O AdoroCinema comemora 25 anos de histórias hoje, 1º de abril.

O AdoroCinema completa 25 anos hoje, 1º de abril, e, mais do que um aniversário, comemoramos as Bodas de Prata. Afinal, há um quarto de um século vivemos em um verdadeiro matrimônio com o cinema e, acima de tudo, com a arte de contar histórias – as que assistimos nas telonas e as que acontecem depois do grito de "corta"!
Ao longo desses 25 anos muitas pessoas passaram pelo site e construíram um verdadeiro acervo de memórias com narrativas dignas de filme. Além das entrevistas e críticas, a comédia e o drama da vida real acontece organicamente em uma fila de cabine de imprensa ou nos corredores dos festivais. Então, nosso time de redatores reuniram alguns dos momentos mais marcantes que viveram em coberturas especiais e no dia-a-dia da redação.
AdoroCinema faz 25 anos: O melhor filme de cada ano, segundo os nossos leitoresKatiuscia Vianna - Editora-chefe
Em 2025, completo 11 anos de AdoroCinema, então lá se foi um terço da minha vida nessa redação. Já fiz de tudo um pouco nessa empresa - até já cobri tapete vermelho de Oscar no antigo twitter, era hilário. A minha primeira matéria grande mesmo foi no dia do capítulo final de Glee (sim, sou velha, siga adiante) e lembro de metade das mulheres da redação debatendo umas boas duas horas sobre quais eram as 10 melhores performances para colocar no texto. Lembro da minha primeira entrevista que foi no meio do maravilhoso caos de um Festival do Rio, lutando para encontrar um lugarzinho de silêncio no Odeon.
Se eu fosse uma pessoa com filtro, eu falaria apenas da minha incrível experiência conhecendo e ensinando português para o Ryan Gosling e a Emily Blunt, sentando frente a frente com a dupla. Não é todo dia que o Ken fala "É tiro, porrada e bomba!". Ou como as pessoas ao meu redor finalmente entenderam o meu emprego quando falei com o elenco de Bridgerton e encheram minhas dms com surtos.
Porém, eu aprecio uma autodepreciação, então vou contar da vez que conheci Lady Gaga. Era uma viagem especial para LA para ver Coringa 2 e fiquei instalada no hotel Four Seasons, simplesmente um luxo o qual nunca mais alcançarei na vida. Mas eu também sou a prova que nem todo mundo se acostuma com a riqueza, já que eu bati a minha cabeça no vidro da varanda. Sim, o vidro era tão limpo que achei que a porta estava aberta. Sim, bati a cabeça na frente de uns 25 jornalistas do mundo inteiro. Até hoje, não sei se a Lady Gaga me conheceu com um galo na cabeça, mas sentei pertinho dela.
Aline Pereira - Editora-chefe
Ainda Estou Aqui
Se Ainda Estou Aqui foi um filme especial para o Brasil inteiro, sinto que, para mim, foi uma experiência ainda mais única, já que tinha a honra gigante de entrevistar Fernanda Torres e Selton Mello quando o longa (vencedor do Oscar!) foi lançado por aqui. Esta foi a entrevista feita por mim que teve maior alcance no AdoroCinema e muito graças a um momento específico – um daqueles de ouro em que o repórter sabe que conseguiu uma boa história: Fernanda contou que um crítico estrangeiro pensou que ela e Fernanda Montenegro fossem a mesma pessoa e elogiou o trabalho do maquiador que conseguiu envelhecê-la daquela forma.
Outra coisa que nunca havia acontecido antes: Eu me lembro que, pouco antes, havia me emocionado muito assistindo ao filme (quem não, né?) e, na entrevista, precisei segurar as lágrimas ao ouvir os dois.
Por fim, ainda ganhei uma “lembrancinha” especial: A Nova Onda do Imperador era meu desenho favorito de infância e, em casa, ainda tinha a fita VHS do filme. Decidi levá-la para a entrevista. No fim, mostrei a Selton Mello e contei que Kuzco, personagem que ele dublou de forma memorável, é muito especial para mim. Ele autografou a capa da fita com “Do baú do Kuzco”.
