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    Guia do Festival de Cannes 2019

    Críticas, notícias e informações dos principais filmes da 72º edição do festival.

    Filmes brasileiros

    Bacurau, de Kleber Mendonça FilhoJuliano Dornelles (Mostra competitiva)

    Após o sucesso de Aquarius, também exibido em competição durante o Festival de Cannes, Kleber Mendonça se une a Juliano Dornelles na direção para uma história intrigante. Inicialmente, o projeto de Bacurau não escondia sua imersão no terror e na ficção científica, como se percebe pelo teaser poster. Agora, a trama oficial é bastante diferente: após a morte de uma matriarca no sertão nordestino, a pequena cidade onde ela mora desaparece do mapa. Os diretores decidiram privilegiar o suspense ou o projeto estaria guardando algumas surpresas? O elenco inclui Sônia BragaKarine Teles e Udo Kier.

    O Traidor, de Marco Bellocchio (Mostra competitiva)

    Nesta coprodução entre Itália, França, Alemanha e Brasil, o italiano Marco Bellocchio (Vencer, Bom Dia, Noite) investiga a história real de Tommaso Buscetta (Pierfrancesco Favino), um dos maiores mafiosos do seu país. No entanto, na Sicília dos anos 1980, ele se tornou um informante secreto da polícia, denunciando os próprios colegas e ajudando a destruir poderosos esquemas criminosos. O drama, parcialmente filmado no Rio de Janeiro, tem Maria Fernanda Cândido no elenco. 

    A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz (Mostra Um Certo Olhar)

    Baseado no belo livro de Martha Batalha, o drama investiga a condição das mulheres no Brasil durante os anos 1940 e 1950. Duas jovens irmãs, Guida (Julia Stockler) e Eurídice (Carol Duarte) acabam seguindo caminhos muito distintos: enquanto a primeira, rebelde, rejeita a família conservadora e foge com o namorado, a segunda faz o possível para ser uma boa dona de casa, embora leve uma vida infeliz. O livro ainda investiga os sentimentos da mãe delas e das outras mulheres ao redor, como as mães dos futuros maridos. Fernanda MontenegroGregório Duvivier compõem o elenco.

    Sem Seu Sangue, de Alice Furtado (Quinzena dos Realizadores)

    Como o Festival de Cannes tende a privilegiar os novos filmes de diretores consagrados, é com entusiasmo que a indústria brasileira recebeu a seleção do primeiro longa-metragem dirigido por Alice Furtado. Neste drama, uma jovem solitária, Silvia (Luiza Kosovski), se encanta com um novo aluno da escola, o rebelde Artur (Juan Paiva). No entanto, o garoto é hemofílico, e seus problemas de saúde transformarão a vida de Silvia. O Brasil é produtor majoritário deste projeto, elaborado em parceria com a Holanda e a França.

    Indianara, de Aude Chevalier-BeaumelMarcelo Barbosa (ACID)

    Ao lado das quatro ficções, o cinema brasileiro também é representado por este documentário, presente na ACID, a mostra mais independente e radical de Cannes. O filme gira em torno da ativista Indianara Siqueira, uma mulher transexual que luta pelos direitos das minorias. Recentemente, após brigas com o partido PSOL, foi expulsa da sigla. O projeto acompanha as controvérsias e a obstinação da protagonista.

    Mostra competitiva

    Além dos brasileiros Bacurau e O Traidor, os demais filmes concorrem à Palma de Ouro:

    The Dead Don't Die, de Jim Jarmusch 

    O Festival de Cannes surpreendeu ao escolher para a abertura do evento uma comédia de zumbis. O imprevisível Jim Jarmusch escalou um elenco de peso para combater a invasão de mortos-vivos numa cidadezinha norte-americana. Bill Murray, Adam Driver, Chlöe Sevigny, Tilda Swinton, Steve Buscemi, Selena GomezDanny Glover e mesmo os músicos Iggy PopRZATom Waits compõem a aventura. O filme já tem estreia marcada para os cinemas brasileiros em julho. 

    Era uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino

    O diretor correu até o último minuto para finalizar o projeto a tempo da exibição em Cannes. Desta vez, ele reúne ninguém menos que Leonardo DiCaprioBrad Pitt numa história passada na indústria do cinema dos anos 1960. O espectador terá a experiência curiosa de ver dois astros no papel de principiantes da sétima arte: o primeiro interpreta um ator de televisão buscando a fama, enquanto o segundo encarna seu dublê. A trajetória deles cruza com os assassinatos de Charles Manson. DiCaprio, Pitt e Margot Robbie já confirmaram presença em Cannes.

