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    Deus e o Diabo na Terra do Sol em 4K: "A obra de Glauber Rocha é fundamental para o Brasil", avalia produtor
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Indicado à Palma de Ouro em 1964, clássico do Cinema Novo retornou ao Festival de Cannes em 4K.

    Deus e o Diabo na Terra do Sol, longa de Glauber Rocha lançado em 1964, retornou ao lugar de sua primeira exibição em maio deste ano. Agora com uma versão restaurada em tecnologia 4K, o filme esteve na mostra Cannes Classics do Festival de Cannes.

    Lino Meireles, produtor do projeto, e Paloma Rocha, filha do realizador baiano, estiveram na reestreia do longa na França. O diretor de Candango - Memórias do Festival ressaltou em entrevista ao AdoroCinema que a experiência foi surpreendente. “A sala estava cheia, e estava cheia de jovens. Então, quando eu subi no palco e vi toda aquela criançada lá, eu perguntei: 'Quantas pessoas já viram o filme?'. Muita mão levantou. Mas também fiquei surpreso que muita gente ali naquela sessão, além de cheia, tinha muita gente vendo o filme pela primeira vez.”

    A cineasta responsável pelos documentários Antena da Raça e Tentehar: Arquitetura do Sensível afirma que “a emoção foi muito grande”. “Fiquei muito feliz de poder ver o filme. Na verdade, uma nova revelação desse filme”, explica.

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    “Esse trabalho de restauro que o Lino proporcionou, proporcionou uma nova revelação desse negativo. Ele chega para essas novas gerações já de uma maneira como se ali já se estabelecesse uma nova relação que o digital proporciona para esse público. Chega para essas novas gerações com uma imagem excelente e com um som muito bom, que é o fundamental nesse momento que a tecnologia do cinema em geral proporciona. Então, a gente está falando de igual para igual nesse aspecto. Acho que é uma renovação”, conclui Paloma.

    Preservar a história de Glauber Rocha

    O filme foi escolhido por sua relevância histórica e também pelos 20 anos da última digitalização. O senso de preservação também é algo que guia os realizadores, uma vez que o país tem sido palco de constantes perdas de sua própria narrativa, como o incêndio da Cinemateca Brasileira, por exemplo.

    “Nesse sentido de preservação, a obra do Glauber é uma obra fundamental. Tudo o que o Glauber fez foi pensado no Brasil, refletindo sobre o Brasil, para contar um caminho melhor para o país, [causar] uma reflexão no espectador. O Cinema Novo procurava isso, era um cinema de conscientização, e a obra do Glauber é a de maior destaque nesse mundo. Como a gente falou, preservar a memória dele. Se colocar o filme para tocar em 1990 e 2022 vai ter o mesmo impacto. Ele é novo, não é passado.”

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    Trazendo o filme para os dias atuais, o produtor ainda destaca como o trabalho cultural no Brasil tem encarado constantes obstáculos para se manter: “Devemos ressaltar que o trabalho da cultura já é difícil, já é árduo, é com a 'pedra na cabeça'. E o [trabalho] de preservação é mais difícil ainda. Está todo mundo lutando para fazer o novo e muita gente lutando para preservar o antigo. É muita coisa.”

    Qual é a história de Deus e o Diabo na Terra do Sol?

    Na trama, o vaqueiro Manuel (Geraldo del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) fogem para o sertão depois que ele mata um coronel que tenta enganá-lo. No ermo brasileiro, violento e assolado pela seca, eles encontram duas figuras icônicas: Sebastião, que se diz divino, e Corisco, que se descreve como demoníaco. Amarrar seus destinos com essas figuras é uma decisão trágica, no entanto, pois o mercenário Antonio das Mortes está em seu encalço.

    Atualmente, o filme está disponível no catálogo do Globoplay, na aba do Telecine.

    Deus e o Diabo na Terra do Sol
    Deus e o Diabo na Terra do Sol
    Data de lançamento 10 de julho de 1964 | 2h 03min
    Criador(es): Glauber Rocha
    Com Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães, Othon Bastos
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