A parte 2 de ninfomaníaca perde sua genialidade, mas não sua qualidade, temos um roteiro que se entrega a tramas mais utópicos e perde sua critica, mas, continua sendo um filme muito acima da media, temos toda uma discursão em torno de fetiches, de aborto e dá odiosa natureza social. Continuamos a acompanhar a historia da vida de Joe, dessa vez sua historia traz mais criticas sociais do que a discursão filosófica do primeiro, tecnicamente a película é perfeita, fotografia, edição, trilha sonora, mixagem de som, etc. Atuações ótimas e a boa e velha câmera sem tripé de Lars. Se você acompanhou a versão completa do filme (que tem três horas), verá muitas cenas que na maior partes dos filmes são desnecessárias, mas aqui é muito, muito necessária, vale um destaque para a cena do aborto, explicito, ela choca, deixa o telespectador agoniado, faz você apertar o sofá e olhar para baixo, Lars Von Trier é um gênio na construção desse tipo de cena, após o aborto em si temos mais uns 7 minutos de discursão sobre o evento, discursão essa que não se toma partido, todos os tipos de argumentos são apresentados e a conclusão fica para o telespectador, telespectador esse que é sempre lembrado no enredo, Lars Von Trier nos faz questão de lembrar que estamos vendo um filme sobre sexo, e dali se extrai a filosofia, toda a discursão em torno de fetiches, sadomasoquismo é brilhante, mas muito pouco explorada, Lars bate numa mesma tecla, a busca do prazer, prazer esse que vale a abdicação da família, e mesmo batendo nessa mesma tecla, Lars não a desenvolve, isso incomoda, quando você pensa que essa historia vai ser desenvolvida, Lars coloca outra historia pra gente, mais para o final do filme temos motivações banais, mesmo assim, seu final é genial.
SPOILER:::: Lars poderia encerrar o filme com Joe dormindo e acabou, mas ele faz seu ouvinte
(assexuado) a querer relações sexuais com Joe, e ao invés de apenas aceitar, Joe a mata. Joe passa o filme inteiro achando que ela é uma pessoa má, em determinado momento ela a culpa a elite ao seu não enquadramento, mesmo assim , para Joe, tudo que acontece de mal as pessoas ao seu redor é sua culpa, mas, naquele ultimo momento ela percebe que a sociedade é má e corrompida, e pode ser expressada em apenas uma palavra, como Joe mesmo diz, “Hipócrita”. Joe e pode até aflorar o de pior nas pessoas, mas ela não é ruim sozinha. O primeiro filme começa com alguns minutos de tela preta e o ultimo termina com alguns minutos de tela preta, um símbolo ao luto, não apenas a morte da sua sexualidade ou a morte da seu ouvindo, mas sim a morte da sociedade como um todo.