    Dor e Glória, de Pedro Almodóvar

    No novo melodrama do diretor espanhol, o espectador vai encontrar não apenas seus atores-fetiche (Antonio Banderas, Penélope Cruz, Cecilia Roth, Raúl Arévalo), mas também uma releitura da própria vida de Almodóvar. Banderas interpreta o alter-ego de seu criador: um diretor em fim de carreira que, após o encontro com um homem de sua juventude, relembra os principais acertos e erros de sua vida. Pelo trailer, o projeto parece deve ir fundo nas lágrimas e tragédias.

    Parasite, de Bong Joon-ho

    Desde já um ótimo candidato a melhor cartaz do Festival de Cannes, o novo suspense do diretor de MotherOkja explora a fatalidade quando duas famílias de classes sociais muito distintas se aproximam. Na trama, os Kim-taek estão pobres e desempregados, mas invejam o estilo de vida luxuoso dos Park. Aos poucos, os primeiros bolam um plano para se aproximar dos segundos, o que envolve uma série de crimes. De acordo com os produtores, trata-se de uma "tragicomédia familiar".

    Mektoub, My Love: Intermezzo, de Abdellatif Kechiche

    Na verdade, a foto acima não pertence a Intermezzo, mas a Mektoub, My Love: Canto Uno, do mesmo diretor. A sequência de quatro horas de duração ainda não divulgou uma foto oficial, e gera curiosidade quanto aos motivos de sua existência: afinal, foi a decisão de separar o filme em duas partes que fez com que Kechiche perdesse o financiamento do projeto e quase tivesse que desistir do drama. Os dois filmes abordam os romances da juventude francesa.

    Young Ahmed, de Jean-Pierre DardenneLuc Dardenne

    Os diretores belgas, uns dos mais queridos do Festival de Cannes, apresentam sua visão sobre o crescimento do terrorismo islâmico na Europa. O controverso tema é abordado pelo prisma de um garoto de treze anos de idade, que passa a interpretar o Alcorão de maneira particularmente violenta, até chegar à conclusão de que precisa eliminar a sua professora. Idir Ben Addi interpreta o jovem protagonista.

    Sorry We Missed You, de Ken Loach

    Outro diretor habitual de Cannes, o britânico Ken Loach apresenta sua mais nova investigação das classes desfavorecidas no Reino Unido. Desta vez, ele expõe a terceirização e a precarização do mercado de trabalho através de um homem que tenta trabalhar por conta própria, fazendo entregas com sua van, e a esposa, uma cuidadora privada. Quando os planos não dão certo, os laços familiares são testados. 

    A Hidden Life, de Terrence Malick

    Após vencer a Palma de Ouro por A Árvore da Vida, Malick retorna com a história real de  Franz Jägerstätter (August Diehl), homem austríaco que foi guilhotinado em 1943 pelo regime de Hitler após se recusar a combater na Segunda Guerra Mundial ao lado dos nazistas. O projeto estava em desenvolvimento há anos, sob o nome de Radegund, antes de ser rebatizado. O elenco inclui nomes de peso como Valerie Pachner e Matthias Schoenaerts.

    Oh, Mercy!, de Arnaud Desplechin

    Para esta mistura de drama e suspense, Despleschin filma novamente a sua cidade preferida, Roubaix, para mostrar o cotidiano de dois policiais, um veterano (Roschdy Zem) e um novato (Antoine Reinartz). Na noite de Natal, eles são encarregados de investigar o assassinato brutal de uma mulher idosa. Tudo indica que o crime foi cometido pelas vizinhas, uma dupla de namoradas (Léa Seydoux e Sara Forestier) viciadas em drogas e álcool.

    The Whistlers, de Corneliu Porumboiu

    A propósito de dilemas policiais, o representante romeno da competição gira em torno do inspetor de polícia Cristi (Vlad Ivanov), que coopera com as forças da ordem enquanto pratica crimes em suas horas vagas. Quando a bela Gilda (Catrinel Marlon) o convence a participar de um roubo, eles se veem envolvidos numa rede de intrigas e mentiras. Para a surpresa geral, uma língua desconhecida, utilizada apenas numa ilha espanhola, pode ser a saída para os problemas de todos. 

    Frankie, de Ira Sachs

    Embora a sinopse oficial ainda seja mantida em segredo, sabe-se que o primeiro filme de Ira Sachs na competição oficial tem como protagonista Isabelle Huppert, que reencontra três gerações de sua família na cidade de Sintra, em Portugal. Enquanto a protagonista enfrenta "a última etapa da sua vida" (ela estaria doente?), os familiares expõem suas dores. Greg KinnearMarisa TomeiBrendan Gleeson completam o elenco. 

    Portrait of a Lady on Fire, de Céline Sciamma

    Acostumada aos retratos da sexualidade feminina, a diretora de GarotasTomboy realiza seu primeiro filme de época com a história de Marianne (Noémie Merlant), artista do século XVIII contratada para fazer o retrato de Heloïse (Adèle Haenel) em segredo, devido ao casamento iminente desta. Aos poucos, pintora e modelo se aproximam, de modo a despertar novos desejos e colocar o casamento em risco. 

