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    Sob Pressão: Marjorie Estiano compara série nacional com Grey's Anatomy (Entrevista)

    O AdoroCinema ainda conversou com Júlio Andrade, Andrucha Waddington e Pablo Sanábio sobre a terceira e última temporada.

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    Sob Pressão, série médica da Rede Globo, estreou sua terceira e última temporada continuando a jornada dos doutores Evandro (Júlio Andrade) e Carolina (Marjorie Estiano). Após o fechamento do hospital Macedão por causa da corrupção na segunda temporada, eles estão trabalhando no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), se planejando para ir para o Médicos Sem Fronteiras, mas acabam, por acaso, no hospital que o Décio (Bruno Garcia) trabalha, um local com emergência e centro cirúrgico desativados. Convidados a se estabelecer ali, eles adiam o sonho e remontam a equipe. Entretanto, terão que lidar com a presença da milícia rondando o hospital. "Esses casos contam um pouquinho, através do micro e do macro, o retrato de como está a saúde pública brasileira", explicou o diretor criativo Andrucha Waddington com exclusividade ao AdoroCinema. "É uma evolução, uma continuidade", disse sobre a história dos protagonistas.

    "É uma personagem que já conhecemos, já sabemos, antecipamos, inclusive, quais seriam as reações", comentou Marjorie Estiano sobre Carolina. "Mas acho que os conflitos são inerentes a qualquer médico que trabalha dentro desse sistema. É um desgaste muito grande, tem sempre um envolvimento com todas as questões, com todos os pacientes que chegam. Eles ainda ficam submetidos à situação da milícia que ronda o hospital e domina a região". O relacionamento entre sua personagem e Evandro também vai sofrer uma evolução, com o rapaz desejando por um filho. "Altos e baixos, desencontros de desejos pessoais e da própria relação. Acho que essa é uma temporada onde a personagem vai se deparar com grande desafios que dizem respeito a esse encontro com a profissão. Acho que ela vai questionar isso em algum momento, o desgaste vai fazer com que reavalie se aquilo ali vale a pena mesmo."

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    "Essa relação do Evandro e da Camila que é o fio condutor da história, é o que mantém a história firme", complementou Júlio Andrade com exclusividade ao AdoroCinema. "[A temporada] tem muitas reviravoltas, como sempre Sob Pressão surpreende a cada episódio. As pessoas podem esperar uma temporada mais consistente, mais forte, mais madura e com os fatos mais atualizados, do que está acontecendo, do que o Brasil está nos dando ou está nos tirando", disse.

    Trazendo como pano de fundo problemas recorrentes, entre eles, a dificuldade da saúde frente à greve dos caminhoneiros que afligiu as terras tupiniquins, o novo ano de Sob Pressão tem como diferencial justamente o nosso país. "A saúde aqui no Brasil não tem nada a ver com a saúde nos Estados Unidos, as questões são totalmente nossas e de origem ancestral brasileira", disse Marjorie Estiano em entrevista ao AdoroCinema. "A corrupção, a cultura, a relação das características do país, da passividade, da calorosidade, todas as qualidades e defeitos", explicou ela sobre os personagens principais, Carolina e Evandro. "Não sou exatamente espectadora de Grey's Anatomy, mas eu não vi muito médicos como os daqui lá", comparou ela. "Pode até ser que tenha, mas não é muito a temática deles. Então acho que o Sob Pressão reflete isso, tanto as qualidade quanto os defeitos do brasileiro e isso não tem comparação. Isso é autoexplicativo."

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    Os temas abordados na série, assim como os casos, são reincidentes, mas isso não quer dizer que sejam repetitivos. "O que é reincidente é o abandono, então ele gera todas as questões que abordamos, tanto na primeira quanto na segunda temporadas", revelamos Marjorie. "A originalidade vem da ficção porque o que é original neste sentido? A realidade imita a ficção, a ficção imita a realidade, é uma construção conjunta. É um reflexo, é algo que coabita, que coexiste. Continuamos contando essa história com essa intenção de espelho da nossa realidade e da nossa sociedade". Andrucha Waddington concorda que se reinventar é fácil. "Acho que é uma coisa que o [roteirista] Jorge Furtado sempre brinca: 'É só ficar meia hora na porta de um hospital que você sai com três episódios'. Então, é uma temática muito plural, muito abrangente e muito viva. Na verdade, realidade imita ficção e ficção imita realidade, ou seja, a gente já não sabe mais o que é o que. Nesse sentido, a ficção espelha muito o que acontece no dia a dia da saúde pública."

