O início dos anos 2000 foi um período muito difícil para a Disney. Seu salto para a animação 3D e a exploração de temas antes inexplorados, como a ficção científica, resultaram em mais de um fracasso de bilheteria e, no caso de O Planeta do Tesouro, em uma queda vertiginosa nas vendas. Eles precisavam de um novo sucesso e, embora um certo alienígena azul já tivesse deixado sua marca, foi somente com a chegada de Procurando Nemo que a sorte voltou. Isso aconteceu por cortesia da Pixar, o estúdio por trás de obras-primas como Toy Story. Na época, tudo o que eles tocavam virava ouro, e este filme não foi exceção, mas por trás dele esconde-se uma crise ecológica.
Coitadinhos dos peixes no aquário
A Pixar já nos acostumou a protagonistas atípicos: monstros, brinquedos, fantasmas, dinossauros, insetos e também peixes. Procurando Nemo nasceu da mente de seu diretor, Andrew Stanton, e a empresa prontamente aceitou a ideia de ter esses animais como protagonistas. A ideia não foi espontânea; pelo contrário, o criativo se inspirou em sua própria infância, quando visitou o dentista e ficou maravilhado com o aquário, e nos sentimentos de proteção que desenvolveu após se tornar pai.
Inicialmente, optou-se por um estilo mais realista, como para a água do oceano, mas isso foi alterado para que o público não pensasse que se tratava de água de verdade. Da mesma forma, a inspiração para dar aos peixes uma expressão cativante veio da observação dos rostos de animais domésticos, como cães.
Pixar
Com tudo isso, este filme foi um laboratório para a empresa, que não hesitou em experimentar novas técnicas de sombreamento e iluminação, como nas cenas com águas-vivas, e Robin Cooper, um dos responsáveis pelos efeitos de sombreamento, chegou a fotografar o interior de uma baleia morta para representar seu interior da forma mais fiel possível.
Em Procurando Nemo, encontramos uma história familiar: Nemo, um peixe-palhaço, se perde no oceano e Marlin, seu pai, decide procurá-lo na companhia de uma peixinha ingênua chamada Dory; personagem que daria origem à sequência Procurando Dory (2016).
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A combinação de humor e emoção, juntamente com seu estilo cartunesco, porém refinado, impulsionou o filme a uma bilheteria de US$ 70 milhões no fim de semana de estreia e um total de US$ 940 milhões. Também ganhou o Oscar de Melhor Animação, um feito alcançado anteriormente apenas por filmes como Shrek e A Viagem de Chihiro. Este foi o primeiro Oscar da Pixar e abriu caminho para vitórias subsequentes de filmes como Viva - A Vida é uma Festa e Divertida Mente.
Todos esses sucessos despertaram um grande interesse público na aquisição de peixes tropicais, especialmente as espécies vistas em Dory e Marlin. De acordo com o IMDb, a maioria dos proprietários não tinha ideia de como cuidar desses animais e a maioria morreu. O impacto foi tão significativo que, em algumas áreas, a população de peixes-palhaço diminuiu em até 75%. Ainda mais impressionante foi o caso daqueles que, inspirados pelo amor aos peixes fomentado pelo filme, decidiram soltar muitos de seus próprios peixes sem considerar que alguns eram venenosos, perturbando assim o equilíbrio ecológico da Flórida.