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    Festival de Gramado 2016: Aplausos para Aquarius e Sônia Braga, vaias para o Ministro da Cultura

    A cerimônia de abertura foi marcada pela tensão política.

    Edison Vara / Pressphoto

    Em plena época de votação para determinar impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o 44º Festival de Cinema de Gramado recebeu em sua noite de abertura uma das equipes mais explicitamente questionadoras deste processo. O diretor Kleber Mendonça Filho, a atriz Sônia Braga e todos os representantes de Aquarius foram recebidos com entusiasmo, em noite marcada pela tensão política.

    Os confrontos diretos foram abrandados porque os dois lados tentaram evitar a polêmica. O Ministro da Cultura do governo interino, Marcelo Calero, decidiu fazer seu rápido pronunciamento muito antes do início oficial da cerimônia, em horário não anunciado à imprensa, numa clara intenção de minimizar as vaias. Mesmo assim, foi recebido a gritos de "Fora Temer" e "Temer golpista".

    Os bordões foram repetidos dentro do Palácio dos Festivais, principalmente durante a projeção da logomarca do governo atual. A plateia provocou com gritos de "Calero golpista", mas o ministro não compareceu dentro da sala de cinema lotada.

    As vaias cederam lugar aos aplausos com a entrada triunfal de Sônia Braga, que posou para fotógrafos e acenou aos gaúchos antes de receber o troféu Oscarito pelo conjunto da carreira. Após uma retrospectiva de seus principais filmes, a atriz recebeu o prêmio das mãos de Bruno Barreto, diretor de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976).

    Edison Vara / Pressphoto

    Na apresentação de Aquarius, Kleber Mendonça Filho evitou menções diretas ao governo ou às polêmicas que têm cercado o filme, como o possível boicote na seleção para o Oscar e a classificação indicativa elevada, considerada censura pela equipe. O diretor preferiu elogiar Sônia Braga e sugerir, educadamente, que seu projeto sustenta os ideais "de democracia e cidadania". Para bom entendedor...

    Aquarius recebeu aplausos calorosos de toda a plateia. A obra poderosa representa com clareza o olhar progressista do cineasta, defendendo o valor da memória contra os valores de uma sociedade governada pelo capital. O retrato da sexualidade feminina após os 60 anos também é digno de nota. Sônia Braga, confirmando as primeiras reações da imprensa, está excelente no papel principal. Leia a nossa crítica, escrita durante o Festival de Cannes.

    A noite de sábado traz os dois primeiros filmes em competição oficial: Elis e O Roubo da Taça.

     

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