Pânico (1996) foi um divisor de águas para o cinema de terror. Após o sucesso de filmes como Halloween, Sexta Feira 13 e A Hora do Pesadelo (do mesmo produtor de Pânico), os filmes de terror entraram em decadência, pois o conteúdo era sempre o mesmo: um assassino imortal; cenas clichês e adolescentes transados até a morte (que é uma cena clichê). Isso não vendia mais. Neste cenário, surge Scream, ou no Brasil, Pânico. Um filme que tinha o objetivo de satirizar todos os clichês do terror, com bastante humor, mas sem perder de vista o terror que o filme se propôs a entregar.
A história do filme é sobre um assassino mascarado que telefona para suas vítimas e começa a perguntar sobre filmes de terror. Conforme a conversa torna-se tensa, o assassino, aqui chamado Ghostface, começa a ameaçar a vítima, dizendo que caso não acerte a pergunta que ele fará, o resultado será a morte. A primeira cena do filme já nos presenteia com uma morte amedrontadora. Casey Becker, uma jovem, atende o telefone e começa o diálogo macabro com Ghost, só que de repente ele a ameaça, dizendo que se errar a pergunta sobre o filme Halloween, então o namorado dela, que está amarrado em sua varanda, morre. Quando ela acerta a pergunta, o assassino faz outra, sobre Sexta feira 13, e a garota acaba errando, resultando na morte do garoto. Após isso, ela desliga o telefone e tenta fugir, porém, sem êxito. O assassino a persegue e desfere uma série de facadas, além de pendurar o cadáver no jardim da casa. Os pais da garota chegam logo depois e se deparam com o corpo ensanguentado e exposto da sua filha.
Impossível não se empolgar com esse início. Temos mortes, violência, enredo e humor. Sem contar na pegada totalmente diferente do filme: o assassino brinca com a vítima, corre desesperado atrás (o que é incomum em filmes de seriais killers) e até se machuca em meio a perseguição. Muito diferente (para bom) do que se acostumou no terror.
No outro dia, o assassino tenta mais uma vítima, a protagonista Sidney Prescott - Neve Campbell -, mas ela desliga o telefone na cara dele. Com isso, Ghost invade sua casa e tenta matá-la, mas sem sucesso, pois a garota despista ele e liga para a polícia. Após a fuga, o namorado de Sidney, Billy - Skeet Ulrich -, entra na casa para ver se está tudo bem e os dois se abraçam. No abraço, Billy deixa cair um telefone do seu bolso (não era comum as pessoas saírem com telefones para a rua naquela época). Isso fez com que Sidney desconfiasse do próprio namorado, resultando na sua prisão.
Mesmo com Billy preso, as ligações e mortes não param, o que ocasiona na soltura do jovem, já que não era ele o assassino. Nesse momento a trama começa a apresentar e envolver os amigos de Sidney. Cada personagem tem uma característica marcante: o Xerife Dewey é um idiota por completo e também irmão da melhor amiga de Sidney; a repórter Gale - Courteney Cox - é obsessiva pelo sucesso e produziu uma matéria sobre a morte da mãe de Sidney; Randy é o garoto especialista em filmes de terror o melhor personagem); entre outros.
Com as mortes acontecendo e a fantasia de Ghostface sendo acessível à todos da escola de Woodsbore, o diretor acaba suspendendo as aulas. Nisso, outro personagem, o Stuart, que fica com Riley, melhor amiga de Sidney, irá promover uma festa para comemorar a suspenção das aulas. É na festa (mais uma social) que o show de horrores continua.
O filme Pânico trabalha com quebras de expectativas, pois faz com que os personagens nos revelem acontecimentos que nós achávamos que provavelmente iriam acontecer, mas a sacada é que os personagens também sabem que determinada situação ocorre em filmes do gênero terror, zombando do clichê.
Ghost, ao chegar na festa, trata de eliminar Riley, primeira vítima dentro da casa. Após a morte dela, o filme aborda mais a festa em si, onde é possível visualizar cenas memoráveis. Na sala, Randy e Stuart colocam na televisão o clássico Halloween para as pessoas assistirem, enquanto a produção utiliza da música de suspense do filme para criar o próprio suspense, à medida que Ghostface vai fazendo suas vítimas. Outro ponto relevante da cena é o diálogo de Randy sobre as regras do terror, que seria, mais ou menos, o que podem e o que não podem fazer num filme de terror (onde eles estão). Chega um momento que Randy diz para em hipótese alguma falarem que vão ali e já voltam, pois nunca voltam, e nesse momento Stuart se levanta para buscar uma cerveja e diz "vou ali e já volto", resultando numa excelente quebra de expectativa.
Após todos esses acontecimentos, o filme caminha para o seu desfecho, quando Billy acaba sendo morto pelo assassino e Randy trava uma briga do lado de fora da casa com Stuart, pois um deles é o assassino, mas Sidney não sabe quem. Lembrando que as outras pessoas foram embora porque alguém ligou avisando que o diretor havia sido assassinado e exposto. De repente, aparece Billy rolando às escadas. Na verdade ele não estava morto, só havia se ferido. Ele abre a porta e os meninos entram, porém, nesse momento o Billy se revela o Ghostface e ataca Randy. Quando Sidney pede ajuda à Stuart, ele também se revela o Ghostface (MEU DEUSSS). Eles atacam a protagonista, até que Gale aparece armada na casa, só que com a arma travada, e logo é rendida.
O filme soube trabalhar com o mistério acerca de quem poderia ser o vilão. Os pontos positivos foram que ninguém conseguiu identificar o vilão, muito menos que seria mais de um. Foram dois plot twits de vez, um para cada assassino.
Stuart leva algumas facadas de Billy, para parecer que ele era um sobrevivente e não o assassino, mas nisso Sidney acaba fugindo e reaparece como Ghostface, matando Stuart, ao jogar uma televisão em sua cabeça. Logo após, Billy tenta atacar Sidney, mas Gale, agora com a arma destravada, acerta um tiro em Billy. Quando todos achavam que havia acabado, Billy "ressuscita" como todos os assassinos de filme de terror para uma última vingança, mas leva um tiro de Sidney na cabeça, finalmente o mantando. Os sobreviventes, ao final, são: Sidney, Gale, Randy e Dewey. Por fim, Gale produz uma matéria sobre o caso Ghostface, encerrando o filme.
Assim como Halloween, filme que inspirou Pânico, ambos tiveram sucesso de bilheteria e nas críticas. Esse filme produzido por Wes Craven é um marco para os filmes do gênero e só não é o meu preferido por um detalhe. Pânico é o tipo de filme que deve ser assistido uma vez por ano, no mínimo. Pode ser assistido no Halloween, nas sextas-feiras 13 ou numa social com amigos. Super recomendável.
Nota geral do filme: 100%
* Atuações - 20/20
* Enredo - 20/20
* Efeitos - 15/15
* Atratividade - 10/10
* Trilha Sonora - 5/5
* Desfecho - 20/20
* Gosto Pessoal - 10/10