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    Boca a Boca: Denise Fraga revela semelhanças de série da Netflix com pandemia do coronavírus (Entrevista Exclusiva)
    Vitória Pratini
    Vitória Pratini
    -Redatora | crítica
    Jornalista e cinéfila, Vitória é apaixonada por cultura pop. No AdoroCinema, fez críticas, entrevistas nacionais e internacionais, além de coberturas que vão do Festival do Rio até San Diego Comic-Con. Até hoje espera sua carta de Hogwarts e uma volta na Millenium Falcon!

    Produção de suspense também coloca o dedo na ferida de preconceitos.

    Após levar zumbis para o Rio de Janeiro em Reality Zquestionar a fé na misteriosa O Escolhido, a Netflix agora aposta em Boca a Boca, uma série de suspense sobre uma infecção transmitida pelo beijo no interior do Brasil. Sim, em plena pandemia do coronavírus. Qualquer semelhança com a vida real talvez não seja mera coincidência.

    Ambientada na pequena cidade fictícia e conservadora de Progresso, a trama gira em torno de adolescentes de uma escola agrícola que se veem no epicentro da epidemia após uma festa. Os personagens precisam lidar tanto com o mundo digital, cujas informações se espalham rapidamente, quanto com o medo e a desconfiança que vem não só da infecção mas também dos desejos aflorados da juventude.

    Enquanto os jovens são os principais afetados pela infecção em Boca a Boca, são os pais e os professores que prezam pela tradição e bons costumes e tomam atitudes drásticas quando os casos começam a surgir. Entre eles, há Guiomar, a diretora da escola interpretada pela talentosa e veterana Denise Fraga. Uma espécie de vilã que tenta controlar a situação dos jovens, mas esconde segredos obscuros. A atriz conversou com exclusividade com o AdoroCinema sobre a série da Netflix, que estreia no próximo dia 17 de julho.

    “A personagem é muito interessante, muito diferente de coisas que eu fiz”, comentou Fraga, que tem mais de 30 anos de carreira nos cinemas e na TV. “Guiomar tem um traço de vilã mas é muito humanizada, uma mulher que acha que tem controle da situação. Diretora daquela escola, com aqueles jovens, ela acha que tem uma psicologia para lidar com eles. Ela confia no taco dela, mas esconde um monte de coisas por trás. E é isso que vai sendo revelado [ao longo da temporada]”.

    Vanessa Bumbeers / Netflix

    Boca a Boca “previu” sentimento da quarentena

    “Tem uma sincronicidade louca de, nessa hora, no meio de uma pandemia, a gente estrear uma série que antes disso tudo falava de uma epidemia que passa pelo beijo. Numa cidade fictícia, conservadora”, comentou Denise sobre a coincidência e o timing do lançamento de Boca a Boca. “É até um denominador comum, essa catástrofe, tragédia que a gente tem vivido mas as histórias são diferentes. Na vida real, escancaram as diferenças sociais. Mas na série, essa situação limite na cidade faz, além de suspense, uma produção que fala de comportamento humano, que investiga o humano. E de alguma maneira acaba dizendo que o que salva é o afeto, são as relações, e eu tenho pensado muito sobre isso.”

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    Por mais que a série, gravada entre julho e setembro de 2019, de alguma forma antevê a situação atual da sociedade com a pandemia do coronavírus, Denise Fraga nega que Guiomar tenha qualquer semelhança com personagens da vida real. “Não dá para determinar, porque eu acho que delimita muito. Ela é muito inteligente e acredita ter uma maneira de lidar com as coisas, ainda que tenha muitas dores dentro”.

    Vanessa Bumbeers / Netflix

    Série da Netflix também coloca dedo da ferida de preconceitos

    De acordo com Denise, a série criada por Esmir Filho (Alguma Coisa Assim, Os Famosos e os Duendes da Morte) ainda escancara o âmago das relações humanas e incita questionamentos por parte dos espectadores. A produção é dirigida por Esmir em parceria com Juliana Rojas (As Boas Maneiras, Sinfonia da Necrópole), fato que atraiu Fraga para o projeto.

