Este ano marca o décimo aniversário do lançamento de Interestelar, o filme de ficção científica de sucesso dirigido por Christopher Nolan. Certamente ao longo de 2024 ouviremos muito sobre ele, mas uma coisa que muitos não sabem é que o diretor de Oppenheimer foi forçado a mudar um detalhe que na época considerava inegociável.
"As leis da física impediram isso"
Um dos grandes colaboradores de Christopher Nolan no desenvolvimento de Interestelar foi Kip Thorne, um físico teórico ganhador do Prêmio Nobel com quem o diretor de A Origem manteve uma infinidade de reuniões para que o filme fosse o mais realista possível dentro do campo da ciência. No entanto, o próprio Thorne relembra na Scientific American como eles entraram em conflito sobre uma questão fundamental.
Chris também considerou viajar pelo espaço mais rápido que a velocidade da luz como 'inegociável' naquela época, e isso é algo que mudou e não está no filme final. Ele usou essa frase em nossos brainstorms, mas no final, após discussões aprofundadas, ele mudou de ideia
"Sempre arranjamos uma forma de fazer as coisas funcionarem em conjunto, embora, neste caso de viagem mais rápida que a luz, eu lhe tenha dado uma série de razões pelas quais tínhamos a certeza de que as leis da física o impediam. Ficamos indo e voltando por horas durante duas semanas sobre isso, até que ele chegou ao ponto em que percebeu intuitivamente que os problemas que eu estava apontando eram intransponíveis. Então ele simplesmente abandonou a ideia de viajar mais rápido que a luz e seguiu em outra direção", completa o físico teórico sobre essa mudança em Interestelar.
Em que ano se passa Interestelar, de Christopher Nolan? Entenda a linha do tempo de um dos maiores filmes de ficção científica das últimas décadasClaro que esta "derrota" por parte de Nolan foi algo específico, pois na época também parecia que o fato de em Gargantua o tempo fluir de forma muito diferente da Terra – uma hora lá equivale a sete anos no nosso planeta – parecia impossível no papel. No entanto, Thorne explica como chegou à conclusão de que isso era teoricamente possível.
Esta questão do enorme diferencial de tempo entre um dos planetas que orbitam muito perto de Gargantua e o fluxo do tempo de volta à Terra – o problema parecia ser que nenhum planeta poderia suportar as forças gravitacionais resultantes. Isso era algo que até eu achava impossível, intuitivamente, até que fui dormir e fiz algumas horas de cálculos. Cheguei à conclusão de que de fato é possível
Ele continua sua explicação. "O buraco negro precisa girar muito rápido, mas é possível que a rotação seja rápida o suficiente para que um planeta na órbita circular necessariamente próxima e estável não seja destruído. Não posso culpar ninguém por dizer: 'Ei, isso não é possível', sem antes ter tido o benefício do meu livro! A menos que seja alguém que esteja muito familiarizado com a relatividade geral e que eu esperava que fizesse os cálculos!".
Em Interestelar, após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta.