Durante as filmagens de Eu Sou a Lenda (2007), Will Smith recebeu um conselho que considera um divisor de águas em sua trajetória no cinema. Em entrevista recente ao The Hollywood Reporter, o ator revelou como o diretor e roteirista Akiva Goldsman influenciou diretamente sua abordagem como intérprete, especialmente em grandes produções de ficção científica.
Smith, que trabalhou com Goldsman em outros projetos como Eu, Robô e Hancock, descreveu o cineasta como seu “maior colaborador cinematográfico individual”. A parceria entre os dois atingiu um ponto importante durante Eu Sou a Lenda, quando Goldsman o chamou para uma conversa específica sobre como conduzir a performance em um cenário repleto de efeitos visuais e cenas de ação.
"Sabemos que temos efeitos especiais espetaculares, que teremos sequências de ação e que Francis (Lawrence, o diretor) fará coisas maravilhosas com zumbis e tudo mais. Preciso que você esqueça tudo isso", teria dito Goldsman, segundo Smith. O diretor, então, propôs um exercício de imaginação: “Se estivéssemos fazendo uma peça de teatro e não tivéssemos todas essas coisas, como você manteria sua atuação interessante?”
Para Smith, esse direcionamento mudou sua forma de encarar blockbusters. “Quando você faz esses grandes filmes de ficção científica, às vezes nos perdemos no espetáculo. Akiva se recusou a permitir que isso acontecesse”, afirmou o ator, destacando que carrega essa abordagem até hoje em outros trabalhos de grande orçamento.
No longa-metragem, baseado no romance de Richard Matheson, Smith interpreta o virologista Robert Neville, um dos últimos sobreviventes de um surto que devastou a população de Nova York.
Se você pausar Eu Sou a Lenda no minuto 7, verá que o filme de Will Smith previu um dos piores erros da DCSozinho, ele busca resistir aos ataques de criaturas infectadas — tratadas como vampiros — enquanto tenta desenvolver uma cura. A tensão crescente do personagem, isolado em um mundo pós-apocalíptico, é sustentada em grande parte pela atuação intimista de Smith, especialmente nas cenas em que não há outro ser humano em cena.
A atuação contida e emocional do protagonista é um dos elementos que sustentam o filme até hoje como uma referência no gênero. Para Smith, isso só foi possível porque Goldsman insistiu que, mesmo em meio ao caos, era necessário manter o foco na humanidade do personagem.