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    Minari - Em Busca da Felicidade
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Minari - Em Busca da Felicidade

    Laços de família

    por Katiúscia Vianna

    É uma boa época para ser cinéfilo. Obviamente, ainda temos um longo caminho para percorrer, porém é impossível não se alegrar — e até mesmo se emocionar — com a diversidade que vemos crescendo, de grão em grão, na cultura pop. Uma comunidade cuja voz finalmente está ganhando espaço é a asiática. No mundo das comédias românticas, tivemos o fenômeno Podres de Ricos. No cinema independente, o incrível A Despedida. No Oscar, Parasita fez história. Agora, mais um filme sublime se junta a essa lista: Minari - Em Busca da Felicidade.

    Minari acompanha uma família coreana, se mudando da Califórnia para uma área rural de Arkansas, a fim de recomeçar sua vida. O pai, Jacob (Steven Yeun), arrumou uma terra isolada, onde deseja cultivar vegetais coreanos e criar sua própria fazenda - um plano que não agrada sua esposa, Monica (Han Ye-Ri). Ao mesmo tempo, o público acompanha seu filho, o pequeno David (Alan Kim), que convive com uma doença séria, mas tudo muda com a chegada de sua simpática avó, Soonja (Youn Yuh-Jung). 

    Minari é um singelo filme sobre sonhos e família

    O filme é inspirado nas memórias da infância do próprio diretor Lee Isaac Chung, que também assina o roteiro. E fica claro como ele tem familiaridade com essa história, mas também carrega maturidade suficiente para não julgar nenhum dos lados envolvidos. Apenas expressa a verdade de cada indivíduo e mostra que, ás vezes, pessoas que se amam podem não se entender, e isso é normal. Não é ideal, só que faz parte da vida — desde que não seja a coisa mais importante dentro de um relacionamento. 

    Mas Minari não é uma produção que vive de confrontos dramáticos escandalosos; a narrativa transparece num ritmo suave, sem precisar apelar para grandes gestos a fim de conceber suas discussões. Isso está presente no roteiro e na direção de Lee Isaac Chung, mas também em outros detalhes, como a trilha sonora tocante de Emile Mosseri. Mesmo quando a trama apresenta certas surpresas do destino, não parece que estamos vendo uma obra de ficção, mas sim acompanhando coisas que poderiam acontecer com qualquer família, de tão investidos que ficamos. É uma espécie de realismo, só que mais singelo, visto com emoção.

    Steven Yeun lidera o elenco de Minari

    Isso tudo ainda é conquistado através de um elenco exemplar. É impossível não se apaixonar por aquela que apelidei, carinhosamente. de Vovó Minari: Youn Yuh-Jung mostra por que é uma atriz tão celebrada na Coreia, trazendo descontração para Soonja, mas também entrega o drama necessário após uma certa reviravolta. Já Alan Kim é uma revelação, conquistando o público com carisma e inocência. Por sua vez, Steven Yeun (conhecido por um papel bem diferente em The Walking Dead) passeia tranquilamente pela força e vulnerabilidade de um pai de família determinado a tudo por seu sonho, enquanto Han Ye-Ri devia ter sido um nome considerado para a temporada de premiações, ao trazer tanta emoção numa performance contida.

    Mesmo com os problemas, quando Minari se encerra, é um sentimento quente que fica com o espectador. É a sensação de família, desde a doçura dos pequenos, até a sabedoria dos mais velhos, tudo misturado numa trama honesta sobre a busca do sonho americano. É o tipo de filme que mostra como arte e memória podem se unir para criar algo muito especial.

     

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