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    Sangue Azul
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Sangue Azul

    Cinema 4D

    por Renato Hermsdorff

    Quase dez anos depois de Árido Movie (2005), o diretor Lírio Ferreira (Baile Perfumado) volta ao comando de um longa-metragem de ficção. E à moda antiga. Filmado em película, sem estúdio, Sangue Azul é um deleite de belas imagens que teve como locação a ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

    A partir de um enredo arquetípico próprio (ele assina o roteiro com Fellipe Barbosa e Sérgio Oliveira), o filme conta a história de Zolah (Daniel de Oliveira) e Raquel (Caroline Abras), irmãos que foram separados na infância pela própria mãe, Sônia (Sandra Corveloni), que temia o desenrolar de uma relação incestuosa entre os dois. Ele, então, é acolhido pelo circo Netuno, comandado pelo experiente Kaleb (Paulo Cesar Pereio). Quando a trupe desembarca para uma temporada na ilha, os personagens centrais vão ter que lidar com as questões do passado.

    E que personagens! Zolah, o homem-bala, é um animal sexual, que põe Daniel de Oliveira em seu papel mais sensual na carreira; em contraponto, Caroline Abras usa de uma doçura envolvente para dar vida à Raquel; e Sandra Corveloni, em versão sotaque pernambucano, deixa claro porque é uma das maiores atrizes atuantes do Brasil (não à toa ganhou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes por Linha de Passe) assim que abre a boca.

    A fauna do circo é um capítulo à parte, inconstante, que varia do involuntariamente hilário Inox (Milhem Cortaz), o 'homem mais forte do mundo' que, quebrando paradigmas, curte meninos; a um papel sem muita expressão para o versátil Matheus Nachtergaele.

    Apesar de alguns lampejos criativos em direção à fábula (destaque para a participação do cineasta Ruy Guerra, como o ancião Mumbebo), a história central, do casal de irmãos, não é o que chama atenção na obra. É a forma. Não só pela sensação de volume provocada pela película, mas também pelo exercício estético a que Lírio se propõe, usando enquadramentos ousados e apostando em uma fotografia impactante, do preto e branco nauseante inicial à explosão de cores que o cenário impõe.

    Assim, Sangue Azul é sensorial, quase um cinema 4D.

    Filme visto no Festival de Paulínia, em julho de 2014.

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