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    Fragmentado
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Fragmentado

    Contente-se com o chocolate

    por Renato Hermsdorff

    M. Night Shyamalan ganhou fama por fazer uma espécie de cinema "Kinder Ovo": Aquele com surpresinha no final. A estrutura fez sucesso em O Sexto Sentido (1999), quando o diretor explodiu em Hollywood, voltou em Corpo Fechado (2000) e A Vila (2004) e, depois de uma série de fracassos que fugiram à “regra”, foi retomada em seu longa anterior, A Visita (2015), alçando-o novamente a uma posição respeitável na indústria.

    Tudo porque a reviravolta, quando bem explorada, é desafiadora, instigante, provocativa para o público. Até lá (até chegar à surpresa), no entanto, é preciso que haja condições convincentes para que a audiência compre o barulho da guinada.

    A má notícia: Fragmentado não conta exatamente com o revés shyamalaniano que é a assinatura do cineasta. A boa é que o filme comprova a boa forma do diretor como "construtor de clima". Como de praxe, ele se vale do uso de um substrato psicológico para injetar, com competência, tensão na plateia – a partir de um enredo minimamente crível (ou seja, diferente de trabalhos mais recentes) dentro da literatura própria do realizador.

    Esgarçando a noção de que há múltiplas personalidades que guiam a vida de um indivíduo (a psicologia como ponto de partida), Split (no original) dá conta de trazer um papel com diversas pessoas (e não apenas personalidades) coabitando o corpo de um único ser. Mais precisamente 23. Mais: Ao dispor no tabuleiro personagens que são ou foram frutos, eles mesmos, dos abusos que cometem ou sofreram ao longo da vida, o filme acrescenta mais uma camada, esta social, ao simbolismo embutido na premissa.

    Assim, o longa narra a história de Kevin (James McAvoy), o hospedeiro das tais personalidades/ pessoas. Um belo dia, ele (eles?) sequestra três adolescentes, Casey (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa), Claire (Haley Lu Richardson, destaque de Quase 18) e Marcia (Jessica Sula), que tentarão escapar do cativeiro, ao mesmo tempo em que conhecerão as várias facetas dele.

    Casey é peça-chave nesse enredo, uma vez que, em paralelo ao drama sofrido pelas meninas, acompanhamos o passado da personagem, um tipo outsider. Apesar da falta de traquejo social da garota, as amigas de escola, mais integradas ao sistema, não são do tipo que zombam da “esquisitinha”, uma opção maniqueísta comumente usada por Hollywood, que Shyamalan evita com inteligência na composição das personagens.

    Para além do ambiente claustrofóbico da clausura, o(s) comportamento(s) de Kevin é explicitado nas consultas que ele realiza com a terapeuta interpretada por Betty Buckley (de Fim dos Tempos), como um tipo de “superpoder”. A Dra. Karen Fletcher adota uma linha não muito ortodoxa de pensamento que, se a princípio tem um efeito didático convincente para a narrativa, não se sustenta ao longo da projeção, evidenciando buracos no roteiro (assinado também pelo diretor).

    A dificuldade (e tentativa) de justificar cientificamente as atitudes do “vilão” serve de muleta para explicar demais via diálogo aquilo que o diretor não consegue traduzir em imagens, o que empobrece um bocado a obra.

    Se é possível medir, pelo menos metade do mérito de Fragmentado se deve ao trabalho de James McAvoy. Incorporar um psicopata, uma mulher, uma criança, etc, etc, sem o amparo de recursos extras, como figurino e maquiagem, envolve o sério risco de cair no ridículo. Mas esse não é o caso de McAvoy. Um dos melhores profissionais de sua geração, ele atua de forma que é perfeitamente possível reconhecer quem está operando a carcaça de Kevin, seja piscando os olhos ou mudando a chave do registro da voz. É impressionante.

    Concebido, de acordo com M. Night Shyamalan, para ser a segunda parte de uma trilogia iniciada com Corpo Fechado, Split é mais explícito e menos surpreendente do que o longa de 2000 protagonizado por Bruce WillisSamuel L. Jackson – pela tensão provocada, guarda uma relação conceitual que lembra mais Sinais. O diretor até força uma barra no fim, porém, no Universo Cinematográfico Shyamalan, Fragmentado faz muito mais sentido do que os rocambolescos A Dama na Água ou Fim dos Tempos. Sem surpresinha no final, contente-se com o chocolate.

