Adiado 2 vezes, Elio chega aos cinemas completamente diferente da ideia original
Diego Souza Carlos
Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

Novo filme da Pixar chega aos cinemas em poucos dias.

Hollywood sofre de uma crise de ansiedade constante. Estúdios que anunciam cronogramas de anos, filmes confirmados anos antes do lançamento e escalações pautadas por seguidores ou tendências das redes sociais são apenas alguns dos sintomas deste problema. No entanto, tudo isso é também o que alimenta todo o processo que faz com que uma simples ideia ganhe forma, duração, cores (às vezes nem tantas) e rostos no audiovisual. Mais um dos paradoxos que o capitalismo pode nos oferecer.

Parte de uma grande estrutura, a Pixar passou por momentos especialmente turbulentos durante a pandemia pela mudança completa de lançamentos que poderiam corresponder a uma nova era dentro da empresa. Luca, Red - Crescer é Uma Fera e Soul são excelentes obras originais que foram fadadas ao lançamento direto no streaming - algo que fez a mentalidade mudar para o retorno às franquias.

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É por isso que a chegada de Elio é tão importante para o cenário atual. Considerando todo o quadro de lançamentos do estúdio, que tem pelo menos 3 sequências confirmadas no futuro, o filme é tratado como um assunto delicado internamente - e isso nos leva a grandes mudanças desde que o projeto foi anunciado.

O desempenho abaixo da média de Lightyear e Elementos - este último que teve uma sobrevida pelo boca a boca do público - fizeram com que a Pixar mudasse a rota para a construção do filme. O primeiro passo foi o adiamento: previsto para março de 2024, o filme foi direcionado para o início de junho deste ano. Posteriormente, para evitar o conflito com o live-action de Como Treinar o Seu Dragão, a animação foi passada para o próximo dia 19.

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Em segundo ponto é a mudança na história. Anteriormente, Elio sofreria uma abdução acidental. Para se safar, o garoto confirmaria ser o embaixador da Terra (aspecto que ficou no corte final). No entanto, o papel de dois personagens mudou completamente: enquanto Grigon seria apenas uma alívio cômico, mesmo já sendo agressivo, Olga seria a mãe do protagonista.

No corte final, a história muda: Elio deseja ser abduzido, pois não tem amigos e quer encontrar um lugar para si. Grigon se torna o antagonista e Glordon, o filho do vilão, acaba sendo o principal elo do personagem-título no espaço. Já Olga agora se tornou a tia do garoto.

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Sobre a mudança no parentesco, as diretoras Madeline Sharafian e Domee Shi explicaram a reformulação em entrevista ao IndieWire. "Um relacionamento entre tia e sobrinho é muito mais tênue. Há uma chance de que eles se separem e percam essa conexão para sempre. E aquela tensão para o público assistindo a esses dois personagens sem conexão, você realmente torcendo por eles, adicionou muito impacto”, disseram elas.

“E sinto que me identifiquei mais com a Olga como tia”, acrescentou Shi, “que de repente tem que assumir essa responsabilidade enorme, e ela está se esforçando ao máximo, mas não estava preparada para isso. E ela está tentando lidar com isso dia após dia. Foi realmente muito envolvente. E ela também está perdida.”

Nos aspectos técnicos, outras mudanças também são observadas nos trailers. Enquanto os cenários anteriores focavam em uma aventura de ficção científica com ares sombrios, o visual da animação ganhou ares muito mais leves e coloridos, conforme a página Almanaque Disney observou comparando algumas imagens de 2023 e 2025.

Ao fim, o público deve descobrir em breve se as mudanças tiveram um bom efeito com a chegada de Elio nos cinemas, em 19 de junho.

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