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    Os melhores episódios das séries de TV em 2019

    Hora de lembrar os capítulos mais marcantes que invadiram as telinhas neste ano!

    Não é fácil fazer um episódio de uma série de TV. Ele precisa ser dinâmico o suficiente para manter o espectador longe das tentadoras redes sociais por períodos de 20 a 60 minutos, em média. Ele precisa se sustentar sozinho, mas ainda despertar o interesse pelo capítulo seguinte — vide os famosos cliffhangers. Sem falar no trabalho de combinar roteiro com atuações, design de produção, visuais estéticos, direção artística e por aí vai...

    Mantendo a tradição da retrospectiva do AdoroCinema, chegou a hora de relembrar os incríveis episódios que a TV nos proporcionou esse ano. Aqui, não estamos analisando temporadas como um todo — para isso temos a lista de melhores séries. Porém, também é necessário valorizar aquelas horas capazes de brincar com as regras do audiovisual, criar momentos marcantes e trazer uma experiência satisfatória por si só.

    Confira a lista oficial do AdoroCinema com os melhores capítulos de 2019:

    20. "Such Sweet Sorrow: Part 2" (Star Trek: Discovery, 2x14)

    A segunda temporada de Star Trek: Discovery demorou a encontrar seu norte. No entanto, o ápice do novo ano foi "Such Sweet Sorrow", um capítulo duplo do final de temporada, que uniu os arcos de todos aqueles episódios que pareciam ser independentes, "procedurais", e encontrou um desfecho satisfatório para a inserção de Michael (Sonequa Martin-Green) no canon da franquia. Com um título em referência à Romeu e Julieta, o episódio retrata justamente um dos emocionantes elementos da peça de Shakespeare: o fato de que a protagonista não consegue se separar de seu amado, e diz adeus repetidamente a ele; fazendo alusão direta ao relacionamento de Michael com seu irmão Spock (Ethan Peck) e os demais membros da tripulação da Discovery.

    19. "What's Wrong With Your Chest" (Sorry For Your Loss, 2x03)

    Sorry For Your Loss é uma série que acaba esquecida em listas de melhores do ano ou premiações. O que é uma pena, pois é um relato muito vulnerável sobre o luto e a imperfeição humana. Se a história tende a ser centralizada na visão da protagonista Leigh (Elizabeth Olsen), é o episódio focado em sua mãe que ganha uma vaga aqui. Se tal série fosse exibida em alguma plataforma ou emissora maior, Janet McTeer seria indicada ao Emmy ou Globo de Ouro por retratar a espiral de desespero de sua Amy Shaw, ao perceber os erros que cometeu na criação de suas filhas — que já estão adultas e podem se virar sem a mãe controladora. Assim como os estágios de luto, ela passa por diversas fases emocionais para tentar lidar com a situação, passando por lembranças doces, até horas obcecadas por arrumação, culminando num ataque nervoso em plena reunião familiar. Trata-se de um estudo de personagem raro de se encontrar por aí, e McTeer aproveitou a chance.

    18. "A Knight of the Seven Kingdoms" (Game of Thrones, 8x02)

    Tudo bem, a gente sabe que a oitava temporada de Game of Thrones está bem longe de ser das mais brilhantes. Justamente por isso, é um tanto inesperado que algum episódio tenha sobrevivido ao corte e permanecido nessa lista, mas de longe A Knight of the Seven Kingdoms é o único que consegue retratar com eficácia a melancolia que precede um momento tão depressivo (e decisivo) quanto uma batalha. Por isso, deixar de lado a pressa para focar na vulnerabilidade daqueles que acompanhamos por oito anos foi seu grande acerto. Ah, se a temporada tivesse sido assim...

    17. "This Is Not for Tears" (Succession, 2x10)

    O episódio final da segunda temporada de Succession recompensa uma longa espera após muitas especulações a respeito de quem seria o sacrifício de sangue. Assinado por Jesse Armstrong, o episódio é ao mesmo tempo exatamente o que se espera e nada daquilo que esperamos. É a cereja em cima do bolo de uma temporada soberba.