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    Comentários

    • Vanderlei Hibiner
      Um tema desafiante para um entendimento bem complexos de TDI. O filme já tem meio caminho andado devido a abordagem do tema, outra parte do caminho é muito bem percorrido pela excelente atuação de James Mcavoy. Dois pontos fortes que poderiam fazer este filme ser extraordinário, porém o enredo ofuscou muito a qualidade e puxou para baixo o que poderia vir a ser uma obra prima do cinema. O escritor e diretor Shyamalan fez apenas o que sabe fazer; suspense. Assim deixou muito para trás as complexidades e enigmas que o transtorno engendra. Logicamente não seria de esperar conceitos técnicos e linguagens científicas. No lugar do exagero ficcional ficaria bem melhor uma preposição mais holística do Transtorno Dissociativo de Identidade.
    • Carlos Henrique Belmont
      Engraçado é que o Filme inteiro citam que o mostro é como uma besta imparável.... Aê o monstro olha pras feridas no corpo da garota, para, e pensa: ''Ela se feriu, ela é uma boa pessoa, vamos ser amiguinhos hihihihi''.
    • Carlos Henrique Belmont
      É incrível como um filme consegue ser tão ''bom'' e tão ''fraco'' ao mesmo tempo....O Filme tem seus pontos fortes, porém não é nada complicado, nem tem uma mensagem reveladora que te faz refletir..... Também existem cenas presentes no filme que mostram o passado da jovem garota, mas que não desenrolam para um final decente com ela.... Parece que quiseram recriar um final impactante como no Primeiro Filme.... Mas não deu certo!!!No geral, Eu achei esse filme decepcionante se comparado com o Primeiro Filme (Corpo Fechado).
    • Denis Zanotto
      mimimi
    • Denis Zanotto
      Quanto mimimi kkkk
    • Denis Zanotto
      Achei o filme muito bom, com muita tensão e bem pesado em algumas cenas (como por exemplo a revelação dos abusos sexuais sofridos pela Casey) Fora isso temos um verdadeiro show de interpretação do James McAvoy, impressionante como ele mudava a expressão de acordo com o personagem, como a testa franzida característica do Dennis. Ao meu ver as críticas da galera aqui são fracas, ou seja, puro mimimi kkkkk.
    • José Carlos
      O filme é bom porque é horrível.
    • Eleison Christiano
      Me explique como alguem leva 2 tiros de 12 e não morre?Perca de tempo esse filme.
    • Paulo CCC
      Sobre Fragmentado.... achei a dinâmica melhor que a do Corpo Fechado, mas são filmes para assistir de boa, se tiver meio pilhado, vai de Lendas do Crime... pilhado que é romantico, vai de Busca sem limite... enfim, fragmentado é para sentar relaxar, observar comer pipoca e a vizinha upsss
    • Flavio Costa
      Uma droga! Não percam seu tempo!
    • Raylander Dolmayan
      bom, acabei de assistir, como não gosto de ficar falando mal dos filmes a não ser que ele seja muito ruim kkk que não foi nesse caso, é um filme bom, não muito dificil de entender e com um final incrível.
    • Reinaldo José Nunes
      Achei o filme muito bom e instigante. Muito melhor que Corpo Fechado. O primeiro, achei monótono e enrolado em sua premissa. O segundo (Split) tem um crescente desenvolvimento que atinge o seu clímax no final. Ansioso para assistir Glass.
    • Venenop Forte
      Shyamalan é um diretor de ideias mirabolantes com certo potencial embrionário, contudo, pessimamente desenvolvidas por seus roteiros e trama mal elaborados e forçosamente surpreendentes, quando não dizer insípidos, como é o caso de Dama na água. Em minha concepção, Shyamalan é um dos piores diretores, uma vez que a arte de confeccionar um filme, como todas as demais artes, é um fim em si mesma que vai além das ideias originais, e considerando que o como contar a história sempre é mais relevante que a história em si mesma, Shyamalan fracassa perceptivelmente.
    • VALDIR ALEXANDRE DE OLIVEIRA
      Achei o filme uma enrolação só e sem muito sentido. Esse cara precisa melhorar o roteiro de seus filmes, pois as idéias são até interessantes, mas ele se perde com o desenrolar das tramas, será que os produtores e eles mesmo não percebem isso? Não foi a primeira vez que me decepcionei com os seus filmes. Resultado final: uma bosta!!! Como alguém aí já citou: é perda de tempo e energia elétrica em sua casa.
    • José Carlos Rosa
      só se salvam mesmo as cenas de McAvoy dançando em seu quarto, em sua personalidade infantil, e Bruce Willis na cena final com uma fala de duas palavras. O resto é desperdício de tempo e de energia elétrica pela TV e receptor ligados.
    • Viviann Roberta
      Me perdoe, mas é minha opinião, se ela é tão mediocre ao ponto de você fazer um texto julgando-a, digo que me sinto honrada por ter tirado alguns segundos do seu precioso tempo para honra-la com sua majestosa leitura. Porém voltando ao caso do filme, se você não entendeu, eu estava criticando essa ideia que se passou no filme do personagem ser um animal das trevas, de onde tirei esse termo? Bem de acordo com o Kevin, ele dá a luz para suas outras personalidades assumirem, no entanto essa sua última personalidade não necessita da luz, já que ela vive no escuro, escondida de todos (por isso o termo trevas) e que quando ele quer tomar o controle ele apenas possui o corpo (só para esclarecer que não existe apenas possessão demoniaca). Agora eu realmente espero ter deixado claro minha opinião mediocre e agradeço por você ter tirado alguns segundos do meu tempo para ler essa sua critica maravilhosamente construída. Realmente muito obrigada Makoto (se esse for seu nome).
    • J?nior S.
      Mas uma crítica whatever e sem sentido de Renato Hermfoda-se, nada novo sob o sol... PS : Sério, como um site de renome como o Adoro Cinema tem um cara desse nível como crítico???
    • J?nior S.
      O que esperar desse Renato? Já cansei de reclamar desse cara...Não acredito que aceitaram ele como crítico do AC.
    • Magda Amaral
      Achei o filme fraco. Esperava muito mais.
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