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    Os 10 filmes de terror mais criativos desde o ano 2000

    Nem só de exorcismos e casas abandonadas vive o gênero.

    A estreia de Um Lugar Silencioso nos cinemas tem despertado muitos elogios à ousadia do diretor John Krasinski, por despertar medo usando essencialmente o silêncio.

    Os filmes de terror costumam ser acusados de repetir as mesmas fórmulas: quem nunca viu a história da mocinha virginal possuída por demônios, a grande casa mal-assombrada onde passam fantasmas ou o grupo de adolescentes bonitos e pouco inteligentes que vão a uma cabana na floresta, apenas para sofrer o ataque de um psicopata ou uma força do mal?

    Mas o AdoroCinema decidiu lembrar aos fãs do gênero que o terror recente também produziu histórias muito originais e interessantes. Abaixo, descubra dez filmes com premissa e desenvolvimento muito longe dos clichês do horror:

    10. Teeth (2007)

    Dawn (Jess Weixler) é uma garota virgem. Ela planeja transar pela primeira vez com um garoto por quem está apaixonada, mas aos poucos descobre que tem algo estranho dentro dela. Algo perigoso... Dentes na vagina, para ser exato. O mito da vagina dentata, comum em culturas asiáticas e africanas para avisar sobre os perigos das mulheres desconhecidas, ou apenas para dissuadir garotos da prática do estupro, é levado aos dias de hoje, nos Estados Unidos.

    Aos poucos Dawn compreende como funciona o seu corpo, e ao invés de temê-lo, passa a usar a seu favor. Ela escolhe vítimas asquerosas e bota em prática seus poderes de castração. Prepare-se para cenas sangrentas que devem despertar pesadelos em muitos homens. Como diz o ótimo slogan, "Toda rosa tem seus espinhos".

    9. O Segredo da Cabana (2011)

    O melhor aspecto deste filme é o fato de se anunciar, no início, como uma típica história de garotas bonitas e garotos bonitos que vão a uma cabana na floresta para uma noite de bebidas e sexo. No entanto, o diretor Drew Goddard subverte completamente a história ao transformar o calvário dos jovens numa ficção científica insana.

    Sem entregar muitos spoilers, basta dizer que Chris Hemsworth e seus colegas enfrentam animais fantásticos, poderes invisíveis e engenhocas assassinas dignas de Jogos Mortais. Com tudo isso misturado, a trama ainda abre espaço para discutir mitologia e trazer participações muito especiais.

    8. Boa Noite, Mamãe (2014)

    Não existe nada mais bonito que o amor entre uma mãe e seus filhos pequenos, certo? Errado. Nesta perversa história austríaca, dois garotinhos lidam com o retorno da mãe, que acaba de sair do hospital após uma série de cirurgias estéticas. Mas os garotos não estão convencidos que ela seja quem realmente é. Por isso, começam uma série de testes cada vez mais violentos para testar a suposta intrusa que tenta se passar pela mamãe deles.

    A direção elegante de Veronika FranzSeverin Fiala abre espaço para diversas dúvidas (Por que ela mostra pouco afeto pelas crianças? Por que claramente prefere um filho ao outro?), até o desfecho chocante.

    7. Tucker e Dale Contra o Mal (2010)

    A comédia de terror brinca com os estereótipos do gênero e com o medo do outro: por um lado estão os tradicionais adolescentes burros buscando farra na floresta - sempre eles -, e por outro lado estão dois caipiras pouco inteligentes. Os jovens têm certeza de que Tucker (Alan Tudyk) e Dale (Tyler Labine) são assassinos sanguinários, enquanto os dois amigos acreditam que os jovens da cidade estão praticando um pacto suicida.

    Nenhum dos dois está correto, mas no encontro entre dois grupos medrosos, várias pessoas morrem por acidente. Diante dos corpos cortados em dois, é fácil acreditar que a culpa é do outro... Entre comédia escrachada, terror gore e crítica social, o diretor Eli Craig construiu um pequeno filme cult.

    6. Fragmentado (2016)

    Já fazia algum tempo que o gênero de terror de suspense tinha deixado em segundo plano as narrativas sobre múltiplas personalidades. Aqui, M. Night Shyamalan imagina um personagem com nada menos que 23 personalidades vivendo no mesmo corpo. Quando uma delas sequestra três meninas, elas precisam aprender como enganar o adversário e fugir do cativeiro.

