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    Perry Mason: Série da HBO produzida por Robert Downey Jr. aposta em estilo noir (Primeiras Impressões)

    Personagem clássico dos anos 1930 é protagonizado, sem muito alarde, por Matthew Rhys (The Americans).

    Uma história de detetive às antigas. Assim pode ser descrita a nova série da HBO, Perry Mason, inspirado no clássico personagem dos anos 1930. Trata-se do advogado de Los Angeles especialista em defender pessoas que foram falsamente acusadas, que ganhou mais de 80 livros e contos, além de ser adaptada para longas-metragens, telefilmes, séries televisivas e de rádio.

    No entanto, na era dos reboots, Mason ganhou uma repaginada, ou talvez uma história de origem — ainda não está claro. Com Matthew Rhys assumindo o papel principal e contando com a produção executiva de ninguém menos que Robert Downey Jr., a série é menos um drama de advogados e mais uma trama sombria de detetives que aposta no ode ao estilo noir.

    Série produzida por Robert Downey Jr. segue detetive particular nos anos 1930

    HBO

    O Perry Mason de Rhys é um detetive particular com a vida conturbada. Veterano da Primeira Guerra Mundial, divorciado e tentando contato com o filho pequeno, ele mora na fazenda de sua família, que está em ruínas, ao lado de um aeroporto. Sempre de terno surrado e chapéu amarrotado, ele e seu parceiro Pete Strickland (Shea Whigham) ganham dinheiro tirando fotos de estrelas de Hollywood em situações comprometedoras.

    Enquanto isso, a produção usa como pano de fundo um sequestro, que virou um brutal assassinato de uma criança. Mesclando mistério e um quê de gore, a série sugere uma crítica às investigações policiais e a corrupção nas forças armadas — que querem encontrar um culpado o mais rápido possível, dispostos a acusar qualquer um injustamente, cedendo à pressão da mídia. A trama ambientada nos anos 1930 é bastante atual e dá pano para manga para os episódios seguintes, e promete abordar a questão racial, tão debatida em 2020.

    Matthew Rhys, de The Americans, interpreta Perry Mason sem muito alarde

    HBO

    Matthew Rhys, pelo menos no início da série, é contido como Mason, deixando outros atores como Shea Whigham (Fargo) ou o excepcional John Lithgow (The Crown) brilharem em cena e ofuscarem sua performance, que demora a engrenar. Porém, cabe um voto de confiança considerando o histórico da carreira do ator: ele foi vencedor do Emmy e indicado a dois Globos de Ouro por seu papel em The Americans.

    Apesar de ser situada em 1930, uma época majoritariamente masculina quando representada em produções televisivas, Perry Mason traz personagens femininas que sugerem ter mais espaço ao longo dos oito capítulos da minissérie. É o caso da assistente Della Street (Juliet Rylance), a emotiva Emily Dodson (Gayle Rankin) e a ainda inédita Irmã Alice, que será vivida pela excelente Tatiana Maslany (Orphan Black).

    Série da HBO tem diretor de Game of Thrones

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    Perry Mason pode não ter conquistado, de primeira, no roteiro ou nas atuações, porém, a série se destaca por sua excelente forma e estilo. Não à toa, é comandada por Tim Van Patten, responsável por dirigir episódios de diversas produções de sucesso da HBO, como Família Soprano, The WireBoardwalk Empire e Game of Thrones.

    Com trama sombria e um ar vintage, Perry Mason definitivamente não é uma Sherlock, mas deixa um gostinho de quero mais, especialmente em relação à investigação principal. Resta saber se conseguirá segurar a qualidade e conquistas um novo público, ou simplesmente se apoiará no sucesso anterior do personagem.

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