Coppola
Em 2024, Francis Ford Coppola veio ao Brasil divulgar o lançamento de Megalópolis e quando eu soube que o entrevistaria: ARREPIOS. Como falar com um dos diretores mais icônicos de Hollywood? Passada a tensão e muita preparação, o cineasta me surpreendeu com uma pergunta no meio da entrevista que me deixou levemente travada. “O que você quer ser quando crescer? Você é muito jovem”. No reflexo, respondi “jornalista” – é, a profissão que já exerço a bons anos. Pensei em mil outras respostas ao longo dos dias seguintes, é lógico.
No mesmo momento, disse para ele que não me achava tão jovem assim. “Claro que é. Qualquer pessoa mais jovem que minha filha é uma criança”. A filha em questão: ninguém menos do que a vencedora do Oscar Sofia Coppola.
Rafael Felizardo - Redator
Não sei se é o meu momento mais marcante no AdoroCinema, mas certamente é um dos que acho mais memoráveis.
Em 2023, entrevistei Mia Goth, uma atriz que sempre nutri certa admiração. Ao entrar na conversa de vídeo, ela estava sentada no que parecia ser a sala de sua casa, com uma roupa completamente cotidiana. Normalmente, neste tipo de evento, os atores ficam em algum cenário estilizado com vestimentas mais formais, mas com Mia foi diferente.
Em certo ponto da conversa, ela me pediu desculpas e informou que precisaria se ausentar por alguns segundos, ao que respondi: “Sem problema”. Após um tempo, Mia retorna, perguntando se poderia levar a entrevista para outro cômodo – o que consenti. Ela então pega o notebook ao qual estava conectada e carrega para um quarto, levando-me em uma espécie de tour por sua casa. Pelo que pude entender – através de detalhes que sinceramente já não me recordo mais –, a atriz estava alternando entre conversar com jornalistas e cuidar de sua filha que havia nascido no ano anterior – intercalando o modo atriz e o modo mãe.
Apesar dos milhões na conta, Mia é gente como a gente.
Bruno Botelho - Redator
Um momento marcante que tive fazendo entrevistas no AdoroCinema foi com o diretor Robert Eggers. Falei com ele durante o lançamento de O Homem do Norte em 2022 (também com Anya Taylor-Joy e Alexander Skarsgård). Eu já era bastante fã do Eggers, principalmente por causa de A Bruxa, e estava bem nervoso.
Na época ele já estava desenvolvendo o remake de Nosferatu, então resolvi colocar no fundo do meu cenário um quadro do Conde Orlok que tinha em casa para ver se chamava atenção dele. Logo que começou a entrevista, foi a primeira coisa que o Robert Eggers comentou. Ele falou algo como “Estou vendo que você tem um quadro do Max Schreck [ator de Conde Orlok no filme original]... Estou com um pouco de medo de onde essa conversa vai parar”. Não poderia ter ficado mais feliz com essa brincadeira dele, ainda mais vindo de um profissional que você admira.
Aproveitando o gancho, eu perguntei sobre como estava o desenvolvimento de Nosferatu. Eggers explicou que não tava nada fácil, na época Harry Styles tinhasaído da produção e ele comentou brevemente sobre isso. E pouco mais de dois anos depois as coisas andaram e sua versão de Nosferatu chegou ao cinema.
Essa entrevista em si foi bastante especial para mim por ter falado com Anya Taylor-Joy também. A Bruxa é um dos meus filmes favoritos e, após muitos anos, Anya e Eggers retomavam sua parceria em O Homem do Norte. Então foi muito incrível falar com eles sobre isso e um pouco sobre o universo de terror que eu tanto amo.
Júlia Barbosa - Redatora
Como qualquer escritório, usamos planilhas para organizar as fichas, pautas e plantões. Porém, a mais completa e valiosa da redação se chama "AdoroGalãs". Em uma quarta-feira aleatória de 2023, no auge do fenômeno Barbenheimer, um ensaio fotográfico do Cillian Murphy desencadeou um dilema sobre o que confere o status de galã a um ator.
