Avatar: Fogo e Cinzas
Críticas AdoroCinema
4,0
Muito bom
Avatar: Fogo e Cinzas

Cheio de batalhas épicas, Avatar: Fogo e Cinzas é o filme mais sombrio e espiritual da franquia de ficção científica

por Bruno Botelho dos Santos

Responsável por clássicos como O Exterminador do Futuro, Aliens, O Resgate e Titanic, James Cameron é um cineasta que entende como poucos o poder das imagens no cinema de Hollywood. O maior exemplo disso é a franquia Avatar. Por trás da revolução nos efeitos visuais, captura de movimento e tecnologia em 3D, sempre esteve a preocupação em proporcionar uma experiência imersiva e profunda que transportasse o público para o universo de Pandora nas telonas.

Depois dos sucessos de Avatar (2009) e Avatar: O Caminho da Água (2022) nas bilheterias, Avatar: Fogo e Cinzas conclui a saga principal, como confirmou o próprio James Cameron – apesar de ter mais filmes planejados no futuro. É justamente nessa potência visual da franquia que o terceiro capítulo se apresenta como um ápice da jornada de Sully e Neytiri, mergulhando no mais épico e espiritual que vimos até hoje.

Qual é a história de Avatar: Fogo e Cinzas?

20th Century Studios

Avatar: Fogo e Cinzas se passa após o final devastador do filme anterior, O Caminho da Água, com Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) lidando com a perda de seu filho mais velho, Neteyam (Jamie Flatters). Eles temem pela segurança de Spider (Jack Champion) e são atacados pelo Povo das Cinzas, uma agressiva tribo Na'vi, conhecida por sua brutalidade e liderada por Varang (Oona Chaplin). Diante de novos esforços humanos de colonização com Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang) seguindo em busca de vingança contra Jake, e também um novo inimigo, a família Sully deve lutar por sua sobrevivência e pelo futuro de Pandora a qualquer custo.

Repleto de ação e batalha épicas, Avatar: Fogo e Cinzas não esquece da jornada emocional dos personagens

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Avatar: Fogo e Cinzas é o filme mais longo da franquia, com nada menos que 3 horas e 17 minutos de duração, mas você nem sente o tempo passar por causa da deslumbrante imersão em Pandora, com James Cameron se aproveitando e progredindo com os avanços tecnológicos apresentados nos capítulo anteriores, e uma narrativa repleta de cenas de ação.

O terceiro filme é uma conclusão da saga original e o roteiro escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver converte isso no ápice da escalada de violência e vingança em Pandora, com as batalhas mais épicas já vistas na franquia – especialmente um confronto final intenso entre humanos e Na'vi. São sequências tensas e grandiosas que passeiam por diferentes cenários deste universo de ficção científica, seja terra, ar ou oceano.

Infelizmente, um dos pontos mais fracos de Avatar continua sendo as ameaças humanas, que seguem sem grandes inovações desde o original. Por mais que o complexo militar-industrial tenha um desenvolvimento maior, o terceiro filme repete a mesma premissa batida de exploração e perseguição de Jake pela RDA. O aspecto mais interessante envolve Miles Quaritch, que ganha contornos mais complexos e contraditórios em suas atitudes que o colocam muito além de um vilão unidimensional.

Por mais que a narrativa de Avatar: Fogo e Cinzas seja acelerada com muitas cenas de ação e aventura do começo ao fim da produção, James Cameron encontra respiros para se aprofundar na jornada emocional de seus protagonistas e as consequências dos eventos anteriores, principalmente a morte de Neteyam. É aqui que o novo filme manifesta suas reflexões sobre o luto e propõe uma conexão com o lado espiritual.

Fé e luto: Fogo e Cinzas é o mais sombrio e espiritual da franquia

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Desde o primeiro filme, a conexão com a natureza e a espiritualidade em Pandora sempre foi uma temática fundamental no universo de ficção científica construído por James Cameron. Avatar: Fogo e Cinzas é o mais sombrio e espiritual da franquia, como resultado direto da tragédia de Neteyam em O Caminho da Água e seu impacto nos personagens.

"O fogo do ódio dá lugar às cinzas da dor"

A família Sully enfrenta a dor do luto, com Jake e Neytiri caminhando para seu lado mais sombrio enquanto confrontam a fé na divindade Eywa e seus filhos encaram provações para encontrar seu caminho. Esse arco narrativo acrescenta uma carga dramática mais pesada e impactante, fazendo com que o público mergulhe na jornada emocional dos protagonistas, e o filme abraça seu lado mais espiritual.

Justamente por isso existe um maior destaque para Spider em Avatar: Fogo e Cinzas, em uma trajetória para encontrar sua identidade por causa de sua complexa relação com Pandora e os humanos, mas também uma trama que nos leva pelos aspectos mais místicos e religiosos pela conexão do personagem de Jack Champion com a fé e a natureza. O problema é que o filme realmente abusa desses elementos simbólicos e espirituais como facilitadores de roteiro e para apresentar soluções simplistas.

Avatar 3 apresenta Povo das Cinzas, os vilões mais brutais da franquia

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Em determinado momento de Avatar: Fogo e Cinzas, Jake confronta Neytiri sobre onde estava Eywa para impedir a morte do filho deles. Isso mostra como a trama faz questionamentos sobre a fé que move essas pessoas, o que é reforçado pela apresentação dos vilões mais brutais da franquia: Povo das Cinzas.

Eles servem como um contraponto importante para os outros clãs de Na'vi, pois foram destruídos por um desastre natural e rejeitaram a divindade de Pandora, com uma cultura mais violenta liderada por Varang na missão de salvar seu povo. O terceiro filme de Avatar quebra essa dicotomia entre bem e mal, explorando as zonas cinzentas dos personagens e como o ódio se torna uma força destrutiva e pode ser usada como uma arma em mãos exploratórias – o que vemos na parceria entre Povo das Cinzas e militares.

Vale a pena assistir Avatar: Fogo e Cinzas?

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Avatar: Fogo e Cinzas é o ápice narrativo da saga de Jake, Neytiri e a família Sully em Pandora. O maior acerto de James Cameron está no equilíbrio perfeito entre ação grandiosa e jornada espiritual dos personagens.

O terceiro filme sofre com algumas tramas repetidas – especialmente a ameaça dos militares – e abusa de facilitadores de roteiro, mas emociona com seu mergulho em reflexões sobre luto e fé, e empolga como uma experiência única de blockbuster em Hollywood apresentando as cenas de batalha mais épicas da saga de ficção científica. E isso não é pouca coisa...

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