    16. "That Halloween Night" (Undone, 1x08)

    Num ponto de vista geral, os oito episódios de Undone podem ser considerados como um filme gigante. Mas boa parte de seu impacto surge por conta do capítulo final. Se toda a narrativa se debruça na dúvida se Alma (Rosa Salazar) tem poderes ou não, "That Halloween Night" finalmente "responde" o que aconteceu com seu pai (Bob Odenkirk), ainda mantendo o mistério principal da narrativa. A finale também salpica dicas que reforçam ambas as interpretações da série, mas sua última cena reforça aquilo que foi importante na vida da protagonista: o relacionamento com a irmã, Becca (Angelique Cabral), que finalmente lhe dá forças para pedir ajuda. Ou finalmente lhe dá o pontapé necessário para começar a nova fase de sua vida. Depende do ponto de vista... E seja qual for a sua opinião sobre a jornada de Alma, o final ambíguo é um toque de esperança, te deixando com desejo de "quero mais".

    15. "Pandemonium" (The Good Place, 3x12)

    O final da 3ª temporada de The Good Place não poderia ser outra coisa senão uma decisão absurda e inesperada que coloca em xeque tudo o que achamos entender desta série. Foi assim com o fim da temporada 1 e com o fim da temporada 2, mas dessa vez nosso "time de baratas" chegou longe demais, arriscou demais, e não há muita volta. Além de perguntar se as pessoas são capazes de mudar, o episódio desafia a percepção de liderança e responsabilidade, com direito a partir o coração com a despedida entre Eleanor e Chidi. Muito bem, Michael Schur.

    14. "Episódio 5" (Sex Education, 1x05)

    Uma foto íntima vazada coloca uma garota no centro dos holofotes e a deixa completamente vulnerável. Sendo este o tema central do episódio, é neste momento que Sex Education mostra a que realmente veio. Bullying, tabus de sexo, amizade, vulnerabilidade masculina, homofobia e sororidade tomam conta da história de forma simples, acessível e racional. It's my vagina!

    13. "Wild Nights" (Dickinson, 1x03)

    O chamariz de Dickinson vai além do nome de Hailee Steinfeld. A comédia dramática se sustenta por equilibrar duas características opostas: sua ambientação antiga com recursos modernos, em diálogo e trilha sonora, por exemplo. O maior sucesso dessa iniciativa surge em seu terceiro episódio, quando os jovens da família Dickinson promovem uma festa para os amigos. Se eles escutam música clássica, o público escuta hip-hop. No lugar de álcool, surge ópio. Tem até um grupo de "mean girls" de época. O resultado é algo criativo, dando novo significado para as "loucas noites" do título. Sem falar que a narrativa de Alena Smith ainda traz doces momentos de identificação com o público, vide os problemas enfrentados por Emily (Stenfield) e Lavínia (Anna Baryshnikov) durante a celebração. Já a cena da dança é um dos melhores momentos que a TV promoveu em 2019. 

    12. "We Were Having Such a Nice Day" (You're the Worst, 5x12)

    A temporada final de You're the Worst não decepcionou na hora de entregar os desejos dos fãs, mas ainda se manteve fiel ao realismo de seu políticamente incorreto. Se o último episódio até merece entrar nessa lista, é o penúltimo que surge aqui, por justamente começar aquilo que faz o final ideal. O embate de Gretchen (Aya Cash) com a mãe é necessário, mas é o relacionamento entre Jimmy (Chris Geere) e Edgar (Desmin Borges) que rouba a cena. Inicialmente, coloca os dois amigos em diversas situações hilárias, mas o terceiro ato do capítulo bota toda a relação em risco, quando o veterano fala duras verdades para o escritor. Não somente traz uma visão fria e racional sobre o amor, como subverte as expectativas sobre o que realmente precisa ser reestruturado. Mais do que o complicado amor entre os protagonistas, era a amizade abusiva entre os dois homens que precisava de um puxão de orelha. E isso é feito de maneira brutal.