Concluímos que isso era muito mais fácil de apontar nos tempos de James Dean e, agora existem, muitos fatores a serem considerados. Daí veio a brilhante ideia de abrir um documento categorizando os homens mais atraentes (ou nem tanto) do cinema — As nossas favoritas são os galãs "psicologicamente danificados", "envelheceram como vinho" e "molhudos". A planilha transformou a redação em uma Acrópole que só foi silenciada porque levamos uma bronca por causa do barulho. Agora, volta e meia adicionamos novos nomes, despertando debates acalorados e divertidos no meio da tarde.
Acredito profundamente que os melhores filmes são os que valorizam o cotidiano e seus personagens. Por isso, fiz questão de trazer aqui um momento "simples" da rotina do AdoroCinema que diz muito sobre como é trabalhar aqui.
Como meus colegas, também relembro uma anedota de cobertura. Participei do Festival do Rio pela primeira vez em 2023 e, como ainda era estagiária, não liberaram uma credencial de imprensa para mim. Porém, eu não podia perder o evento de forma alguma e trabalhei na função de "papagaio de pirata" das queridas Nathalia Jesus e Giovanna Ribeiro.
No pezinho do ombro delas, seja para segurar um microfone ou gravar um vídeo, fui totalmente contagiada pelo frenesi do festival. Entre trocas de contato no intervalo das sessões acabei conseguindo oportunidades incríveis, incluindo minha primeira entrevista internacional (totalmente em espanhol!) que rolou praticamente de última hora, agregando ainda mais emoção à experiência.
Diego Souza Carlos - Redator
Em meados de 2023, durante o período de lançamento de Ferrari, fui à pré-estreia do longa para produzir conteúdos para as redes sociais do Adoro e tentar uma conversa com Gabriel Leone. Chegando lá, as coisas correram bem e consegui uns minutinhos com ele. O que eu não contava, é que Alice Braga, Fernando Meirelles e Marina Person também estariam no tapete vermelho. Conversei com todos sobre diferentes aspectos do cinema, mas também papeamos sobre bastidores.
Ouvi sobre os recentes trabalhos da estrela de A Rainha do Sul, mas também observei como há admiração e respeito entre artistas no meio. Com o responsável por Cidade de Deus, houve um papo sobre Hollywood e mercado nacional (tremi na base, claro, mas ele foi um querido). Já com Marina resgatei Califórnia, filme dirigido por ela que estava chegando a novas gerações através de cortes nas redes sociais. Ela estava achando o movimento bem interessante, ficou lisonjeada pela lembrança - e reforçou que adora dirigir, então sempre está trabalhando para isso.
Embora atípico, este poderia ser mais um dia de trabalho, mas foi um lembrete de como existem alegrias surpreendentes na função do jornalismo cultural. Dez anos antes deste dia, quando entrava na faculdade, sonhava em desempenhar a função e falar sobre a versatilidade da cultura no trabalho. Às vezes caímos na rotina, mas dias como esses nos lembram como é bom mergulhar em algo que nos move. Ainda mais legal é ter sempre no horizonte que há um ser humano por trás das histórias que nos emocionam, um baita ponto para o poder transformador da sétima arte.
P.S. (enorme): Estou apenas há três anos como redator do site, mas são inúmeras as situações que marcaram a minha carreira. Como um bom libriano, foi difícil escolher entre tantos momentos, como as três vezes que entrevistei Lázaro Ramos em um curto período (e minha família e amigos pediram para chamar ele para um churrasco), a conversa emocionante sobre animação com Carlos Saldanha e as minhas primeiras entrevistas em inglês, uma com o diretor de X-Men '97 e outra com os responsáveis por Divertida Mente 2, maior bilheteria de 2024. Animado para o futuro!
Comemore os 25 anos do AdoroCinema conosco acompanhando nossas matérias especiais de aniversário!