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    I Know This Much Is True: Crítica da minissérie de Mark Ruffalo

    Ator da Marvel interpreta dois personagens na intensa produção da HBO.

    Nota: 4,5 / 5,0

    Mark Ruffalo construiu o início de sua carreira em torno de comédias românticas como De Repente 30 e E Se Fosse Verdade, ganhou popularidade interpretando o Hulk no Universo Cinematográfico Marvel e também consagrou-se como um excelente ator dramático. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante três vezes, o astro transportou sua expertise para as telinhas na distinta e intensa minissérie da HBO, I Know This Much Is True. Como certa vez afirmou o cineasta José Eduardo Belmonte (Alemão) em entrevista ao AdoroCinema, “até Vingadores usa atores dramáticos”.

    Mark Ruffalo domina a cena em dose dupla

    WarnerMedia

    Durante seis densos episódios, Ruffalo interpreta dois personagens, os irmãos gêmeos Dominick e Thomas Birdsey, fato que o coloca na reta para a temporada de premiações. O ator consegue entregar duas facetas completamente diferentes, e tocantes, diferenciadas não só pela performance, mas também pelas mudanças físicas. Isso porque Ruffalo ganhou 13 quilos para interpretar Thomas, e para isso gravou as cenas dos dois personagens com uma diferença de cinco semanas.

    Na trama inspirada no livro homônimo de Wally Lamb, Thomas sofre de esquizofrenia paranóica e vive em instituições, enquanto Dominick é um homem divorciado que dedicou toda a sua vida a cuidar do irmão, ao mesmo tempo em que tenta a todo custo se diferenciar dele. No decorrer dos capítulos, acompanhamos diferentes linhas do tempo na vida dos dois irmãos, sempre marcados por tragédias familiares e pelo questionamento sobre suas origens. A questão de quem é o pai dos rapazes transpassa todos os capítulos de forma misteriosa, e felizmente foge do comum.

    Aos poucos, Dominick vai se firmando como o protagonista, com um arco mais completo que o de Thomas, e a produção faz questão de acompanhar todos os acontecimentos pela perspectiva dele. Desde a infância, até a juventude na faculdade, para posteriormente a vida adulta. Ao mesmo tempo em que a série acompanha o degradar da doença de Thomas, apresenta um crescente na vida de Dominick: ele passa de culpa, para renascimento e redenção. Do conformismo de uma vida infeliz e repleta de percalços, o personagem é elucidado para finalmente ver o lado bom da vida.

    Série trata de tragédia com sutileza

    Atsushi Nishijima/HBO

    A atmosfera de desespero que permeia I Know This Much Is True é tratada com muita sutileza pelo cineasta Derek Cianfrance (Namorados Para Sempre). Responsável por dirigir e roteirizar todos os seis episódios da produção, ele traz um estilo sensível para as cenas, sem ousar muito além do plano e contra plano a fim de focar toda a atenção do espectador nos personagens em cena. Assim, os atores têm espaço para inovarem em suas performances. O roteiro de Cianfrance ainda deixa uma margem de interpretação para o público, essencial para elevar a qualidade de uma produção dramática como esta.

    Ruffalo domina cada cena em que aparece, mas ele não é o único. Kathryn Hahn entrega uma Dessa sensível, enquanto Rosie O'Donnell, conhecida por seus papéis como comediante, está excelente no papel dramático da assistente social Lisa Sheffer. Destaque ainda para a atuação de Philip Ettinger (Indignação) como a versão jovem de Dominick e Thomas e Melissa Leo como a mãe dos protagonistas.

    Atsushi Nishijima/HBO

    De fato, não é uma produção fácil de ver. E talvez não seja a série mais adequada para o momento mundial atual, frente a uma pandemia. Porém I Know This Much Is True consegue tratar de temas difíceis de forma leve, sutil e, ao mesmo tempo, chocante, sem perder a estilosa direção e excelentes atuações.

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