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    A greve de roteiristas que pode abalar seus filmes e séries está vindo aí? Protesto já aconteceu em 2007 e teve consequências avassaladoras
    Giovanna Ribeiro
    Giovanna Ribeiro
    -Redatora
    Aprendeu com Amélie Poulain a ir ao cinema sozinha às sextas e observar a reação do público. Mas, no fundo, queria mesmo era ser o Rocky Balboa.

    Greve foi aprovada por quase 98% dos membros votantes do sindicato dos roteiristas, que representa os interesses da categoria nos EUA.

    Stephen Chernin/Getty Images News

    Em 2007, uma greve que durou 100 dias pegou a indústria cinematográfica de surpresa. Na ocasião, a cerimônia do Globo de Ouro não aconteceu e o Oscar chegou a ser ameaçado: os roteiristas de Cinema e TV se uniram aos demais trabalhadores e membros do Sindicato dos Atores (SAG) para pressionar os maiores estúdios de produção de Hollywood e a lista de reivindicações envolvia repasse dos lucros nas produções em desenvolvimento, entre outras pautas que enfrentaram muita resistência e tornavam as negociações difíceis. A paralisação seguiu até o dia 12 de fevereiro de 2008.

    À época, não se tinha dimensão das consequências possíveis de uma paralisação dessa escala. Mas elas foram imensas para a indústria, e não somente no âmbito financeiro - o prejuízo foi estimado entre 350 milhões e 1,5 bilhão de dólares. Uma greve dessa dimensão demanda de diversas produções uma espécie de recomeço criativo, ou seja, elas são afetadas diretamente em seus desenvolvimentos e finais.

    Podemos citar como exemplo a série Breaking Bad: a primeira temporada tinha a previsão de possuir 9 episódios, todavia, foi ajustada para conter apenas 7. Esse também foi o caso de produções como Lost, Bones, The Big Bang Theory e Grey's Anatomy, que sofreram com ajustes e reduções.

    A aposta em filmes que normalmente não seriam lançados e, no momento de crise, conseguiram (infelizmente), um espaço, foi outra consequência significativa da greve de 2007. Você lembra do questionável live-action Dragonball Evolution (2009)?

    O intenso investimento em reality shows, para suprir a demanda de entretenimento, também impactou a TV norte-americana. O surgimento de Keeping Up With the Kardashians vem de 2007. O que as Kardashian causaram na cultura pop daria por si só, uma nova matéria, e alguns até responsabilizam o clã pela criação de verdadeiros monstros televisivos que adquiriam poderes desproporcionais, apenas pela fama (Um prenúncio do que viria ser o trágico governo Donald Trump nos EUA, um personagem de TV que virou presidente).

    Nova greve foi aprovada por quase 98% dos membros votantes da WGA

    Charley Gallay / Getty Images

    A WGA (Writers Guild of America) é o sindicato que representa os interesses dos roteiristas de TV e Cinema. Na última semana, em uma votação esmagadora, os membros votaram autorizando uma greve (a primeira desde 2017) - contando com a aprovação de cerca de 98% dos votantes elegíveis. A greve exige um acordo justo para novos contratos de Cinema e TV, com a Aliança de Produções Televisivas e Cinematográficas (AMPTP).

    Algumas demandas defendidas pelo sindicato nesta nova paralisação envolvem: aumento significativo da remuneração mínima para lidar com a desvalorização da escrita em todas as áreas da televisão, novas mídias e recursos; compensação padronizada e termos residuais para recursos lançados nos cinemas ou em streaming; garantir a compensação adequada de escrita de séries de televisão durante todo o processo de pré-produção, produção e pós-produção; Plano de Pensões e Fundo de Saúde; Regular o uso de material produzido com inteligência artificial ou tecnologias semelhantes; promulgar medidas para combater a discriminação e o assédio e promover a equidade salarial.

    A Greve é um direito de todo o trabalhador, garantido pela Constituição. Resta saber quais serão os novos impactos na produção cinematográfica atual, em uma indústria pós-pandemia ainda em recuperação.

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