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    Sob Pressão: "Duvido que seja a última", diz Andrucha Waddington sobre 5ª temporada e o futuro da série (Entrevista)
    Nathalia Jesus
    Nathalia Jesus
    -Redatora e crítica
    Jornalista apaixonada por cinema, televisão e reality show duvidoso. Grande entusiasta de dramas coreanos e tudo o que tiver o dedo de Phoebe Waller-Bridge.

    AdoroCinema esteve na coletiva de imprensa, que contou com a presença do diretor Andrucha Waddington, o roteirista Lucas Paraizo e o elenco da série.

    Uma equipe médica que faz o que pode com os poucos recursos que tem e trabalha em um hospital público em estado precário.

    Só pela breve descrição é fácil imaginar que estamos falando sobre o cenário brasileiro do SUS e, mais especificamente, de Sob Pressão, premiada série da Globoplay que chega em sua 5ª e (até o momento) última fase nesta quinta-feira (2). Descrita como a temporada “mais linda de todas” pelo protagonista Júlio Andrade e “a melhor de todas” pelo diretor Andrucha Waddington, o primeiro episódio já é carregado de emoção com a presença de Lázaro Ramos e Marco Nanini, que interpreta Heleno, o pai ausente do médico Evandro.

    O AdoroCinema participou da sessão especial da 5ª temporada de Sob Pressão e, também, da coletiva de imprensa que contou com a presença de Andrucha Waddington, o roteirista Lucas Paraizo, e os atores Júlio Andrade, Marjorie Estiano, Bruno Garcia, David JuniorPablo Sanábio e Kelner Macêdo.

    Sob Pressão
    Sob Pressão
    Data de lançamento 2017-07-25 | min
    Séries : Sob Pressão
    Com Marjorie Estiano, Júlio Andrade, Marco Nanini
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    Nesta temporada, os profissionais da saúde também mostram sua exaustão e vulnerabilidade. No enredo dos próximos episódios, a protagonista Carolina (Marjorie Estiano) descobre um câncer de mama e, de médica, se torna paciente. Para entrar na pele de sua personagem, a atriz revelou que entrevistou uma doutora que também passou pela mesma situação que Carolina.

    “Essa inversão [de papel] provoca ainda mais reflexões e impacta ainda mais as decisões dela. Ela vai passar por todo o arco de negação, de medo, de reflexão, de se debater com aquela realidade até conseguir ultrapassar aquilo e descobrir, ressignificar tudo aquilo que está acontecendo com ela. Eu entrevistei a doutora Marcela, que era uma médica que também teve um câncer de mama.”

    Ela continuou: “Eram personalidades muito distintas. A doutora Marcela é muito diferente da doutora Carolina, mas uma coisa que ela observou foi que você costuma entrar no hospital por uma porta, põe seu jaleco, a sua capa de super-herói. Isso tem um poder. E, quando colocava aquele pijaminha de paciente, ela se sentia enfraquecida, em uma posição de vulnerabilidade. A gente vai ver a Carolina passando por todas essas etapas.”

    Defendendo o olhar para as necessidades dos profissionais de saúde, o roteirista Lucas Paraizo afirmou: “O que a gente fez nessa quinta temporada tem uma premissa muito forte. Nossos médicos estão doentes. Jogamos um pouco o holofote neles. A partir do plantão de Covid, quando o doutor Evandro fica doente, a gente entendeu que era muito importante olhar para eles e entender que os profissionais de saúde também estão esgotados.”

    5ª temporada pode não ser a última

    Embora tenha sido anunciada como a última temporada de Sob Pressão, o diretor Andrucha Waddington ligou as antenas dos jornalistas presentes na coletiva quando afirmou que ainda há muitos ganchos a serem abordados na série.

    “A gente poderia fazer 20 temporadas. A gente sempre diz que vai ser mas eu duvido que seja a última. E eu não posso falar isso porque não foi encomendado ainda. Temos arcos longos, que são as histórias dos protagonistas, e a gente tem, além disso, os arcos verticais que acontecem e dura um episódio”, afirmou o cineasta.

    Como o próprio roteirista Lucas Paraizo afirmou, a matéria-prima que traz inspiração para a produção da Globoplay é inesgotável, mas havia a preocupação de ser uma trama muito densa para os espectadores. “Quando a gente começou a fazer a primeira temporada, não tínhamos muita certeza se o público ia querer ver algo tão duro e às vezes tão impactante e emocionante depois de chegar em um dia difícil de trabalho, mas por sorte a gente estava errado.”

    A gente fala que a saúde pública no Brasil está doente e isso é o motor de todas as temporadas. A saúde precisa ser defendida. Precisamos denunciar esse sucateamento do SUS.

    Impacto social de Sob Pressão

    A série da Globoplay conquistou um grande público por se aproximar de suas realidades e experiências em hospitais em situação de precariedade. O merchandising social da série impactou tanto aos espectadores que surtiu efeito parecido com o ocorrido em 2000, quando a novela Laços de Família fez alavancar o número de inscrições para doação de medula em um período de dois meses.

    As temáticas que a gente desenvolve dentro da dramaturgia também mobilizam o espectador. Mas a gente não tem controle sobre isso”, comento Marjorie Estiano. “E quando é na saúde, você vê imediatamente o resultado ali no número de, por exemplo, pessoas que procuram ou se interessam sobre doação de órgãos imediatamente após um episódio que fale sobre estes procedimentos”

    Andrucha Waddington complementou a fala da atriz: “Isso aconteceu de fato, né? A média de procura de doação de órgãos era em torno de 300 por dia e passou para 8000 no dia seguinte que a gente exibiu o episódio que era sobre um transplante de coração.”

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    A defesa do SUS é um dos assuntos que mais interessam aos escritores e, segundo Andrucha Waddington, a ideia não é só denunciar, mas enaltecer o sistema público de saúde no Brasil. "Sem o SUS, durante a pandemia, o Brasil estava perdido. Tem países que não têm saúde pública, como os Estados Unidos, por exemplo, e a Inglaterra tem a NHS, só que lá não tem desvio. Então, se não houvesse desvios e e as mazelas que são inerentes a um terceiro mundo que o Brasil pertence, a gente teria o SUS muito poderoso e muito efetivo, mas ele já é poderoso."

    "Sob Pressão mostra toda a intimidade, todo o interior desse conjunto que se baseia, principalmente, nos profissionais [...] que fazem o que é possível naquele momento, desde a desestrutura do sistema até a maneira que eles atuam", concluiu Marjorie Estiano.

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