Minha conta
    The Flash: Crítica da 5ª temporada

    Mesmo com problemas, o surgimento de Nora West-Allen rendeu grandes melhoras na série.

    Nota: 3,5/5,0

    Fazendo jus ao título, The Flash não tem medo de apressar os grandes acontecimentos da vida do protagonista encarnado por Grant Gustin. Seu maior inimigo surge logo nos primeiros episódios, ele perde o pai no ano seguinte, o relacionamento com Iris (Candice Patton) já gera um pedido de casamento na terceira temporada. Porém, ousado mesmo é centrar sua recente temporada na filha adulta de Barry. Principalmente numa versão diferente daquela apresentada nas HQs.

    Basicamente, a quinta temporada gira ao redor de Nora West-Allen/XS (Jessica Parker Kennedy), que volta no tempo para impedir o desaparecimento do pai na 'Crise nas Infinitas Terras' e derrotar Cicada (Chris Klein), único vilão nunca capturado pelo Flash. Já roubando a cena no ano passado, a atriz é capaz de criar uma figura cheia de carisma e personalidade, que percorre numa jornada de amadurecimento, num claro paralelo ao caminho de Barry no início da série. A química entre Kennedy e seus pais na ficção é natural (sem falar que ela realmente parece uma mistura de Gustin e Patton, palmas para o diretor de elenco). Por sua vez, os intérpretes do casal West-Allen abraçam esse novo desafio com honestidade, tanto que os momentos do trio são grandes destaques. Vide a brutal discussão entre o canal em 'Snow Pack', onde ambos têm reações bem diferentes diante da "traição" de XS, ambas justificáveis com a construção de cada personagem.

    Então, é preciso falar de Eobard Thawne (Tom Cavanagh). Sem dúvida, Flash Reverso segue como o melhor vilão da série e seu inesperado retorna gera uma bela surpresa ao quebrar os moldes das outras temporadas. Tendo dito isso, tal arco demora tanto a ser desenvolvido que acaba perdendo parte de sua força. Essa história poderia seguir diversos caminhos, mas nunca os alcança por falta tempo, por só se tornar foco na reta final. O relacionamento mentor/aprendiz entre Eobard e Nora é revelado ao público no episódio 8, mas o pessoal do STAR Labs só descobre no capítulo 17! 

    Ao invés de tentar manter o suspense com a investigação de Sherloque (Cavanagh sempre dando uma de Tatiana Maslany) no mesmo caderninho, seria tão mais interessante ver como o plano do cruel velocista se desenvolveu, inserindo pistas ao longo da história, mas reforçando o elo dele com XS, paradoxalmente. Trabalhando com uma trama fragmentada, ainda são jogados aspectos marcantes dos quadrinhos na narrativa, como a Força da Aceleração Negativa e o antagonista Godspeed (B.D. Wong), apenas para cumprir funções pequenas perto de seu real potencial.

    Boa parte da enrolação sobre a jornada de Flash Reverso surge com a tentativa de desenrolar a história de Cicada. Por mais que sua motivação seja bem contada, um intérprete fraco e repetições de batalhas fazem que ele seja ofuscado por outros vilões secundários, como Joss Mardon/Weather Witch (Reina Hardesty) e Rag Doll (Troy James) — bem mais intrigantes e queridos pelo público. A inserção de uma nova Cicada com Grace (Sarah Carter/Islie Hirvonen) é uma aposta melhor, porém não ganha tempo necessário de desenvolvimento. A conexão da antagonista com Nora, seus poderes e motivações foram pouco explorados com a demora da chegada da moça.

    O ritmo lento e repetitivo inicial de The Flash é salvo por um elenco elenco simpático, que ganhou mais força com as novidades dentre os personagens regulares. Já foi citado como Nora afetou a dinâmica do grupo, mas Ralph (Hartley Sawyer) e Cecile (Danielle Nicolet) também trazem ar fresco. Infelizmente, o detetive ficou meio preso diante um Sherloque que, praticamente, ocupou sua função na equipe, porém seu tom cômico melhorou bastante. Já a promotora rouba todas as cenas, misturando um surpreendente timing humorístico com delicadeza ao substituir Joe na função de mentor sábio, por conta da breve ausência de Jesse L. Martin por motivos de saúde.

    Por fim, Caitlin (Danielle Panabaker) e Cisco (Carlos Valdes) tiveram que lutar para ganhar seus momentos de brilho nos recentes episódios. A moça ainda teve uma vantagem com o aguardado retorno de Nevasca, mas o arco com seu pai, Thomas Snow/Icicle (Kyle Secor), não cumpriu o que prometeu. Já o nerd queridinho dos fãs se envolveu na conturbada busca da cura. Por si só, tal invenção pode causar uma série de problemas desnecessários na narrativa, mas, principalmente, não condiz com a evolução de Cisco. Sim, ele sempre teve medo de seus poderes, mas também é animado com a jornada heroica do grupo. Vale lembrar como ele foi o primeiro a ajudar Barry a ajudar inocentes quando o velocista ainda estava descobrindo suas habilidades.

    Felizmente, a quinta temporada pode se vangloriar de ter apresentado alguns episódios bem criativos, tentando revitalizar o gênero quase saturado na emissora. Além do crossover 'Elseworlds', o 100º capítulo ('What's Past Is Prologue') foi uma bela homenagem à jornada de Barry Allen — com retornos bem legais de Flash Reverso e Zoom (Teddy Sears). Outra ideia bem-sucedida foi entrar nas mentes de Nora e Grace em 'Memorabilia', emocionando ao conectar os dramas de herois e vilões. Já os fãs de ação e HQs se divertiram com boas sequências em 'Goldfaced' e o aguardado 'King Shark vs. Gorilla Grodd'. Apesar do título chamativo demais, 'Godspeed' trouxe uma origem bem interessante para XS, construindo o futuro de Central City (e apresentando a carismática Lia de Kathryn Gallagher, que bem podia voltar do mundo dos mortos, hein CW?), numa bela estreia de Panabaker na direção.

    Mesmo reunindo as duas jornadas de vilões apressadamente, a finale 'Legacy' apresentou uma conclusão bem satisfatória. Para começar, já é lindo ver todos os integrantes do time Flash (finalmente) sendo uteis e eficientes numa batalha em grupo. Porém, a decisão drástica de apagar a existência de Nora é uma surpresa brutal, num nível que não surgia desde a segunda temporada. As interpretações de Gustin, Patton e Kennedy nessa sequência são muito boas, trazendo uma nova carga dramática. The Flash não é mais 'café com leite', se direcionando para um caminho intrigante rumo à 'Crise nas Infinitas terras', mas sem apelar para o tom depressivo da briga contra Savitar. Fica a torcida pelo retorno de Nora, pois é uma personagem que ainda tem história para contar (afinal, até agora o público quer entender o motivo de Iris ter escondido os poderes da filha!)

    Ainda sofrendo por ter 22 episódios por temporada, The Flash conseguiu retomar parte de sua qualidade ao investir numa carga emocional e tentar reinventar determinados trechos da corrida, ao mesmo tempo que voltou a prestar atenção nas consequências e detalhes de lidar com diferentes linhas temporais. Se Velozes & Furiosos é sobre família, a série do Velocista Escarlate também pode.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top