    “Ao mesmo tempo, [Boca a Boca] está falando de uma coisa que acho que nos diz respeito a todos, que são nossas fragilidades. Se você for ver, podemos abrir várias pontes com o que a gente tem vivido. Especialmente junto com essa parte jovem da cidade, que é mais libertária, que quer a vida, que quer fugir das regras. Eles se deparam com uma epidemia que passa pelo beijo e o quanto que isso altera as relações, e o quanto que isso começa a revelar julgamentos pré-concebidos. O Esmir e a Juliana na série acabam falando de preconceitos, de como a gente se ‘estrepa’ tentando colocar as coisas nos escaninhos, a vida na caixinha, as rédeas sobre a vida. E a vida é muito maior”, apontou a atriz, indicando que a própria quarentena tem feito ela repensar sobre essas temáticas. “Diante dessa pandemia, eu sempre tenho pensado muito nisso, que eu acho que temos que exercitar a nossa maleabilidade. Temos tanta coisa para ver e viver sem querer dar nome [às coisas]”.

    Vanessa Bumbeers / Netflix

    Uma série de suspense que vai fisgar o espectador

    Fraga ainda antecipa que Boca a Boca vai ser daquelas séries para serem maratonadas, especialmente porque “situações limite” incitam diferentes reações a serem abordadas nos personagens. “É uma produção muito boa de suspense que você vai descobrindo coisas dela, e você vai falando ‘nossa, nossa’. É uma série daquelas que você não consegue parar de ver. Eu lembro de ler o roteiro dos capítulos e queria ler o outro e o outro para entender o que vinha”, relembrou sobre ter sido fisgada pelo script escrito por Esmir Filho, Juliana Rojas, Thais Guisasola, Jaquelina Souza e Marcelo Marchi.

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    A atriz ainda aproveitou para elogiar os diretores Esmir Filho e Juliana Rojas, o elenco de atores jovens e veteranos e a estética caprichada da série. “É tudo muito bonito, o Fred Pinto, diretor de arte maravilhoso, o Azul Serra, fotógrafo incrível, tiveram cuidado com [a estética], é uma paleta de cores incrível. As locações que gravamos, os lugares escolhidos, dão à série uma cara muito bacana”, comentou. A série foi gravada em uma fazenda na Grande São Paulo e em Goiás.

    Vanessa Bumbeers / Netflix

    Netflix x TV aberta

    Denise, que já tem experiência em fazer séries para a TV aberta, apontou que participar de uma produção da Netflix não tem tanta diferença. Afinal, em ambos os casos, há um arco fechado — no qual se conhece o personagem do início ao fim — diferentemente de novela, que é escrita durante as filmagens. No entanto, para ela, é surpreendente pensar no alcance que o serviço de streaming possibilita. “A coisa da Netflix é que a série fica lá para o mundo, ela estreia aqui junto com um monte de países, é curioso você pensar que estão te vendo em vários países do mundo.”

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    Segundo a atriz, os streamings como a Netflix aconteceram muito rápido em nossas vidas e arte tem sido a salvação nesta pandemia. “O que seria dessa quarentena sem os streamings? Na internet, eu fico vendo que a atividade essencial nesse período foram os artistas, as séries, os filmes, as lives. Hoje em dia vemos muita coisa através do streaming e da internet, seja um show, um documentário, uma peça de teatro, uma ópera. Isso já é um boom que aconteceu, que sem dúvida nenhuma é uma coisa incrível”, afirmou. “O que eu acho, pessoalmente, é que temos que ter cuidado com a nossa escolha, porque esse cardápio está ficando grande demais. Temos que ter cuidado para não perder o tempo que temos para ver o filme lendo o cardápio. Me dá muita aflição essa profusão de possibilidades”, ponderou.

    Vanessa Bumbeers / Netflix

    Ainda assim, apontou o lado bom: “Eu adoro quando alguém chega para mim e diz para eu ver algo imperdível, porque eu já sei o que procurar. E já adianto aqui que Boca a Boca — claro que sou suspeitíssima para falar — é uma série imperdível. Fiquei muito feliz em fazer e com o resultado e com as pessoas envolvidas, a maneira como foi desenvolvido. Quando eu vi o trailer, falei ‘que legal participar desse projeto’”.

    Estrelada também por Iza Moreira, Michel Joelsas, Kevin Vechiatto, Flavio TolezaniBianca ByingtonBruno GarciaBoca a Boca tem estreia marcada para a próxima sexta-feira (17) na Netflix.

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