    11. "Aberfan" (The Crown, 3x03)

    A forma como The Crown utiliza passagens históricas para criar e se aprofundar em metáforas sobre a realeza britânica não é novidade, mas neste episódio 3 da 3ª temporada, a série traz um episódio quase engarrafado sobre o desabamento de uma mineradora em Aberfan, no País de Gales. A trama ganha força não apenas na angústia, mas no contraponto entre um clima soturno, expectativas, arrependimentos e o deslocamento da rainha por sua dificuldade em transmitir emoção. Acima de tudo, é um episódio que fala sobre a tentativa e o erro na ideia de sermos tudo para outras pessoas e ainda permanecermos fiéis a uma essência internalizada. Pelo viés técnico, é um deleite observar o quanto o episódio se basta, do início ao fim.

    10. "Episódio 10" (Sob Pressão, 3x10)

    O brasileiro tem que parar com essa mania de inferioridade. Se sempre tivemos talento para novelas, está na hora de admitir que nosso país sabe produzir cinema e TV. Durante anos, Sob Pressão conquista crítica e público, mas ninguém esperava que a série médica seria capaz de promover um episódio todo trabalhado em plano-sequência (3 deles, para ser mais preciso). O talento já reconhecido de Marjorie EstianoJulio Andrade (aqui também como diretor) se encontra com uma precisão técnica impecável, carregando grandes momentos de tensão, com uma narrativa intrigante. E ainda vai além do apelo estético, apresentando reviravoltas chocantes para a temporada, avançando a história de maneira dramática. Quem é Grey's Anatomy na fila do pão?

    9. "Ariadne" (Boneca Russa, 1x08)

    Boneca Russa brinca com a fórmula do Feitiço do Tempo, escapando dos clichês que tal arco normalmente traz. E a afirmação nunca foi tão verdadeira quanto em seu episódio final, onde todas as regras desse ciclo mortal são jogadas para o alto. O espectador se vê tão perdido quanto aos personagens numa situação completamente nova. Mas ao contrário de outros reboots criativos, essa não desperdiça todo o emocional construiído até então. Pelo contrário, tal sentimento é fundamental para o triunfo de Nadia (Natasha Lyonne) e Alan (Charlie Barnett), que precisam provar como realmente amadureceram e salvar outra vida além da sua. É uma saída genial, que mantém espaço para mais temporadas, ao mesmo tempo que cimenta os ensinamentos adquiridos até aqui.  

    8. "Veep" (Veep, 7x07)

    O ciclo de Veep é encerrado num quase perfeito episódio final, onde vemos que a tão desejada ascensão de Selina (Julia Louis-Dreyfus) ao cargo mais poderoso do mundo é, na verdade, sua derrocada. Mesmo após todas as terríveis coisas que a protagonista fez, ainda é possível sentir dor ao vê-la solitária no Salão Oval. Afinal até seu leal Gary foi atingido por tais consequências (com magistrais performances de Deyfrus e Tony Hale em tal momento). O curioso é ver como Mendel ainda acredita que o futuro dos EUA e, consequentemente, do mundo pode ser otimista, numa trama finalizada com uma hilária piada envolvendo Tom Hanks. Talvez nem tudo esteja perdido, mas ainda há um longo caminho a percorrer, e Veep explica tudo com acidez e emoção. 

    7. "Vichnaya Pamyat" (Chernobyl, 1x05)

    Mais do que a dramatização da história do desastre de Chernobyl, esta minissérie da HBO é um estudo sobre as fake news. A decisão de focar na investigação, no julgamento, e não necessariamente nas pessoas funciona de forma duplamente eficaz: a longo prazo, deixa escancarados todos os reflexos da tragédia, além de denunciar o descaso e o acobertamento governamentais que jamais estiveram restritos a um evento só. É a televisão cumprindo seu papel com aquele gostinho de dor que é horrível, mas é ótimo.

    6. "Parte 4" (Olhos que Condenam, 1x04)

    Jharel Jerome brilha em todos os sentidos no episódio final de Olhos que Condenam. É o seu momento, merecido e necessário, com a história de um homem que na verdade são tantos. Uma narrativa que cruza tantas outras de negros presos e condenados injustamente, que são uma ameaça simplesmente por se darem o luxo de tentarem existir. É um episódio angustiante e difícil de ser digerido, e justamente por isso não pode ser esquecido. 