    No entanto, Júlio Andrade não acredita que Sob Pressão tenha preocupação com a novidade, especialmente considerando que a série termina no seu auge. "Mesmo tendo três temporadas, ainda é um projeto muito novo, tem muito ainda para contribuir. Apesar de estar acabando agora e fechando o ciclo, acho que é um projeto de infinitas possibilidades. Teria muitas histórias para contar e por isso poderia ser eternamente contado aqui. Mas estamos em um momento também, como fizemos duas temporadas, de dar um tempo, até para vermos o que construímos e para onde queremos ir."

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    Um dos elementos importantes para essa reinvenção é o aspecto cinematográfico. De acordo com Andrucha Waddington, eles foram aprimorando a produção da série ao longo dos anos, além de contarem com novos olhares de diretores estreantes. "A linguagem foi evoluindo. Você vai testando, experimentando, vai achando a linguagem da série. Essa temporada foi muito bacana porque teve não só o Júlio [Andrade] estreando na direção, como Rebeca Diniz e Pedro Waddington. Então, tem três diretores novos além da Mini [Kerti] e eu dirigindo. Já tinha uma linguagem estabelecida, então a equipe e o elenco já estavam muito azeitados. De alguma maneira o Sob Pressão falava sozinho."

    Para Júlio Andrade, se dirigir na frente das câmeras foi um desafio. "Já na primeira direção eu me dirigi. Isso foi muito louco, foi a parte mais maluca de todas", revelou ao AdoroCinema. "A direção é um campo muito novo para mim e muito a ser explorado ainda e que me faz muito feliz, me faz querer aprender, evoluir. Eu sou muito curioso com tudo, com todos os setores do cinema, então eu conheço cada cantinho do cinema e como funciona. Isso facilitou um pouco para eu poder dirigir, chegar ali e dar o meu olhar", revelou, afirmando que pretende seguir a carreira de direção, apesar de nunca abandonar seu lado como ator.

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    Enquanto o segundo ano de Sob Pressão teve as participações de Fernanda Torres e Humberto Carrão, o terceiro ano também contou com novas caras chegando ao hospital. "Essa temporada acho que 120 participações, porque cada episódio tem uma série de aparições que se encerram no próprio episódio e tem as participações de arco longo", revelou Waddington. "No caso, aqui você tem a Drica Moraes, a Ana Paula Cavalcante, o Perfeito Fortuna, a Joana Fomm e as participações pontuais de episódio. Tínhamos um elenco fixo muito azeitado, não só dos personagens, mas do tom da dramaturgia. Isso faz com que os novos atores quando chegam sejam muito acolhidos."

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    A temática é tão importante, não só sobre a saúde pública mas também dos desafios pessoais dos protagonistas. Para Waddington, os heróis da série "são antagonistas deles mesmo", enquanto o grande vilão da história é a própria saúde pública falida."

    Diante disso, Marjorie Estiano revela ter criado identificação com outras mulheres por causa de sua personagem. "[A Carolina] é muito forte, muito real. Tem muitos defeitos, fraquezas, ela vem de um histórico de violência muito grande e é uma mulher que não se vitimiza, que sobrepõe todas essas dificuldades de amparo familiar que ela teve. Não é alguém que você admira e fala: 'Está muito longe de mim'. Ela é muito possível. Então, o retorno que eu tenho [do público] é esse, de uma admiração que é horizontal, de muita identificação, sabe? Recebi histórias de médicas mesmo que usaram, por exemplo, o recurso da automutilação como um canal de alívio para suas angústias particulares. As 'Carolinas' que eu encontrei se sentiram muitos respeitadas, se sentiram vistas e isso dá dignidade, dá força. Você se sentir parte de um grupo fortalece."

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    Já para Pablo Sanábio, a série tem a função de trazer à luz importantes assuntos. "Eu me sinto muito honrado de poder estar falando de um assunto tão importante, tão sério e de ser um projeto que tem tanta identificação e tem também uma função pública muito grande. Todo final de episódio tem aquela cartela que é um serviço social. Um telefone para você entrar em contato, um site para você procurar maiores informações. Então, acho que o artista tem esse lugar, de ser instrumento de algo muito maior."

    Ele interpreta Charles, personagem que deixa de ser residente para seguir a prática, ao lado de seu mentor, Evandro. "Na terceira temporada temos essa curva de Charles saber que tem a capacidade de ser um bom médico, deixando a insegurança para trás. Essa amizade com o Evandro fica ainda mais forte na terceira temporada, essa admiração que um tem pelo outro e esse lugar também do Evandro olhar para o Charles de igual para igual."

    Sob Pressão tem novos episódios todas as quintas-feiras na Rede Globo, após a novela O Sétimo Guardião.

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