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    A Última Carta de Amor
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    A Última Carta de Amor

    Uma carta e seus dois amores

    por Katiúscia Vianna

    Antigamente, cartas de amor eram essenciais para conquistar sua grande paixão. Elas até voltaram a moda, relativamente, com o sucesso da franquia Para Todos os Garotos que Já Amei; mas os jovens só precisam de uma mensagem online para chamar o mozão nos dias atuais. Porém, essas correspondências são centrais para A Última Carta de Amor, novo romance da Netflix, inspirado num livro de Jojo Moyes (responsável pelo adorado Como Eu Era Antes de Você). 

    The Last Letter From Your Lover (no original) acompanha duas protagonistas em tempos diferentes. Por um lado, vemos Jennifer (Shailene Woodley), uma dona de casa dos anos 60, que acaba de voltar para o lar, após sofrer um acidente que afetou sua memória. Do outro, temos Ellie (Felicity Jones), uma jornalista dos dias atuais, que encontra uma antiga carta de amor nos arquivos do jornal onde trabalha.

    Qual é a ligação entre essas duas pessoas completamente diferentes, separadas por décadas? Tal carta misteriosa e apaixonada era destinada para Jennifer. Então, a repórter começa uma pesquisa para descobrir o que aconteceu com essa história de amor, enquanto a própria socialite, em sua época, tenta preencher as lacunas vazias em sua vida. 

    Shailene Woodley brilha em A Última Carta de Amor

    Assim, o filme dirigido por Augustine Frizzell vive intercalando entre essas duas mulheres que, inevitavelmente, se envolverão em histórias de amor. Em questão de ritmo, o filme faz um bom trabalho equilibrando tais situações, não perdendo a atenção do público, seja investindo em estéticas diferentes para cada época, mas também conectando-as através das cartas. Tendo dito isso, falta emoção. O que é irônico, pois é justamente a grande paixão dessas cartas de amor que movimentam a história. Mas vamos analisar caso a caso:

    Para começar, a jornada de Jennifer é a mais interessante. Uma socialite inteligente que é reprimida e ignorada pelo marido, Lawrence (Joe Alwyn). Até que ela conhece o jornalista Anthony (Callum Turner), por quem se apaixona passeando pelas belas passagens da França (e depois em Londres). O público vê os dois se divertindo, sorrindo em flashes de cenas, mas não vemos tantas sequências mostrando aquela que deveria ser a conexão irreparável entre eles.

    Os atores estão bem, especialmente Woodley (que vem se arriscando cada vez mais desde seu belo trabalho em Big Little Lies), mas falta aquela paixão ardente que te faz suspirar em casa, sabe? Aquela que desperta os sentimentos mais românticos do público e causam os famosos ships da cultura pop, por exemplo. Aqui, você acaba torcendo por eles porque o marido é um ser insuportável e qualquer pessoa merece algo melhor do que aquilo. Os personagens não são muito aprofundados, justamente pela falta de tempo, afinal eles só têm metade de um filme.

    A Última Carta de Amor lida com duas histórias ao mesmo tempo

    Mas, sinceramente, Jennifer e Anthony ainda tem alguma essência, ou uma certa tensão no ar. Perto deles, é muito básica a história de Ellie e seu romance com o simpático Rory (Nabhaan Rizwan), moço que trabalha nos arquivos do jornal. É a mesma coisa: ambos os atores estão bem no papel, mas não tem muito conteúdo para trabalhar, além de alguns diálogos de exposição e umas piadas de humor britânico. O estilo excêntrico de Ellie não se compara com o jeito divertido da Lou de Emilia Clarke em Como Eu Era Antes de Você, por mais que exista o desejo de apresentá-las como duas maçãs da mesma cesta. 

    A partir disso, a obra se encontra num impasse; tenta ser romântica e dramática como os romances mais épicos, causando um mistério a lá Diário de uma Paixão; mas também tenta ser charmosa como uma comédia romântica a lá Uma Segunda Chance para Amar. E, no final das contas, até consegue cumprir essas tarefas. Mas sabe quando, nos tempos de colégio, você fazia um trabalho básico só para passar em determinada matéria? Não chega a tanto. Não é ruim, mas também não é surpreendente. 

    Não me entenda mal: tem gente que irá suspirar e se emocionar com essa jornada. E não há nada de errado nisso. Só é preciso aceitar que não existe muita novidade em A Última Carta de Amor. E a essa altura do campeonato, você precisa trazer algo a mais para o jogo. Na realidade, eu fiquei com mais vontade de ter os figurinos da Shailene Woodley, ao invés de desejar um amor como seu. 

     

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    Comentários

    • Rosangela Cunha
      Falta emoção!
    • Gisleine
      Digo exatamente o mesmo! Um pouco antes do final, simplesmente tive que pausar porque tive um choro compulsivo! A última vez que me emocionei tanto foi há mais de 10 anos no filme Diário de Uma Paixão (que inclusive foi citado nesta crítica). Poucas as pessoas conseguem ter a chance de viver um amor verdadeiro como o retratado...
    • Amanda L.
      Fazia um bom tempo que não chorava compulsivamente com um filme! Que história, interpretações, contexto!!! Um aplauso especial para Shailene Woodley!!! Jojo Moyes incríveel em suas obras cheias de sensibilidade, investidas na profundidade dos raros amores verdadeiros e com uma poesia emocionante! 👏🏼👏🏼👏🏼
    • Laudiceia Eloy
      Na verdade o filme é muito fraco, em relação ao livro. Pois a adaptação desconstruiu e alterou a essência e a história dos personagens. De longe a história do casal Anthony e Jennifer é o grande enrredo do filme. A paixão avassaladora de Anthony é saudosa e cativante. A Jennifer não é uma mulher amarga, é uma mulher forte capaz de enfrentar as adversidades de seu tempo por amor. Seguido por Ellie e Rory, este que no livro é sarcástico e determinado, não um nerd gago do arquivo. A Ellie no livro é uma chata chorosa que vai melhorando ao longo da narrativa. Infelizmente o roteiro alterou características essenciais dos personagens fazendo um romance, mais do mesmo. Comparado a adaptação de Como Eu Era Antes De Você, fica com 1 estrela no máximo.
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