    O roteiro parte de análises psicológicas reais e insere tons de fantasia, com uma das personalidades se transformando em algo monstruoso. O projeto serviu para confirmar o talento e versatilidade de James McAvoy, além de revelar a promissora Anya Taylor-Joy ao grande público.

    5. Eu Vi o Diabo (2010)

    Certo dia, um psicopata (Choi Min-Sik) ataca uma mulher e a mata. Até aí, nenhuma surpresa dentro do gênero. O interessante de Eu Vi o Diabo é que o noivo da vítima (Lee Byung-Hun) encontra facilmente o criminoso. Mas ele julga que assassinar o criminoso seria fácil demais. Por isso, planta um chip com GPS no algoz de sua amada, e o deixa partir. Apenas para apanhá-lo de novo, torturá-lo e depois soltá-lo, e pegar mais uma vez, torturar mais um pouco e soltar de novo...

    O filme questiona até onde vai a luta entre dois homens frios e sanguinários, e qual é o limite da vingança pessoal. O roteiro está cheio de surpresas e imagens incríveis de lutas e assassinatos, com direito a uma câmera giratória dentro de um carro em movimento, onde os dois homens se atacam. Você sempre pode contar com os sul-coreanos para histórias complexas de terror.

    4. A Bruxa (2015)

    Depois de tantos filmes com entidades sobrenaturais, fantasmas e afins, o suspense/terror A Bruxa encanta por trabalhar um medo essencialmente humano. Quando uma família britânica do século XVII começa a sofrer com diversos problemas na comunidade enquanto sofre com o desaparecimento do filho pequeno, eles acreditam que a culpa seja deles mesmos: talvez não tenham sido bons cristãos, talvez tenham desagradado a Deus...

    Partindo da paranoia e do sentimento de culpa, o diretor Robert Eggers trabalha o lado perverso das famílias, construindo tensão a partir de elementos físicos e da natureza, a exemplo do bode Black Phillip. Difícil fazer um animal dar tanto medo quanto neste caso! O cineasta troca os efeitos especiais por recursos físicos, plausíveis, que apelam à imaginação do espectador. Uma fábula com ar de pesadelo.

    3. Grave (2016)

    Durante o trote da faculdade de veterinária, Justine (Garance Marillier) é obrigada a comer carne crua. O gesto se torna ainda mais nojento pelo fato de a garota ser vegetariana convicta. Esse episódio desperta uma relação de amor e ódio com os colegas ao redor. Aos poucos, Justine descobre um desejo incontrolável pela carne... humana, se possível.

    Fábula cruel sobre a brutalidade das relações humanas, o filme franco-belga associa as pulsões canibais da personagem ao despertar da sexualidade, ao enfrentamento na família e à autonomia da garota tímida. Ao invés de usar efeitos típicos do terror, a diretora Julia Ducournau aposta num estilo realista, quase documental - o que torna as cenas sangrentas ainda mais impressionantes.

    2. Corrente do Mal (2014)

    Neste filme, o perigo é invisível. A adolescente Jay (Maika Monroe) é atada pelo garoto com quem acaba de transar, e escuta uma história absurda: existe uma força maligna transmissível sexualmente, que passará a segui-la. O inimigo pode assumir a forma de qualquer outra pessoa, que vai caminhar lentamente até Jay e tentar matá-la - a não ser que ela transe com outros, e passe o mal adiante. Mas então a personagem se vê obrigada a fazer sexo com pessoas de quem não gosta...

    Muitos críticos interpretaram esta história como simples metáfora de doenças sexualmente transmissíveis, algo bastante redutor - afinal, na imaginação do diretor David Robert Mitchell, quando você transa com alguém, você passa o perigo adiante e se torna seguro. O cineasta inverte a ideia do prazer sexual e brinca com o sexo como punição, para discutir o puritanismo norte-americano.

    1. Corra! (2017)

    Talvez os melhores filmes de terror sejam aqueles que usam nossos medos para discutir os problemas bastante concretos da sociedade. Neste caso, o diretor Jordan Peele usa o namoro entre um jovem negro (Daniel Kaluuya) e uma garota branca (Allison Williams) para discutir o racismo e os limites da suposta tolerância das famílias ricas e progressistas em relação às minorias.

    A história surpreende com rumos cada vez mais traiçoeiros, sugerindo uma organização silenciosa da comunidade branca para manter a sua hegemonia social. Um cautionary tale (fábula que avisa sobre perigos sociais) divertido, violento e muito adequado à integração racial incompleta da passagem de Obama à era Trump.

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