Fábula produzida com extremo esmero, onde God( Willen Dafoe), um Frankenstein que é simultaneamente criador e criatura, revive do suicídio Bella (Emma Stone) implantando em seu crânio o cérebro do bebê de que está grávida. Com isso se alcançam duas finalidades: não se cria a junção de corpos distintos, como um cachorro com cabeça de ganso, mas sim o deslocamento de partes de um mesmo corpo e permite acompanhar o desenvolvimento físico, mental e, no caso, principalmente sexual desse "bebê" sem implicâncias de ordem moral. A partir daí acompanhamos a sua evolução transformadora até a fase adulta impondo-se frente aos personagens masculinos que permanecem imutáveis e que procuram, sem sucesso, aprisioná-la mantendo-a distante de outras influências. Godwin encarna o papel de um pai super protetor, Max o de um futuro marido que a deseja intocada e Duncan o de um homem que se propõe dono do seu corpo. Os três, e todos os outros personagens menores, transitam sob o domínio de Bella, a feminista concreta que toda feminista teórica desejaria ter sido. Há que se destacar que a discussão que foi gerada pelas cenas de sexo, indispensáveis para o que pretende na história, deve ser creditada única e exclusivamente aos freios morais daqueles que perdem seu tempo com um tal blá-blá-blá. Será um trabalho hercúleo dos juízes da academia de Hollywood escolher com quais Óscares irão premiar este filme. Merece todos.