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    Urso do Pó Branco
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Urso do Pó Branco

    Divertida e sangrenta ameaça do urso predador

    por Bruno Botelho

    O que aconteceria se um urso surtasse completamente, ficando ainda mais violento, após ingerir uma quantidade considerável de cocaína por engano? É com esse conceito bizarro que a atriz e diretora Elizabeth Banks apresenta O Urso do Pó Branco (2023). Desde o lançamento de seu primeiro trailer, o filme viralizou entre o público na internet por causa dessa história inusitada – e pode ser difícil de acreditar, mas ela realmente é inspirada em acontecimentos reais. Por isso mesmo, a produção mistura elementos de comédia pela situação e terror pela ameaça do animal, explorando todo o absurdo da trama.

    Qual é a história de O Urso do Pó Branco?

    Universal Pictures

    O Urso do Pó Branco é inspirado em uma história real sobre a queda do avião de um traficante de drogas, um lote de cocaína perdido e o urso negro que a comeu. Essa narrativa eletrizante traz um grupo excêntrico de policiais, criminosos, turistas e adolescentes – todos, de alguma maneira, a caminho ou já no território de uma floresta da Georgia, nos Estados Unidos. Lá também vive um urso predador de mais de 220 quilos, que ingeriu uma quantidade impressionante de cocaína. Ele parte para a violência, com uma fúria movida a coca por novas presas e sede de sangue insaciável.

    Por mais que pareça loucura, essa história real aconteceu em 1985 quando um urso negro foi encontrado morto por overdose de cocaína após descobrir um lote da droga em uma floresta da Geórgia. Esse carregamento teria sido jogado de um avião pilotado por um traficante de drogas condenado. Obviamente, o roteiro escrito por Jimmy Warden extrapola os eventos da realidade e, ao invés da morte do animal por overdose, o mesmo parte em uma perseguição sanguinária contra todos que aparecerem em seu caminho.

    O Urso do Pó Branco tem consciência do absurdo de sua história e mistura comédia e terror com excentricidade

    Universal Pictures

    Como o nome do filme deixa claro para os espectadores, o protagonista do filme é o urso assassino, mas a trama apresenta diferentes personagens convergindo no mesmo cenário onde terão que enfrentar a ameaça do animal: na floresta. Em busca da cocaína perdida na região, temos o chefe traficante Syd (Ray Liotta em seu último papel nos cinemas antes de falecer em 2022) envia seu parceiro Daveed (O'Shea Jackson Jr.) ao lado de seu filho Eddie (Alden Ehrenreich) na missão de encontrar o carregamento com a substância. Da mesma forma, o detetive Bob (Isiah Whitlock Jr.) parte para o local, que também tem a presença da guarda-florestal Ranger Liz (Margo Martindale). Enquanto isso, Sari (Keri Russell) vai atrás de sua filha Dee Dee (Brooklynn Prince) e seu melhor amigo Henry (Christian Convery), que fugiram da escola para aproveitar as cachoeiras na região onde o urso se torna um problema para todos presentes.

    Terceiro filme dirigido por Elizabeth Banks, após A Escolha Perfeita 2 (2015) e As Panteras (2019), O Urso do Pó Branco é o seu trabalho que funciona melhor por causa da consciência que ele tem sobre o absurdo de sua própria história e não se levar nem um pouco a sério em todos os quesitos principais. Por isso, a narrativa usa bem a comédia através de seus personagens excêntricos, que parecem ter saído diretamente de um longa dos Irmãos Coen (Joel Coen e Ethan Coen) como Fargo: Uma Comédia de Erros (1996), O Grande Lebowski (1998) e Queime Depois de Ler (2008). O mais curioso é que a carreira de Alden Ehrenreich despontou em Ave, César! (2016), então ele carrega um pouco do estilo dos diretores.

    O interessante aqui está principalmente no humor situacional dos personagens (muitos deles moralmente questionáveis) precisarem enfrentar a ameaça de um urso feroz, se aproveitando de reações e ações estúpidas que rendem ótimos momentos cômicos. Banks e o roteiro de Jimmy Warden sabem brincar muito com esse constrangimento e toda a loucura envolvida na trama, mas o maior problema da produção está quando foca muito tempo nesses personagens e diálogos que, em grande parte, não são tão interessantes assim quando desenvolvidos com maior profundidade. O destaque fica com Sari por causa de seu instinto protetor com sua filha, temática de maternidade que se relaciona de maneira interessante com o urso.

    Os fãs de terror têm diversão garantida com cenas sangrentas e urso predador

    Universal Pictures

    Filmes de terror que colocam animais como sua principal ameaça não são nenhuma novidade, visto que o público já viu desde o clássico fascinante Jurassic Park - Parque dos Dinossauros (1993) até o trash Sharknado (2013), passando por outros exemplos como Cujo (1983) e Serpentes a Bordo (2006). No caso do filme comandado por Elizabeth Banks temos nada menos que um urso predador que se torna uma ameaça implacável. Criado em CGI, inicialmente os efeitos especiais podem causar estranheza, mas depois acabam funcionando tranquilamente para as passagens de comédia de terror.

    Logo na cena de abertura fica claro o que podemos esperar de O Urso do Pó Branco, com o animal perseguindo um casal de turistas na floresta. Por isso mesmo, o filme conta com momentos consideravelmente viscerais pelas cenas de ataques sanguinolentas, muitas delas explícitas e violentas – que justificam a produção ter recebido classificação indicativa de 18 anos nos cinemas brasileiros. O urso é, inegavelmente, uma ameaça que funciona na história especialmente pelo roteiro colocar todos os personagens na floresta, com a sensação de perigo iminente. Elizabeth Banks comanda bem esse caos, com passagens criativas que ressaltam a ferocidade do protagonista, mas é uma pena que elas não fiquem tão bem distribuídas (e em maior quantidade) ao longo da narrativa, sendo episódios mais isolados.

    Com os aspectos de comédia do absurdo caracterizada em atitudes e diálogos de seus personagens, o terror acompanha isso de maneira natural, onde até mesmo as cenas mais brutais carregam um clima cômico e divertido pelas situações onde todos se encontram. Um exemplo disso é quando temos uma perseguição intensa e violenta a uma ambulância, onde toca o hit “Just Can't Get Enough”, do Depeche Mode. Desta forma, fica evidente o quanto essa é uma aventura descontraída com cara de filme B e clima de ambientação dos anos 80, alternando da melhor maneira entre o mais bobo e simples, até o mais sangrento – que funciona totalmente pela sua curta duração de 1 hora 35 minutos.

    No final das contas, O Urso do Pó Branco cumpre exatamente o que promete tendo consciência do absurdo (e até mesmo simplicidade) de sua história. Por isso mesmo, a trama mistura perfeitamente elementos de comédia e terror, que caminham entre a excentricidade de seus personagens em uma situação de sobrevivência que rende momentos divertidos e cenas sangrentas dos ataques do urso. É uma opção ideal para quem procura um filme que não se leva a sério, com momentos cômicos e extremos.

     

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