O Sobrevivente, uma adaptação bastante livre de um livro de Stephen King em breve vai ganhar uma nova versão nos cinemas, talvez com mais apreço pela obra do escritor americano. A produção original foi uma profunda decepção que seu criador quando ele percebeu o que haviam feito com seu romance, a ponto de exigir que ele não fosse mencionado de forma alguma durante a promoção do filme.
Também não é nenhuma surpresa. King é conhecido por ser bastante exigente com adaptações cinematográficas de seus livros, a ponto de ser uma das poucas pessoas no mundo que não gostou de O Iluminado, de Stanley Kubrick.
Com O Sobrevivente, fizeram um verdadeiro massacre de sua história, mantendo apenas a premissa de um reality show distópico e pronto. O resto foi fruto do trabalho no roteiro de Steven E. de Souza e da necessidade de adaptá-lo ao seu protagonista, Arnold Schwarzenegger, que claramente não era o perfil ideal para o projeto.
Schwarzenegger é uma estrela de Hollywood, mas certamente não era o ator que você imaginaria ao ler o livro. Lá, Stephen King o retrata como um homem comum, magro, um tanto desnutrido devido à extrema pobreza em que vive, muito diferente da imagem de um sujeito muito grande e musculoso no filme. "Eu não precisava destruir a visão de King, mas sim adaptar o filme como se fosse um terno para Arnold", explica o roteirista em declarações resgatadas em uma publicação do We Minored in Film.
Um Ben Richards muito diferente nos livros e no cinema
Enquanto no livro temos um Ben Richards desesperado por dinheiro para pagar os remédios da filha doente, juntando-se voluntariamente ao reality show sabendo que se trata de uma sentença de morte, no filme nos é apresentado um herói de ação arquetípico, em uma missão de vingança e justiça. Especificamente, um ex-policial de elite acusado de cometer um massacre que, claro, nunca cometeu. Uma mudança radical em relação à premissa original, também complementada por um tom narrativo diferente. Steven E. de Souza escreveu 15 rascunhos diferentes para o roteiro do longa-metragem.
Pode-se dizer que O Sobrevivente parecia mais uma continuação futurista de Comando para Matar, também escrito por Steven E. de Souza, do que um drama sobre um homem desesperado para salvar sua família, e, como resultado, Stephen King odiou.
De acordo com o We Minored in Film, o roteirista de A Longa Marcha os proibiu de usar seu nome para promover o sucesso de bilheteria assim que viu o que haviam feito com sua obra. "Estava totalmente fora do meu controle. Não tive nada a ver com a produção [do filme]... não tem muito em comum com o romance, exceto o título", teria dito King.
TriStar Pictures
Em vez disso, os cartazes de O Sobrevivente, afirmavam que o filme era baseado no romance de Richard Bachman, o pseudônimo que Stephen King usou para escrever esses livros, o que se distanciava um pouco de seus temas habituais. De qualquer forma, e embora já fosse de conhecimento público quando o filme foi lançado, é claro que colocar Richard Bachman em um cartaz não vendeu tão bem quanto citar Stephen King diretamente, embora o longa-metragem não precisasse disso para ser um sucesso.
No dia 13 de novembro, chega aos cinemas uma nova versão que, como mencionamos, parece se manter mais fiel ao material original e, de fato, conta com a aprovação de Stephen King. Conta também com o apoio de Arnold Schwarzenegger. Estamos ansiosos para ver o resultado e se o livro finalmente terá um filme que lhe faça justiça.
