E juntar atores ruins, pois Keanu não é o único em cena, com Eli Roth, um diretor/ator/roteirista que não é conhecido por ser um primor em sua área (muito pelo contrário, pois ele tem um fascínio extremo pelo trash e pelo ofensivo, vide O Albergue, sua “obra-prima”), é, para dizer no mínimo, um tiro na escuridão. A ideia até que é levemente interessante. Evan (Reeves) é um quarentão casado, pais de dois filhos, e que vive com uma família de comercial de margarina. Porém, no dia dos pais, ele precisa ficar em casa para terminar um projeto do trabalho enquanto sua esposa e filhos viajam para uma praia no feriadão. Eis que à noite, duas jovens estonteantes (Lorenza Izzo e Ana de Armas), tocam à sua porta, ensopadas devido à chuva, se dizendo perdidas. Daí, as “simpáticas” jovens simplesmente tornam a vida de sonhos de Evan num verdadeiro pesadelo. Não vale contar muito mais que isso (apesar de que o trailer do filme conta mais spoilers que qualquer outra coisa). O que acontece é que o filme foi vendido como um terror psicológico, mas nada mais é do que uma comédia de humor negro com toques de suspense barato e previsível. Além dos atores ruins que eu já havia citado, o roteiro é tão exagerado e falho, que causa irritação constante. Os personagens não são carismáticos, e o protagonista é simplesmente um tremendo idiota. Tudo aquilo que você pensa “não faça isso, cara”, ele vai lá e faz. Por fim, cheguei a pensar por alguns instantes que ele merecia todo aquele sofrimento que lhe assola. Acontece que o espectador acaba ficando com raiva dele, por ser tão exageradamente burro, e das garotas, que são exageradamente chatas, estridentes e irritantes. Vocês se lembram da Glenn Close em Atração Fatal? Multiplique essa loucura por mil. Talvez vocês assim tenham a percepção da loucura dessas jovens que resolvem destruir a vida do protagonista gratuitamente. O filme até tem alguns poucos lampejos de criatividade, trazendo alguns bons momentos, mas nada que desfaça o mal generalizado de uma realização tosca que só faz aborrecer e causar constrangimento alheio. Enfim, outra pérola para entrar no rol de piores do ano.