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    Lugares Escuros
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Lugares Escuros

    Presente perdido

    por Lucas Salgado

    Lugares Escuros chega aos cinemas com o pedigree de ser o mais novo filme baseado em livro de Gillian Flynn, do sucesso Garota Exemplar. A trama conta com vários elementos parecidos, como o clima tenso, o drama familiar e uma situação de violência. Os fãs da autora têm tudo para gostar da produção, embora tenha suas imperfeições.

    Libby Day (Charlize Theron) é uma mulher com um trauma no passado. Sua mãe e suas irmãs foram vítimas de um massacre em sua casa quando era uma criança. Ela estava no local, mas conseguiu escapar. Seu irmão mais velho está preso pelo crime há mais de duas décadas. Por anos, ela viveu com a ajuda de um fundo financeiro com dinheiro de doações de pessoas sensibilizadas com o crime. Mas o dinheiro acabou.

    Determinado dia, Libby conhece um sujeito aficionado por crimes famosos, que comanda um grupo de pessoas que ajudam na solução de crimes antigos. Inicialmente, ela não quer revisitar a história, mas a necessidade de conseguir dinheiro faz com que aceite investigar o que aconteceu de verdade na noite que mudou sua vida. Depois de anos, ela visita o irmão (Corey Stoll) para ouvir sua história, mas não consegue descobrir muita coisa, apenas que ele teve uma misteriosa paixão no passado.

    A premissa de Flynn é interessante e envolvente, mas o roteiro de Gilles Paquet-Brenner não consegue abraçar toda a história, deixando pontas soltas e oferecendo uma solução sem clímax. Ainda assim, a montagem Billy Fox muito competente no desenvolvimento da história, mesclando com perfeição as cenas do presente e do passado. Por sinal, a fotografia de Barry Ackroyd trabalha com cores e tonalidades diferentes para os dois períodos.

    Conhecido pelo trabalho em A Chave de Sarah, Paquet-Brenner também é responsável pela direção e se sai bem na condução do suspense. Ainda que se incomode com alguns elementos, o espectador fica preso no filme durante seus 113 minutos.

    O grande trunfo da produção está no elenco. Theron entrega uma performance brilhante como uma mulher dura e sofrida, mas ao mesmo tempo determinada e forte. Destaque na primeira temporada de House of Cards, Stoll cria um irmão complexo, que está feliz em rever a irmã e ao mesmo tempo sofre com o enclausuramento, que diz ser injusto. O onipresente Nicholas Hoult também se sai bem na pele de Lyle, o cara que convence Libby a revisitar a história. Trata-se de um personagem que é bizarro e simpático ao mesmo tempo.

    Chloë Grace MoretzTye SheridanDrea de MatteoAndrea Roth completam o time, com destaque para a primeira, que vive a paixão de juventude do irmão de Libby. Ela tem uma presença intensa, radical e também sensual. Mas quem se destaca na produção, e nos faz lamentar ter pouco tempo em cena, é Christina Hendricks. A estrela de Mad Men vive a mãe de Libby, numa atuação bonita e triste. Ela mostra que não precisa ser sempre a mulher fatal para se destacar em cena.

    Bem menos redondo e envolvente que Gone Girl, este Lugares Escuros tem seu valor. Mas poderia ser ainda melhor se focasse no desenvolvimento de personagens e não apenas em uma reviravolta seguida da outra.

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