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    Era Uma Vez em Nova York
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Era Uma Vez em Nova York

    Réquiem para um sonho

    por Francisco Russo

    Apontado por muitos como um dos diretores mais promissores do século XXI, especialmente devido ao seu trabalho à frente dos pequenos e bons Amantes e Os Donos da Noite, James Gray é daqueles casos que cresceram à margem do cinemão produzido em Hollywood. Seus filmes costumam ter um toque autoral no estilo de narrativa, favorecendo a fotografia e a direção de arte. Diante deste histórico, existia uma boa expectativa para seu filme mais ambicioso até então: Era Uma Vez em Nova York, exibido pela primeira vez no Festival de Cannes 2013.

    A história acompanha a saga de Ewa Cybulski (Marion Cotillard, bem em cena), uma polonesa que, em 1921, deixa o país-natal rumo a Nova York em busca de uma vida melhor. Logo na imigração, enfrenta um grande problema: é separada da irmã, Magda (Angela Sarafyan), que enfrenta problemas de saúde. Ameaçada de ser deportada, ela consegue escapar graças à ajuda de Bruno (Joaquin Phoenix), sem saber que ele na verdade é um cafetão e deseja ganhar dinheiro às custas da prostituição de Ewa.

    Melodrama assumido, Era uma Vez em Nova York traz a típica história do imigrante em busca do sonho americano que se depara com uma realidade inesperada, resultando em uma vida bastante sofrida. Para tanto conta com uma Marion que capricha no sotaque polaco, assim como mantém sempre uma certa altivez, por mais que tenha uma profunda vergonha do meio através do qual sobrevive. Entretanto, quem brilha de fato é Joaquin Phoenix, como o cafetão que se apaixona por sua prostituta. Suas explosões de raiva são, de longe, o que o filme traz de melhor.

    Entretanto, o longa-metragem peca justamente na obviedade. Por mais que possua uma ambientação caprichada, um traço marcante na carreira do diretor, a narrativa caminha rumo a um triângulo amoroso insosso entre Ewa, Bruno e Orlando (Jeremy Renner), mágico e primo do cafetão. Se por um lado Bruno é passional e representa o que há de pior no capitalismo selvagem americano (ainda que seja situado no início do século XX), Orlando é a esperança de um mundo melhor. O conflito esperado entre eles caminha de modo arrastado e lento, em um filme que anuncia seu desfecho bem antes dele, enfim, acontecer.

    No fim das contas, Era uma Vez em Nova York é um filme que promete bem mais do que cumpre. Apesar das boas atuações, falta ritmo e algum frescor a uma história tão manjada.

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