O Cine Ceará 2015 tem surpreendido a plateia com uma bela variedade de filmes, que tentam ser ao mesmo tempo inovadores na linguagem e acessíveis ao público. Crumbs, último título apresentado na mostra competitiva, talvez seja o mais inesperado de todos: essa pequena ficção científica espanhola se passa na Etiópia, onde Candy (Daniel Tadesse) tenta sobreviver num mundo pós-apocalíptico repleto de nazistas e naves espaciais ameaçando a população.
O público foi às gargalhadas com as referências pop (de Tartarugas Ninja a Justin Bieber), mas a trama também faz um retrato bastante crítico da relação entre a África e as potências americanas e europeias. Com esta fina ironia, o filme do diretor estreante Miguel Llansó revela-se uma das melhores surpresas desta edição do festival cearense. Leia a nossa crítica.
Ainda na veia das comédias, os três últimos curtas-metragens da mostra competitiva experimentaram novas formas de humor. A Felicidade Começa aos 40 apresenta um casal de meia-idade, levando uma vida monótona, até os móveis da casa começarem a desaparecer. A ideia é curiosa, mas o ritmo arrastado e as atuações fracas prejudicam o resultado. O mesmo pode ser dito de Muriel, curta extenso sobre um rapaz virgem. A piada dura quinze minutos, até a diretora simplesmente interromper a história, sem dar um fim satisfatório ao personagem, tratado com tanto desprezo pela narrativa.
O Lugar Mais Frio do Rio foi o melhor dos três curtas, revelando a relação amorosa complicada entre dois jovens, através da comunicação pela Internet. A trama faz diversas colagens de referências sonoras e cinematográficas do amor e da homossexualidade. O 25º Cine Ceará foi palco de diversos filmes sobre a melancolia e solidão da juventude, tendo nesta obra carioca o seu último representante.
Na noite do dia 24 de junho ocorre o encerramento do festival, com a entrega de prêmios, a homenagem ao diretor Cacá Diegues e a projeção do filme experimental Medo do Escuro.