    5. "This Extraordinary Being" (Watchmen, 1x06)

    Durante os cinco primeiros episódios de Watchmen, o público se viu bastante confuso e, muitas vezes, sem conseguir decifrar com clareza aquilo de que estava diante. No episódio 6, com a revelação da história sobre o Justiça Encapuzada, This Extraordinary Being traz à tona todo tipo de sentimento. A grande sacada do time liderado por Damon Lindelof ao transformar o primeiro justiceiro em um herói negro é escancarar a representação dos excluídos, ancorada em uma estratégia que costura as histórias de Will Reeves e Angela Abar em uma mesma narrativa. O episódio é não apenas catártico, como também o maior símbolo da América de 2019 tomada por um protofascismo. Mais do que qualquer outra coisa, dá ao oprimido o direito de sentir raiva da estrutura opressora. E como poderia ser diferente?

    4. "The Trial" (What We Do in the Shadows, 1x07)

    Taika Waititi, seu nome é ousadia. Ainda que não esteja à frente da produção e do roteiro de What We Do in The Shadows, seu DNA está impresso em todos os cantos desta adaptação. No incrível episódio 7, a série transcende a ficção e promove o maior crossover que não é bem um crossover de que temos notícia. Como não amar Tilda Swinton numa rodinha com Evan Rachel Wood dizendo que Robert Pattinson não compareceu porque queria deixar o passado para trás, com direito a Wesley Snipes por teleconferência porque a sua inclusão neste time só é 50% permitida? 

    3. "Shook One: Pt II" (Euphoria, 1x04)

    Honestamente, foi difícil escolher apenas um episódio de Euphoria para essa lista. A série de Sam Levinson conquistou nossa atenção usando a linguagem adolescente, cheia de cores e emoções, para abordar os mais variados temas de maneira direta. Isso rendeu momentos icônicos, desde fanfics eróticas de One Direction até uma crise renal emocional. Porém, "Shook One: Pt II" reune tudo aquilo que há de melhor no drama. É aqui que a trama encontra sua reviravolta envolvendo Jules (Hunter Schafer), Rue (Zendaya) e Nate (Jacob Elordi), ao mesmo tempo que é subvertida a figura de Cal (Eric Dane). Essa é uma aula sobre como usar um evento específico para criar um pedaço diferente de entretenimento, mas ainda avançar sua narrativa, mesmo em várias jornadas paralelas. Sem falar que, visualmente, trata-se de um espetáculo a parte, numa produção que vai muito além de maquiagens bonitas...

    2. "Episode 1" (Fleabag, 2x01)

    A primeira vez que Phoebe Waller-Bridge olha para a câmera na segunda temporada de Fleabag é o bastante para o espectador se reconectar com o clima da primeira temporada. Essa é uma história de amor, e esse é um episódio que poderia ter 3h30 e estaria tudo bem, continuaríamos naquele jantar absolutamente perfeito e constrangedor, talvez questionando nossa própria retidão sem sabermos se está tudo bem em considerar um padre tão charmoso. É difícil explicar Fleabag, é difícil explicar este episódio, mas não é difícil entender por que ele é tão brilhante e memorável. A reunião de todos os personagens principais nesta reabertura serve para inserir o público novamente na trama e nas dinâmicas, explicando sem explicar o que aconteceu neste meio tempo e com o que estamos lidando daqui para frente. Desde então, já estava claro que a história de amor era com Claire. Não vimos porque estávamos ocupados com a batina. Como era para ser. 

    1. "ronny/lily" (Barry, 2x05)

    Palavras são poucas para explicar como "ronny/lily" se destaca no meio da atual multidão de séries de TV. Definir tal episódio de Barry como somente um efeito dominó com humor de absurdo não faz jus ao seu arco dramático envolvendo a realização de Barry (Bill Hader) sobre como Fuches (Stephen Root) é tóxico em sua vida. Porém, só falar da parceria entre os dois seria uma injustiça ao talento de Jessie Giacomazzi — a garota especialista em artes marciais que rouba a cena. Isso sem contar nos desafios que o capítulo tem em ser uma narrativa praticamente funcionando em tempo real. Ou sobre a reviravolta final que traz outra camada cômica e emocional para a história. Saber carregar todas essas características, sem perder o timing, é algo precioso demais para aparecer em qualquer outro lugar dessa lista.

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