    The Wild Goose Lake, de Diao Yinan

    Após vencer o Festival de Berlim com Carvão Negro, o diretor chinês concorre em Cannes com a história de dois marginais fugindo do sistema: o perigoso líder de uma gangue de motoqueiros, que se esconde da polícia, e uma prostituta lutando por sua liberdade. O encontro entre eles dá origem a uma nova dupla, que bola um último plano antes de abandonarem de uma vez a vida de crimes.

    Atlantique, de Mati Diop

    O Festival de Cannes precisou chegar à sua 72ª edição, com mais de vinte filmes selecionados a cada ano, para escolher pela primeira vez o projeto de uma diretora negra. A trama, passada no Senegal, apresenta a vida de Ada, uma adolescente prometida a um homem do vilarejo, embora esteja apaixonada por Souleimane, o trabalhador de uma construção local. Quando o rapaz se afoga no mar durante uma travessia, fenômenos misteriosos indicam que as almas desses trabalhadores forçados podem ter voltado.

    Matthias and Maxime, de Xavier Dolan

    O jovem diretor canadense retorna ao Quebec natal para um "filme de amigos", em suas próprias palavras. A trama apresenta um grupo de jovens adultos abalado pela descoberta que dois deles (Dolan e Gabriel d'Almeida Freitas), que sempre se consideraram heterossexuais, estão apaixonados um pelo outro. Os novos sentimentos nascem após a gravação de um curta-metragem onde os dois são obrigados a se beijarem.

    Little Joe, de Jessica Hausner

    Um dos projetos mais curiosos da competição oficial é esta ficção científica britânica, sobre Alice (Emily Beecham), cientista responsável por desenvolver novas variedades de planta numa empresa. Ela descobre que uma espécie inédita pode tornar as pessoas felizes, caso o dono cuide dela e converse com ela sempre. Um dia, Alice leva uma flor em segredo para o filho pequeno. No entanto, a família descobre que a planta pode ter seus aspectos negativos e perigosos também. 

    Sibyl, de Justine Triet

    Este drama impressiona pelo elenco, que traz Virginie Efira no papel principal, ao lado de Adèle Exarchopoulos, Gaspard Ulliel, Sandra HüllerPaul Hamy e Niels Schneider. Na trama, uma psicoterapeuta entediada retoma a sua paixão pela escrita, até receber como cliente uma atriz perturbada que fornece um material perfeito para seus textos. A terapeuta fica cada vez mais obcecada com os traumas desta jovem, a ponto de romper a fronteira profissional para descobrir novos segredos que contribuam ao seu livro. 

    Les Misérables, de Ladj Ly

    O único diretor estreante entre os competidores é o francês Ladj Ly, que efetua uma versão longa de seu próprio curta-metragem, de mesmo nome. O drama acompanha a trajetória de Stéphane (Damien Bonnard), um homem que se une à luta anticriminal dos habitantes de uma cidade na periferia de Paris. Aos poucos, ele descobre que seus companheiros de combate possuem técnicas nada ortodoxas, e passa a questionar suas ações. 

    It Must Be Heaven, de Elia Suleiman

    Em seu novo filme, o diretor palestino interpreta a si mesmo no papel principal de um homem que pretende abandonar suas origens devido ao histórico de violência em seu país, apenas para encontrar em outras partes do mundo os mesmos problemas: xenofobia, ódio aos árabes, dificuldade em lidar com as diferenças. Curiosamente, o cineasta aborda estas questões através da comédia.

    Fora de competição

    La Belle Époque, de Nicolas Bedos

    Rocketman, de Dexter Fletcher

    Diego Maradona, de Asif Kapadia

    Les Plus Belles Années d'une Vie, de Claude Lelouch

    Too Old to Die Young - North of Hollywood, West of Hell, de Nicolas Winding Refn

    Sessão da meia-noite

    The Gangster, The Cop, The Devil, de Lee Won-Tae

    Lux Aeterna, de Gaspar Noé

    Sessões especiais

    For Sama, de Waad Al Kateab e Edward Watts

    Share, de Pippa Bianco

    Être Vivant et le Savoir, de Alain Cavalier

    Tommaso, de Abel Ferrara

    Family Romance, LLC., de Werner Herzog

    Que Sea Ley, de Juan Solanas

    Chicuarotes, de Gael García Bernal 

    La Cordillera de los Sueños, de Patricio Guzmán

    Ice on Fire, de Leila Conners

    5B, de Dan Krauss

    Última sessão

    The Specials, de Éric ToledanoOlivier Nakache

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