Pensar na filmografia de Denis Villeneuve em pleno ano de 2024, com o magnífico Duna: Parte 2 ainda em cartaz nos cinemas, nos convida a pensar em seus espetáculos de ficção científica ambientados no universo de Frank Herbert ou em suas incursões fantásticas anteriores no gênero em títulos como Blade Runner 2049, A Chegada e, em menor escala, em seu enigmático e magnético O Homem Duplicado.
Mas, antes de se entregar totalmente à fantasia, o franco-canadense optou por projetos muito mais terrenos e rudes, dando seu salto para Hollywood com o notável Os Suspeitos e, dois anos depois, reafirmando-se como o grande cineasta que é com um suspense criminal bruto, cru e, por que não dizer, aterrorizante, que nos levou à fronteira entre os Estados Unidos e o México em 121 minutos inesquecíveis.
Villeneuve em sua forma mais crua e terrena
Esse não é outro senão Sicario: Terra de Ninguém, a colaboração entre Villeneuve e o roteirista Taylor Sheridan - que mais tarde escreveria o roteiro do extraordinário A Qualquer Custo e dirigiria Terra Selvagem - que explora o mundo do tráfico de drogas por meio de um jovem agente do FBI com uma força e uma sordidez idênticas às de sua coleção irrepetível de personagens.
Emily Blunt, Benicio del Toro, Josh Brolin e Jon Bernthal são alguns dos rostos que nos acompanham em uma história que brilha pela gestão de uma atmosfera cada vez mais sufocante, pela intensidade de seus conflitos, de seus protagonistas e antagonistas, por sua implacável mise-en-scène e, principalmente, por um tratamento visual que é a cereja do bolo de uma das melhores produções da última década.
Studio Canal
Roger Deakins mais uma vez provou ser um dos grandes diretores de fotografia em atividade - se não o maior - com uma nova exibição de claro-escuro, uso de iluminação prática e contraluz que nos deu uma sequência memorável no meio do pôr do sol que fez com que Sicario merecesse a indicação ao Oscar de melhor fotografia que, injustamente, acabou caindo em ouvidos moucos em um ano de concorrência acirrada.
Sicario foi lançado em 18 de setembro de 2015, após sua estreia no Festival de Cannes do mesmo ano, e arrecadou 85 milhões de dólares com um orçamento não desprezível de 30 milhões, dando origem a uma sequência com o subtítulo Dia do Soldado, na qual Stefano Sollima assumiu o bastão de Villeneuve com resultados muito bons.
Se você quiser descobrir as virtudes desse suspense único, poderá fazê-lo no Prime Video ou Netflix, onde o filme se encontra disponível no catálogo.
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